Desemprego assusta setor de eventos no DF, mostra reportagem
O setor de eventos vive dias tensos com a Medida Provisória 1.202/2023, que extingue o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Os impactos da MP também são altos para o Distrito Federal. Caso o programa não tivesse existido entre maio de 2021 e novembro de 2023, R$ 14 bilhões teriam deixado de circular na economia do DF neste período.
Os dados foram repassados com exclusividade ao Jornal de Brasília pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No Brasil todo, o fim do Perse causaria um prejuízo de até R$ 244 bilhões por ano na economia nacional.
No último dia 7, o setor de eventos lançou o Manifesto em Defesa do Perse, o qual contou com a assinatura de 305 parlamentares, dentre eles 270 deputados e 35 senadores. O documento pede que o programa seja mantido, e que a MP não seja aprovada no Congresso Nacional. Nos próximos dias o manifesto será entregue aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Ao Jornal de Brasília, o consultor do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, na capital, Marcos Cumagai, falou sobre o cenário atual do setor e das consequências da MP, em especial para Brasília.
“O setor de eventos está se recuperando. O ano de 2023 demonstrou a nossa capacidade de se recuperar. Se o programa for extinto, existe a possibilidade de se tirar um montante significativo da economia do DF”, disse.
“O fim do Perse vai onerar novamente folha de pagamento, então vai gerar ônus e provavelmente empresas terão que reduzir novamente o quadro profissional, sendo que essas empresas estavam se recuperando. Com a Medida Provisória, Brasília perde competitividade perante estados mais populosos e com mais tradição nos eventos corporativos. Brasília estava avançando. Em 2023, as 270 atividades econômicas que estão ligadas direta e indiretamente ao setor de eventos trabalharam muito bem, até com dificuldades de encontrar profissionais para fazer frente aos vários projetos que ocorreram no DF”, completou Cumagai.
Em nota, à reportagem, o Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) destacou que o setor de eventos foi um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19. “Enquanto restaurantes, shoppings, centros de beleza, escolas entre outros setores puderam retomar as atividades, assistimos empresas do segmento fechando as portas e ficamos de mãos atadas diante do aumento do desemprego dos milhares de trabalhadores que têm os eventos como única fonte de renda”, cita.
Segundo o setor, grande parte dos eventos fechados entre 2018 e 2020 tiveram suas datas realocadas e somente puderam acontecer entre 2022 e 2023. “Se faz necessário o comprometimento do governo com o setor que ainda está caminhando para se reerguer, porque as dívidas acumuladas em 2 anos não somem porque o setor voltou a rodar”, finaliza a nota.
Expectativa
Para o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido, o fim do Perse resultaria no aumento de desemprego na capital: “São 17 setores impactados com essa medida. Os setores de eventos e turismo foram os primeiros a fechar na pandemia e os últimos a reabrirem, então essas empresas ainda têm muitas dívidas oriundas da pandemia”.
“Já tem muitos eventos programados para este ano, e se o Perse vier a ser cancelado essas empresas certamente vão fechar e gerar muito desemprego no DF e no Brasil. E vale destacar que os setores de eventos, bares e restaurantes e turismo são os que mais empregam”, completou.
A expectativa é boa para que o Congresso derrube a MP, segundo Marcos Cumagai: “O setor se organizou, e nós tivemos várias reuniões setoriais com outros centros de convenções e profissionais de eventos e hotelaria e isso nos trouxe um otimismo de que a MP não avançará no Congresso. Estamos otimistas também pela receptividade que o Congresso está demonstrando junto a este setor que sofreu bastante por conta da pandemia. O setor está organizado com um único objetivo e consciente dos motivos que levam à importância da continuidade do Perse, levando em conta a sua importância estratégica para o turismo do Brasil”.
Na mesma linha de pensamento está José Aparecido: “Nós entendemos que essa MP deve ser rejeitada pelo Congresso. Desde 2021 se discute o Perese, e houve uma votação tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal que aprovou o programa. Os mesmos parlamentares que aprovaram o Perse são os que vão votar contra o fim do programa”.
Com informações do Jornal de Brasília
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