Mais de 470 mil alunos voltam às aulas na rede pública hoje (19/2)
As aulas na rede pública do Distrito Federal começam, nesta segunda-feira (19/2), para mais de 470 mil estudantes nas 835 unidades de ensino. A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, informou ao Correio que as escolas passaram por vistorias epidemiológicas no combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, e que os professores terão autonomia para orientar os alunos em relação aos cuidados.
Para este ano, uma das prioridades da Secretaria de Educação (SEEDF) serão 46 obras de escolas em andamento, com previsão de entrega até dezembro. Destas, 18 são creches. “Até o meio do ano, devemos entregar 10 creches, e vamos abrir a de Santa Maria no início do ano letivo, e uma Escola Classe no Itapoã na primeira semana de aula”, adiantou Hélvia.
Desde o início do mês, mais de 20 mil professores estiveram em reuniões sobre o ano letivo, assim como os gestores eleitos em 2023 para o mandato de quatro anos, que receberam instruções sobre os aspectos administrativos e sobre as responsabilidades da função. Além disso, receberam informações sobre como orientar os estudantes em relação à epidemia de dengue.
Combate ao Aedes
Neste ano, as secretarias de Educação e de Saúde vão atuar em parceria no enfrentamento do mosquito da dengue, por meio de ações de conscientização e vigilância sanitária. Com o intuito de eliminar os focos do Aedes aegypti, aproximadamente 90 escolas, foram inspecionadas antes do início do semestre. Até o fim de março, todas as 835 escolas deverão passar por vistorias epidemiológicas. Em relação ao aspecto pedagógico, a orientação terá como base o projeto Todos contra a dengue, disponível no site da pasta em forma de cartilha.
Como prevenção ao mosquito no Centro de Ensino Médio 01 (CEM 01) de Planaltina, a diretora da unidade, Andreia Cristina, 45, contou que, na semana passada, houve corte do mato alto, limpeza de telhas e calhas. “Limpamos tudo que é tipo de objeto da escola, que tem 20 mil m². Vamos pedir aos alunos que passem repelente antes de vir para a escola. Se algum deles tiver sintomas, orientamos que vá a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, antecipa a educadora.
Com mil estudantes, juntando os turnos manhã, tarde e noite, o CEM 1, conhecido como Centrão, terá aulas sobre os cuidados contra a dengue. “A SEEDF pediu que orientássemos os alunos. Então, vamos sugerir também que usem calça jeans e sapato fechado, mas claro que não é obrigatório. A gente está vivendo um dia de cada vez. Demoramos para ter uma vacina de dengue. Espero que, daqui para frente, todos possamos estar vacinados. Peço que todo mundo da escola cuide do quintal de sua casa e das vasilhas, pois podem vir já infectados”, complementa Andreia.
No Plano Piloto, a cautela também existe. A autônoma Marlúcia Brandão, 45, está preocupada com o filho, Breno Brandão, 16, que vai cursar a 2ª série do ensino médio no CEM Setor Oeste (CEMSO), na Asa Sul. Segundo ela, nos fundos da escola tem um clube abandonado da Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do Distrito Federal (Asefe/Cedec). “Vou orientá-lo a usar o repelente e, de preferência, cobrir o corpo praticamente todo, deixar poucas partes de fora. Sei que nos fundos tem esse clube abandonado e lá pode existir focos desse mosquito tão terrível”, diz Marlúcia.
Os irmãos Yamila Miranda, 17, 3ª série; e Yarley Miranda de Araújo, 15, que vai cursar a 1ª série no CEMSO, estão sob os cuidados constantes dos pais para a volta às aulas, com uso de repelente em casa e na rua, limpeza de vasilhas de plantas e de pneus na frente de casa, no Lago Norte. Yamila, por exemplo, teve duas amigas diagnosticadas com dengue. “Estou tomando todos os cuidados, passando repelente constantemente, utilizando roupas que não deixam muito a pele exposta, e aproveitando para usar casaco quando estiver frio”, conta.
A jovem se diz muito feliz pelo retorno às aulas, porém, confessa angústia por ter chegado ao fim da educação básica. “Paro para pensar que vai ter vestibular, Enem, e isso me deixa um pouco com o pé atrás, até porque me pressiono também. Mas estou feliz por rever as minhas amigas e aproveitar o terceirão”, completa a jovem.
Sobre o quadro de professores, Hélvia Paranaguá garantiu que nenhuma turma ficará sem aula por falta de docente. “A estimativa é de que 14 mil professores temporários serão chamados. Eles entram em exercício no primeiro dia de aula pelo programa Carência Zero, e sabem para qual escola foram convocados. Os 776 aprovados no último concurso já estão nas escolas. Pretendemos chamar mais do cadastro reserva, que tem 3,2 mil profissionais”, afirmou.
