“Estamos com uma epidemia de hérnia de disco”, alerta especialista em dor
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que oito em cada 10 pessoas no mundo têm hérnia de disco. Os tratamentos e as principais causas para desenvolver a condição física foram tema do CB.Saúde — parceria entre Correio e TV Brasília — dessa quinta-feira (18/1), que teve como convidado Marcos André Frasson, médico especializado em dores agudas e crônicas da clínica Acolhedor. Na entrevista à jornalista Carmen Souza, o especialista destacou que esse problema não atinge apenas as pessoas idosas. Os jovens têm buscado tratamento com mais frequência do que no passado.
Por que tantas pessoas têm hérnia de disco?
Estamos sofrendo uma epidemia. A hérnia de disco acontece quando temos algum problema nos amortecedores dos ossos da coluna. Quando duas vértebras espremem, de alguma forma, esse amortecedor pode sair e fazer o mesmo com os nervos da coluna. Isso pode acontecer por várias razões. Principalmente para pacientes que não têm um condicionamento físico adequado, que fazem esforços muito grandes, que têm alguma especificidade laboral e, durante o trabalho, pegam muito peso, além daqueles que fazem uma postura errada para pegar peso ou trabalham com algumas posições repetitivas da coluna.
A dor relacionada à hérnia é evidente. Há sinais ou algumas complicações anteriores que podem indicar que os amortecedores estão com problema?
Sim. Nos estudos, geralmente têm sinais de alerta, e existem as bandeiras amarelas e as vermelhas. É claro que a dor é um sinal de alerta. Muitas vezes, o paciente pode apresentar uma hérnia e esse disco romper de alguma forma, ocasionando uma dor muito grande. Muitas vezes, esse desconforto pode não ser presente e a pessoa pode apresentar dormência na perna e no braço ou de algum membro. A perda da força, do controle da urina e das fezes são sinais muito graves. A maioria deles não é tão grave assim.
O governo federal fez um levantamento que mostrou que a hérnia de disco foi a principal causa de afastamento temporário do trabalho. No ano passado, houve um aumento de 68% em relação a 2022. O que está acontecendo?
Fomos feitos para ficar em movimento e, durante a pandemia, a população foi obrigada a ficar em casa. Muitas atividades que faziam o corpo humano ficar saudável não eram praticadas. Isso contribuiu bastante. Tabagismo, além de obesidade, problemas cervicais e as várias horas que passam usando o celular. É interessante ficar alerta em relação às atividades físicas não monitorizadas. Principalmente a camada jovem, que não tem o costume de praticar esportes, e exige muito do corpo, podendo causar esses problemas, caso não tenha um preparo adequado para fazer isso.
Problema na coluna é doença de pessoas mais velhas? Ou tem se democratizado mais?
É um problema bem democrático. Tradicionalmente, é algo para pessoas mais idosas — de 60, 70 e 80 anos são a grande parte dos pacientes que atendo. Mas a quantidade de jovens com essa queixa tem aumentado muito, principalmente jovens com obesidade, sedentarismo e com sintomas psiquiátricos.
Como funcionam os tratamentos?
Antigamente, o paciente era tratado de forma protocolar. Ele se afastava e tomava anti-inflamatório. Com o surgimento da fisioterapia, era feito o afastamento, medicação e fisioterapias até a chegada da cirurgia. Hoje, é feito o tratamento multimodal, usamos várias estratégias ao mesmo tempo, ou seja, não é só medicação. Orientamos fazer fisioterapia. Caso haja queixas psicológicas, encaminhamos para o psicólogo. Se precisar colocar medicação em alguma estrutura que está doente, fazemos. Tudo para que ele melhore mais rápido e essa dor não vire crônica. Esse é o nosso grande desafio, não deixar a dor aguda (de até três meses) virar dor crônica… Hoje, existem medicamentos antidepressivos que não têm nada a ver com depressão, mas ajudam no combate à dor; anticonvulsivantes que não têm ligação com convulsão, mas ajudam no combate ao incômodo.
Criança também tem dor crônica? É uma situação recorrente?
Muito recorrente, não tanto quanto em adultos, mas temos algumas populações de pacientes pediátricos com doenças hematológicas e oncológicas. E vivemos uma epidemia de crianças que estão com problemas crônicos no pescoço por conta do mau uso ou do excesso do celular. Provavelmente, daqui a 20 ou 30 anos, teremos um exército de adultos com dores cervicais, pelo uso de tela na infância.
Com informações do Correio Braziliense
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