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Haddad vê inflação dentro da normalidade
Haddad participou do painel “Um caminho para a resiliência dos Mercados Emergentes”. Em seu discurso, ele abordou como a valorização do dólar pressionou a inflação no Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a inflação no patamar entre 4% e 5% está dentro da normalidade para o Plano Real. A declaração foi dada durante a conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Al-Ula, na Arábia Saudita.
“O Brasil tem feito um trabalho, tentando encontrar um caminho de equilíbrio e sustentabilidade mesmo em fase de um ajuste importante. O Brasil deixou uma inflação de dois dígitos há três anos. Hoje temos uma inflação em torno de 4% a 5%, que é uma inflação relativamente normal para o Brasil desde o Plano Real há 26 anos”, disse o ministro.
Haddad participou do painel “Um caminho para a resiliência dos Mercados Emergentes”. Em seu discurso, ele abordou como a valorização do dólar pressionou a inflação no Brasil, levando o Banco Central a adotar uma política monetária contracionista.
“Por isso o Banco Central teve de intervir para garantir que a inflação fosse controlada”, destacou. Enquanto isso, economistas do mercado financeiro voltaram a elevar suas projeções para a inflação pela oitava semana consecutiva.
Segundo os dados do último Boletim Focus, divulgados nesta pelo Banco Central (BC), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 passou de 5,58% para 5,60%. Para 2026, a projeção subiu de 4,30% para 4,35%. A estimativa para 2027 subiu de 3,90% para 4,00%, enquanto para 2028, passou de 3,78% para 3,80%.
A revisão das projeções afasta ainda mais a inflação da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% em 2025. A margem de tolerância para que ela seja considerada cumprida é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
A manutenção das expectativas acima da meta sugere que há incertezas fiscais e externas pesando nas decisões dos agentes econômicos, o que pode dificultar a convergência da inflação. No que diz respeito aos juros, a expectativa é de que a taxa básica da economia, a Selic, encerre o ano em 15%. De acordo com Haddad, a recente valorização do real frente ao dólar pode ajudar no controle dos preços e interromper o ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic. “O aumento das taxas será no curto prazo.
O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Eu acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, afirmou.
Eficácia comprometida
Mesmo com a Selic elevada, o fato de as expectativas de inflação não cederem no ritmo esperado pode indicar um misto de fatores, conforme destacou Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
“Uma resistência inflacionária estrutural, dúvidas sobre a condução da política fiscal e um possível repasse cambial, já que o dólar segue em patamar elevado”, disse, ao apontar as possíveis razões.
Segundo ele, esse cenário “compromete a eficácia dos juros altos e reforça a necessidade de uma comunicação mais clara do BC e do governo sobre a estratégia para equilibrar crescimento e controle da inflação”. “O corte de juros, que antes parecia um cenário possível para o fim do ano, pode ser postergado se essa deterioração das expectativas continuar”, avaliou.
“O mercado parece estar antecipando que a inflação pode exigir um ajuste mais incisivo e prolongado, o que pode impactar a recuperação da atividade econômica e manter o custo de capital elevado. O desafio agora é entender até que ponto esse movimento é reflexo de uma inflação persistente ou apenas uma reação temporária do mercado”, completou Lima.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, alertou ainda sobre os possíveis efeitos da taxação de importações pelos Estados Unidos. “Esse ambiente de instabilidade reforça a necessidade de uma comunicação clara das autoridades econômicas e de medidas que tragam previsibilidade para o mercado. Ainda não sabemos os efeitos reais das políticas tarifárias de Trump, mas acredito que ainda devemos sentir”, ponderou.
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