Antes do início do ano letivo de 2024, houve, ainda, um treinamento para todos os 2.523 merendeiros da rede pública. A capacitação foi organizada em parceria com a Empresa G&E, responsável pela contratação dos profissionais que atuam nas cozinhas das unidades escolares públicas do DF. Segundo a pasta, em 2023, foram produzidas e distribuídas 97,6 milhões de refeições nas escolas públicas do DF. Todos os dias são servidas cerca de 578 mil. Para este ano, a secretária de Educação disse que houve um atraso de cinco dias na entrega do arroz para as escolas, mas o problema foi solucionado. Em nota, a secretaria reconheceu que o óleo também está em falta, mas avisou que o pregão para aquisição está programado para abrir hoje e a previsão é de que o produto esteja disponível para entrega a partir de março de 2024. A pasta também trabalha em outras frentes, como a compra de alimentos orgânicos da agricultura familiar, com contrato vigente.
Outra preocupação para o início do ano letivo, o transporte escolar, segundo Hélvia Paranaguá, está tranquilo para o atendimento a cerca de 73 mil estudantes, desde o primeiro dia de aula. “Temos 72.338 cadastrados, mas esse número pode mudar, porque mudam de cidade e saem de uma casa e vão para outra em área rural. A gente tem 946 veículos da nossa frota e da TCB. A nossa frota própria tem cerca de 100 ônibus. Toda a área rural é coberta, e quase todas as regiões têm”, explicou.
Na sexta-feira passada, o governo liberou o pagamento do segundo lote do Cartão Material Escolar (CME). Ao todo, nesta leva, 25.775 estudantes de 22.668 famílias foram beneficiados com o pagamento, que poderá ser utilizado em 339 papelarias credenciadas. O primeiro lote, pago no início deste mês, contemplou 93.512 beneficiários que já utilizavam o cartão.
Expectativas
Com diversos planos para o ano letivo, Maria Luiza Reis Bezerra, 17, vai cursar a 3ª série do ensino médio no Centro de Ensino Médio 01 (CEM 1) de Planaltina e quer aproveitar o começo do ano para focar em algumas matérias que podem complementar os estudos para dois concursos públicos no primeiro semestre: o do Concurso Nacional Unificado (CNU) e da Caixa. “Tenho muito incentivo dos meus pais, do meu tio, que é concurseiro, e dos professores, que ficaram pasmos em saber que já quero fazer concurso. Acho que não terei dificuldade em fazer as provas; consigo lidar muito bem com a matemática e o português”, reconheceu.
Por meio de uma plataforma on-line de cursinho preparatório, ela também irá fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Programa de Avaliação Seriada (PAS). “Se eu conseguir passar em um desses concursos, quero ter estabilidade para fazer a faculdade de agronomia. Não fica barato estudar, os livros são caros. Vou aproveitar para rever meus amigos também”, ressaltou a jovem.
Para acompanhar a preparação da filha na escola, a mãe, Fabíola Lopes da Rocha Reis, 43, elogiou a transparência da direção do Centrão em informar o rendimento da aluna, manter a segurança dos discentes e incentivar o desenvolvimento deles, com exigência de estudos por parte dos professores. “Sou uma mãe que levo e busco na porta da escola, porque tinha receio de histórias de insegurança. Foi uma surpresa agradável, porque a escola aceita ter vínculo com os pais e ser questionada. Participamos do conselho da unidade, e aceitam ouvir propostas”, detalhou a moradora da região.
Hélvia Paranaguá, secretária de Educação do DF
Para o ano letivo de 2024, qual orientação foi dada aos professores?
Os professores realizaram minicursos voltados para questões pedagógicas, mas estamos tendo todo um trabalho com os docentes para que tenham autonomia para aplicar os projetos que já têm. E há toda uma orientação para que se trabalhe pedagogicamente a prevenção à proliferação do mosquito da dengue. Vamos trabalhar tudo isso nas escolas.
O DF terá construção de mais escolas. Serão quantas obras? Há datas previstas?
O DF não para de crescer, e temos que avançar na questão de novas escolas, principalmente nas áreas para onde há mais pessoas se mudando, que é o caso do Sol Nascente, Itapoã, Água Quente, e o Guará, ligado à Estrutural. Estamos com 46 obras — e 18 são creches — que vamos entregar ainda este ano. Até o meio do ano, devemos entregar 10 creches, e vamos entregar a de Santa Maria no início do ano letivo, e uma Escola Classe no Itapoã na primeira semana de aula. Vamos inaugrar uma escola técnica no Paranoá, um Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) — sigla para creche — em Santa Maria, e outras ao longo do ano. Na Escola Classe 8 do Guará, por exemplo, vamos receber sete turmas abertas para atender as crianças da Estrutural. Em Água Quente, tiveram 830 novos alunos além do que esperávamos. Para isso, estamos alugando um espaço. Iremos construir este ano, o complexo de escolas da região. Vamos licitar quatro unidades e temos um terreno na região, para a educação básica até o ensino médio.
Pode adiantar alguma novidade?
Temos também um programa pedagógico que é o Alfaletrando. Fizemos um pacto de educação na idade certa, com o projeto Criança Alfabetizada. O nosso foi construído pela Secretaria de Educação, que é para trabalhar a alfabetização. Seguimos fortemente com o programa para diminuir o abandono e a evasão escolar, que é o Busca Ativa, em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Com informações do Correio Braziliense
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