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Trump avalia se juntar a Israel na guerra contra o Irã e mobiliza aviões militares

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Nos últimos três dias, pelo menos 30 aviões-tanque militares dos EUA — usados ??para reabastecer caças e bombardeiros — foram levados para a Europa.

O conflito entre Israel e Irã entrou no sexto dia, com lançamento de mísseis entre os dois países e mais de 240 mortos.

Diante da escalada da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está avaliando participar de ataques israelenses contra instalações nucleares iranianas, de acordo com cinco fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela CBS News, parceira da BBC nos EUA.

Não há consenso total sobre isso entre os assessores mais próximos de Trump, acrescentaram fontes da CBS. Mas, nos últimos três dias, pelo menos 30 aviões-tanque militares dos EUA — usados ??para reabastecer caças e bombardeiros — foram levados para a Europa.

A possível entrada dos EUA no conflito foi discutida em uma reunião de emergência na Casa Branca nesta terça-feira (17/06), que durou 1h20.

Na madrugada de quarta-feira (18/06, em horário local), Israel atacou a Universidade Imam Hossein, na periferia leste de Teerã, e a unidade de produção de mísseis de Khojir, perto da capital iraniana, segundo a agência de notícias Reuters.

A unidade é considerada importante para a infraestrutura de mísseis balísticos do Irã e já foi alvo de ataques israelenses, em outubro passado. Sobre a universidade, acredita-se que ela seja afiliada à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.

Enquanto isso, o Irã lançou seus mísseis Fattah-1 em direção a Israel, de acordo com veículos da imprensa iraniana alinhados ao regime, como a Mehr e a Press TV.

Fumaça sobe após um ataque israelense ao edifício da IRIB, a emissora estatal do país, em Teerã, Irã, em 16 de junho de 2025
Israel atacou o edifício da IRIB, a emissora estatal do Irã, em Teerã

Trump cobra ‘rendição total’

A possível participação dos EUA no conflito, para auxiliar na destruição de instalações nucleares iranianas, já havia sido discutida na segunda (16/06), em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Um alvo potencial seria uma unidade de enriquecimento de urânio em Fordo — só os americanos têm uma bomba capaz de destruí-la, explica jornalista da BBC Jake Kwon.

Trump encurtou sua visita à cúpula do G7, no Canadá, para voltar na segunda-feira (16/06) aos EUA e tratar da crise no Oriente Médio.

O presidente americano deu declarações a jornalistas logo após a decolagem do Air Force One do Canadá. Ele afirmou que não estava retornando a Washington apenas para mediar um cessar-fogo entre Irã e Israel — ele queria mais do que isso.

Segundo ele, buscava “algo melhor que um cessar-fogo”.

Quando pressionado a explicar o que isso significava, manteve-se vago: disse querer “um fim real”, que poderia incluir “uma rendição completa” por parte do Irã.

Trump reiterou que o país persa precisaria abandonar totalmente seu programa nuclear.

Apesar disso, reconheceu que isso exigiria novas negociações — algo para o qual, segundo suas próprias palavras, ele “não está muito disposto no momento”.

O republicano voltou a criticar Teerã por não ter aceitado o acordo que ele teria proposto antes dos ataques israelenses começarem.

“Sabemos exatamente onde o assim chamado ‘Líder Supremo’ está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro ali — não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos por enquanto”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social, na terça.

Trump subindo escadas de avião
Trump deixou o encontro do G7 no Canadá para lidar com a crise no Oriente Médio

O jornalista Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, analisa que os EUA poderiam tentar acelerar um desfecho para o conflito, acreditando que Israel está vencendo a guerra contra o Irã.

Por exemplo, fornecendo a Israel bombas de alta potência capazes de destruir bunkers, para atingir instalações nucleares iranianas, ou ordenando ataques com aviões americanos.

No entanto, o presidente americano não deu nenhuma indicação de que essa possibilidade esteja sendo considerada — e uma escalada como essa poderia desestabilizar ainda mais a região.

Enquanto isso, Ghoncheh Habibiazad, repórter da BBC que está no Irã, relata que “mais e mais pessoas” estão tentando deixar a capital iraniana, mas há muito congestionamento — e as pessoas estão exaustas.

“Muitos com quem conversei, que conseguiram escapar de Teerã, estão preocupados com amigos e familiares que não conseguiram fazer as malas e partir”, relata Habibiazad.

