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Mais de 1,1 milhão de brasilienses estão endividados, segundo estudo

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Uma pesquisa da Serasa Experian mostra que o número de inadimplentes no Distrito Federal está mais alto em 2022. Especialistas apontam o reaquecimento dos produtos e serviços como as principais causas do cenário

Juros e alta nos preços de itens básicos, como alimentos, contribuem para corroer a renda familiar – (crédito: Ed Alves/CB)

Moradores do Distrito Federal estão passando por perrengues na hora de fechar as contas do mês. De janeiro a maio deste ano, pouco mais de 1,1 milhão de residentes da capital do país estão inadimplentes, de acordo com um estudo da Serasa Experian. O valor médio da dívida de cada brasiliense está em R$ 6.047,37, segundo o levantamento — feito desde 2019. A quantidade representa quase metade da população economicamente ativa atual do DF, destaca o coordenador de graduação em economia, gestão pública e financeira do Centro Universitário Iesb, Riezo Silva.

Para o especialista, juntos, o aumento dos preços dos alimentos, combustíveis e da taxa de juro, pode justificar o cenário atual. “Soma-se a isso, o desemprego e o aumento da inflação, ambos agravados pela pandemia da covid-19. Essa alta dos preços, sem o aumento da renda, gera um maior endividamento das famílias”, esclarece. “Em geral, as principais dívidas são com cartão de crédito e bancos, além de contas básicas de luz e água, que tiveram um grande aumento nos últimos meses”, enumera Riezo.

Em relação aos dados divulgados pelo Serasa, Riezo Silva explica que a redução da quantidade de inadimplentes e do valor da dívida, de 2020 (1,08 milhão e R$ 5,89 mil) para 2021 (1,03 milhão e R$ 5,81 mil), se dá pelo fato de muitos produtos e serviços não estarem sendo ofertados em sua plenitude, por causa da pandemia. “É o caso de itens ligados a automóveis. Além disso, os preços educacionais baixaram, por causa do ensino a distância. Essa dinâmica retraiu um pouco os gastos da população do DF”, observa.

O professor conclui que o aumento ocorrido nos cinco primeiros meses deste ano, está ligado ao reaquecimento do mercado. “Com isso, alguns serviços que estavam sem serem ofertados retomaram, com o desejo da população em tirar projetos do papel, como mudanças de imóvel ou construção e reformas. Isso acarreta em um aumento do endividamento, e esse movimento de mudança no consumo continuará no segundo semestre”, frisa Riezo.

Frustração

O Correio buscou histórias de pessoas que se endividaram e não conseguiram se livrar do débito. Uma moradora de Samambaia Sul, que não quis se identificar, conta como acabou entrando na lista dos inadimplentes. “Tudo começou com um empréstimo, feito em 2014, para pagar uma dívida de R$ 1,5 mil, que estava no nome da minha mãe”, relata. A mulher pegou o valor emprestado, pois não queria sujar o nome dela. “Foi passando o tempo e acabei esquecendo de pagar. Quando percebi, estava sem emprego e não conseguia mais quitar o empréstimo”, comenta.

Dois anos depois, foi a vez do cartão de crédito atrapalhar, mais ainda, a vida da moradora de Samambaia. “Comprei, por impulso, um celular caro. Na época, estava precisando de um. Estava em um emprego estável, que pagava bem. Porém, aconteceram alguns imprevistos, perdi o trabalho, a dívida foi se acumulando e, devido aos juros, ela acabou ficando muito alta e não consegui mais pagar. Atualmente, estou devendo cerca de R$ 5 mil, somando as duas situações. Fico chateada quando preciso de algo e não consigo, por ter o nome sujo. Já tentei tirar um carro e dar entrada em um apartamento, por exemplo”, conclui.

Fonte: Correio Braziliense

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Jornalista

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