Comércio sente efeitos da dengue e entidades mostram preocupação
O avanço da dengue no Distrito Federal preocupa o comércio. Especialistas e empresários do setor ouvidos pelo Correio apontam prejuízos, não só na saúde dos funcionários, mas financeiros, por causa dos atestados que levam a desfalques nas equipes e fazem com que os lucros caiam.
Economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo afirma que a epidemia causada pelo Aedes aegypti atinge, de forma diversa e decisiva, tanto os ganhos do setor público como (e principalmente) os do privado. “No âmbito público, há um aumento dos gastos com o serviço médico, sobretudo, em razão da sobrecarga no atendimento nas unidades de saúde e com medidas urgentes no campo sanitário”, avalia.
“Já o privado é afetado fortemente em função dos afastamentos do trabalho e da queda de produtividade dos empregados. Em média, cada trabalhador contaminado pela dengue fica afastado por, no mínimo, seis dias”, acrescenta o especialista. Para ele, as consequências são imprevisíveis na área comercial. “Isso porque, além dos custos indiretos, também há uma queda no consumo das famílias com efeitos, também, nas atividades do segmento de serviços”, aponta.
Prejuízos
A empresária Luana Pessoa, 35 anos, teve perdas por causa da doença. Dona de uma livraria com cafeteria, na Asa Norte, ela conta que, na última semana, o funcionamento do café foi interrompido. “Somos um negócio pequeno e temos apenas um barista que, infelizmente, teve dengue. Ele estava com os sintomas desde domingo e, na terça, testou positivo”, comenta.
Pelo fato de a empresa ser pequena e contar somente com cinco funcionários, a baixa afetou diretamente a loja. “Não temos substitutos para esses colaboradores e, com a interrupção da cafeteria, o movimento diminuiu significativamente porque os clientes querem consumir nos dois ambientes, café e livraria”, lamenta Luana. “Estamos cuidando sempre das plantas que temos, para não deixar água acumulada, e disponibilizando repelente para os funcionários”, acrescenta a empresária a respeito de medidas para evitar males maiores a seu negócio.
Dono de uma empresa de carros por aplicativo no Gama, Manassés da Silva Borges, 47, também teve problemas com o Aedes aegypti. “Primeiro foi uma funcionária que ficou muito debilitada com a dengue. Logo em seguida, uma outra também apresentou os sintomas. Por fim, mais uma teve dengue hemorrágica”, detalha. “Foi muito difícil, até pelo lado financeiro, porque, quando uma funcionária fica de atestado, a gente precisa correr para arrumar substituta. Por isso, acabei entrando em dívidas”, lamenta.
Ele disse que suas assistentes estão se recuperando e retornando aos poucos para o trabalho. “Creio que coisas melhores virão”, acredita. Mesmo assim, Borges ainda se preocupa. “O problema é que, com a situação, da forma que está, a gente fica preocupado com os outros funcionários”, desabafa. “Passei a disponibilizar repelente para todos e também estou utilizando dispositivo elétrico, para evitar que mosquitos fiquem no ambiente de trabalho”, afirma.
União
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire ressalta que os atestados têm afetado bastante o comércio. “São muitos e as empresas também acabam prejudicadas. A Fecomércio está muito preocupada com essa situação”, observa.
Para ele, a preocupação é maior ainda, devido ao pico da doença estar longe de chegar. “Teoricamente, a dengue avança muito entre o final de fevereiro e o início de março. O que temos de fazer é juntar empresários, serviço público e população, ajudando uns aos outros, para que possamos superar esses casos de dengue e voltar à normalidade o mais rápido possível”, aponta Freire.
Com informações do Correio Braziliense
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