Na noite de segunda-feira, Trump escreveu na Truth Social: “Todos devem evacuar Teerã imediatamente!”

Dados divulgados por ambos os governos até a manhã dessa terça-feira mostram que o conflito entre Israel e Irã deixou pelo menos 248 pessoas mortas, 224 no Irã e 24 em Israel.

Mapa mostra ataques confirmados no Irã e em Israel
Mapa mostra ataques confirmados em Teerã

Já a organização sem fins lucrativos Human Rights Activists in Iran (HRANA) tem monitorado as vítimas desde o início dos bombardeios e contabiliza 452 mortos e 646 feridos no Irã.

Segundo a HRANA, 224 civis foram mortos e 188 ficaram feridos. Além disso, 109 militares foram mortos e 123 ficaram feridos, segundo a entidade. Há ainda 119 pessoas mortas e 335 feridas que ainda não foram identificadas.

As restrições no país dificultam a atuação rotineira de jornalistas, o que torna difícil verificar o número real de vítimas no conflito até o momento.

Vista de um edifício residencial danificado no local atingido por mísseis balísticos iranianos na noite de 16 de junho, em Tel Aviv, Israel, 17 de junho de 2025.
Exército de Israel anunciou que sirenes soaram em várias regiões do país após o lançamento de mísseis do Irã em direção a Israel

Na segunda-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Effie Defrin, afirmou que Israel “enfrenta ameaças em várias frentes”.

“Enquanto trabalhamos para eliminar ameaças vindas do Irã, ainda estamos combatendo o grupo aliado deles, o Hamas, em Gaza”, adisse,

Ele diz que o Hamas ainda mantém 53 reféns “em condições brutais”.

“Não vamos descansar até que todos sejam trazidos de volta para casa”, conclui o porta-voz.

Mais cedo, ele havia afirmado que o país “assumiu controle aéreo total sobre Teerã”.

“Destruímos um terço dos lançadores de mísseis superfície-superfície do regime iraniano.”

“Estamos a caminho de alcançar nossos dois objetivos: eliminar a ameaça nuclear e eliminar a ameaça dos mísseis”, afirmou, em seguida, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, afirmou que a mudança de regime no Irã não é o objetivo da ação militar das Forças de Defesa de Israel (IDF). Pode até ser uma consequência, mas não é o objetivo, segundo ele.

As declarações foram feitas durante uma visita à cidade israelense de Rishon Lezion, no centro do país, que foi atingida por ataques iranianos.

Sa’ar disse aos repórteres que Israel tem três objetivos principais: “Antes de tudo, danificar severamente o programa nuclear [do Irã] — ainda não terminamos com isso.”

Ele afirma que o segundo objetivo de Israel é “danificar severamente o programa de mísseis balísticos do regime iraniano” e, por fim, “danificar severamente o plano de eliminação do Estado de Israel”.

Mapa mostra sistema de defesa aérea de Israel

O embaixador iraniano nas Nações Unidas (ONU), Amir Saeid Iravani, afirmou por sua vez que o Irã tem o direito à autodefesa e conduziu “operações defensivas proporcionais” aos ataques israelenses.

Mais cedo, Netanyahu tentou diferenciar os ataques israelenses dos iranianos, afirmando que Israel tinha como alvo ameaças nucleares e armamento com mísseis, enquanto o Irã teria como alvo civis.

Iravani rebateu.

“O Irã, em conformidade com o princípio da proporcionalidade, tomou medidas adicionais visando infraestruturas específicas em Israel como alvos legítimos que materialmente apoiaram sua ofensiva em andamento”, afirmou ele em carta ao Conselho de Segurança da ONU.

O embaixador também acusou Israel de atacar civis e infraestrutura civil.

Fogo e fumaça em fábrica
Indústria atingida por ataque com mísseis iraniano em Haifa, Israel

As hostilidades começaram na sexta-feira (13/06, em horário local) com um amplo ataque israelense contra alvos nucleares e comandantes militares do Irã.

Na ocasião, autoridades israelenses argumentaram que o Irã estava avançando com seu plano de transformar urânio enriquecido em arma nuclear, o que seria um “perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel”.

O repórter Hugo Bachega, correspondente da BBC no Oriente Médio, reportando de Jerusalém, afirma não haver sinais de desescalada ou de esforços diplomáticos no conflito entre Israel e Irã.

