Fernanda Zaidan fez, no domingo (18/5), a oração universal durante início do pontificado do papa Leão XIV. Em carta exclusiva ao Correio, ela compartilhou bastidores da cerimônia e falou sobre o caminho que percorreu até chegar a Roma
Uma voz brasileira ecoou na manhã do último domingo (18/5) entre os pilares da Praça São Pedro, no Vaticano. A brasiliense Fernanda Zaidan Lopes, 39 anos, teve a missão de ler, em português, um dos trechos da oração universal que marcou a missa de inauguração do pontificado do novo líder da Igreja Católica, o papa Leão XIV. A leitura ocorreu logo após a homilia papal, em um dos momentos mais simbólicos e solenes da cerimônia, acompanhada por mais de 200 mil fiéis. A oração também foi feita em francês, polônes e árabe.
“Que Deus todo-poderoso sustente com a sua fidelidade a todos, pastores e fiéis, para que vivam a obediência incondicional ao Evangelho”, leu Fernanda diante da multidão. A participação da brasiliense, que vive em Roma há quase cinco anos, foi decidida poucos dias antes da celebração. Em carta exclusiva enviada ao Correio, ela contou que estava se recuperando de uma virose quando foi surpreendida com o convite, feito por um padre conhecido. “Estavam procurando uma pessoa para ler em português, que fosse brasileira e jovem. Quando perguntei quem ele estava pensando, ele respondeu: ‘Em você'”, relatou.
Com essa motivação, pediu ao papa Francisco — falecido em abril —, em oração, que garantisse sua recuperação para que pudesse ter voz e forças no grande dia. “Papa Francisco, no seu funeral eu lutei para conseguir um bom lugar e agora, você me vem com esse presente”, rezou.
Opus Dei
Formada em Química pela Universidade de Brasília (UnB), a brasiliense integra a prelazia do Opus Dei — mais conhecida como “obra de Deus” —, organização católica que tem como missão ajudar leigos e clérigos a buscar a santidade ou o caminho que os leva a Deus. “Durante o curso, fui cativada pela proposta da obra. Conhecê-la foi como encontrar o meu lugar no mundo e na Igreja. Passei a entender a vida como um dom, imerecido”, disse.
Ela atua, desde 2020, como diretora central da entidade em Roma, após uma década à frente da direção regional no Brasil. Em sua trajetória, também colaborou com projetos na Costa Rica, Nicarágua e Panamá, sempre voltada à formação da juventude.
Na carta, Fernanda descreve a emoção de participar da missa de início de pontificado. “Pensei muito no papa Francisco durante a cerimônia. Em 21 de abril, com sua morte, chorei muito. Menos de um mês depois, já sentia um carinho tão grande pelo novo papa. Via essa unidade na diversidade da praça — manifestada em bandeiras, traços, línguas tão variadas…”, escreveu.
“Como um flash, me lembrei de umas palavras do papa Francisco que conectavam com o que o papa Leão dizia sobre uma Igreja unida, que se torna fermento para um mundo reconciliado. Pensava na explicação, para mim tão bonita, sobre o ‘fenômeno’ dessa unidade. Olhemos a Igreja como faz o espírito, não como faz o mundo”, acrescentou.

Celebração e memória
A missa começou dentro da Basílica de São Pedro, com a consagração das insígnias apostólicas, diante do túmulo do apóstolo. Em procissão, foram levadas ao altar, onde o papa Leão XIV recebeu oficialmente os símbolos de sua missão: o Evangeliário, o Pálio e o Anel do Pescador. O anel foi entregue pelo cardeal filipino Antônio Tagle. Em sua homilia, Leão XIV lembrou a morte do papa Francisco, que faleceu aos 88 anos, e falou sobre o compromisso de unir a Igreja por meio da caridade.
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria”, declarou o novo papa. Ele também afirmou que o papel da Igreja não é capturar os outros com prepotência, mas amar como fez Jesus. “Pescar a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte”, disse.
Fernanda testemunhou tudo de perto. E apesar do nervosismo — causado, segundo ela, pelo medo de se confundir entre os idiomas que usa no dia a dia —, conseguiu concluir a leitura com serenidade. “O resultado, todos conhecemos, foi uma missa luminosa, literalmente, sob os 26ºC romanos, em que tive a oportunidade de contribuir — de servir, nos disseram nos ensaios — com um grãozinho de areia brasiliense”, resume.
Com orgulho de suas raízes, Fernanda relembra Brasília com carinho. “Tenho lembranças maravilhosas dessa época que só quem é de Brasília entende: pegar um zebrinha, cruzar na faixa, encontrar uma amiga no minhocão, esperar a época dos ipês, comemorar a chuva…”, escreveu.
Agora, ao lado do novo pontífice, ela segue colaborando com os preparativos para o centenário da fundação do Opus Dei, em 2028. “Não existe nada mais estimulante para crescer do que sentir que confiam em você”, finalizou.
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