A morte de Ali Shadmani, que havia sido promovido a chefe do Estado-Maior no Irã após a morte de seu antecessor na semana passada, é mais um indicativo da inteligência que Israel tem reunido sobre autoridades-chave do Irã, diz Bachega.

“Um grande número de pessoas está fugindo de Teerã em meio ao temor de novos ataques”, afirma.

Bandeiras de Irã em frente a prédios em chamas
Irã segue sendo alvo de ataques de Israel

Acordo nuclear frustrado

Fumaça sobre prédios
Fumaça após o que o Irã disse ter sido um ataque israelense a depósito de petróleo em Teerã

O presidente dos EUA, Donald Trump, abreviou sua presença na cúpula do G7 por conta da crise.

“Devido ao que está acontecendo no Oriente Médio, o presidente Trump partirá hoje à noite, após o jantar com os chefes de Estado”, escreveu na segunda-feira a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, na rede social X.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que, durante o encontro no Canadá, o americano disse que estão acontecendo conversas para um cessar-fogo entre Israel e Irã.

Trump, escreveu horas antes, em suas redes sociais, que o Irã deveria ter assinado um acordo nuclear apresentado na rodada mais recente de negociações entre EUA e Irã.

Uma nova rodada de negociação estava prevista para o domingo (15) — mas, em meio aos ataques, foi cancelada.

“Em poucas palavras, o IRÃ NÃO PODE TER UMA ARMA NUCLEAR”, escreveu Trump na Truth Social.

A mídia americana noticiou que Trump rejeitou um plano israelense para assassinar o aiatolá Ali Khamenei.

Trump teria dito a Netanyahu que assassinar Khamenei “não é uma boa ideia”, segundo uma autoridade citada pela rede americana CBS.

O presidente não comentou publicamente a notícia. Netanyahu não confirmou, nem negou.

Trump posando para foto, em pé, com feição séria
Presença de Trump na cúpula do G7 no Canadá foi encurtada por crise no Oriente Médio

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghai, afirmou que, após o cancelamento das negociações nucleares entre EUA e Irã, os americanos precisam “condenar” os ataques israelenses contra o Irã para que as negociações continuem.

Baghai disse que as negociações são “sem sentido” na situação atual e acusou os EUA de serem “cúmplices” dos ataques israelenses.

O conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fez uma sessão de emergência nesta segunda-feira para discutir as repercussões dos ataques militares israelenses às instalações nucleares iranianas.

Na reunião, a AIEA afirmou que está acompanhando a situação atentamente e em tempo integral.

“Pela segunda vez em três anos, estamos testemunhando um conflito dramático entre dois Estados-membros da AIEA, no qual instalações nucleares estão sendo atacadas e a segurança nuclear está sendo comprometida”, afirmou Rafael Mariano Grossi, diretor da agência.

A AIEA “não ficará de braços cruzados durante este conflito”, acrescentou Grossi, pedindo por uma saída diplomática.

“Continuarei minha comunicação constante com as partes em conflito para buscar a maneira mais adequada de fazer isso acontecer”, colocou.

A China fez um apelo a Israel e Irã para que tomem medidas para reduzir a tensão, enquanto os ataques de ambos os lados continuam.

“Instamos todas as partes a tomarem medidas imediatas para acalmar as tensões, evitar que a região mergulhe em uma turbulência ainda maior e criar condições para retornar ao caminho certo de resolução de problemas por meio do diálogo e das negociações”, disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, na segunda-feira.

Os comentários foram feitos após outro porta-voz do governo chinês ter afirmado no domingo que “a China está disposta a desempenhar um papel construtivo no processo” de redução da tensão.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou ter dito ao premiê israelense no domingo que a diplomacia seria, em última análise, a melhor opção para lidar com o Irã, mas não chegou a pedir um cessar-fogo imediato.

Von der Leyen afirmou concordar com Netanyahu, em um telefonema, que “o Irã não deveria ter uma arma nuclear”.

Von der Leyen já havia criticado as ações de Israel em Gaza, mas afirmou que o descumprimento do Irã de tratados nucleares faz com que Israel tenha “o direito de se defender”.

“O Irã é a principal fonte de instabilidade regional”, disse a líder europeia.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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