Greve do Metrô-DF completa 5 meses, com trens lotados e problemas de manutenção; não há prazo para acabar.
Dissídio coletivo é analisado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10). Sindicato diz que sofre corte de benefícios; empresa afirma que aguarda decisão da Justiça.
Vagões lotados no metrô de Brasília
A greve dos servidores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) completou cinco meses neste domingo (19). Essa é a paralisação mais longa registrada pela empresa e segue sem previsão para acabar.
Com o serviço reduzido, apenas 80% da frota circula em horário de pico, e 60% em horários de menor movimento. Como consequência, há problemas de manutenção e, na noite do dia 13 de setembro, um trem descarrilou.
Passageiros também enfrentam trens lotados em meio à pandemia de Covid-19 (veja mais abaixo). Na manhã desta segunda-feira (20), o sistema de recarga dos cartões de passagem estava fora do ar. Na estação de Ceilândia Centro, o problema gerou filas, já que apenas uma catraca ficou liberada para os usuários.
Em 17 de maio, a empresa e o Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô) se reuniram em audiência de conciliação, entretanto, o encontro terminou sem acordo. Agora, o dissídio coletivo está em análise no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10), mas segue sem prazo para conclusão.
Entre as pautas da categoria estão a retomada do auxílio-alimentação, de R$ 1,2 mil, do plano de saúde do servidores e “o cumprimento da decisão judicial de 2019”. O Metrô-DF diz que aguarda decisão da Justiça.
Em nota, o TRT-10 informou que o processo retornou da análise do Ministério Público do Trabalho (MPT) na última quinta-feira (16), que considerou o pleito legal, e que, agora, é avaliado pelo desembargador Alexandre Nery. A Justiça não deu prazos para o julgamento.
Impasse
Fila de passageiros em estação do Metrô do DF após problema no sistema de bilhetagem — Foto: TV Globo/Reprodução
A diretora do Sindmetrô-DF, Meiry Rodrigues, disse que todas as tentativas de acordo com a empresa “foram frustradas”. De acordo com ela, a categoria sofre com cortes de benefícios.
“Não conseguimos manter nossos direitos. Tudo já estava no orçamento. Esperamos que a Justiça seja feita”, afirmou.
Em nota, o Metrô-DF informou que os benefícios dos metroviários constam em todas as propostas de acordo coletivo que foram levados à categoria, inclusive mantendo valores. Ainda segundo a empresa, apenas a 13ª parcela do auxílio-alimentação não foi contemplado, por ser considerada ilegal por uma auditoria.
A empresa disse ainda que também houve “impasse” no pagamento do valor da gratificação da quebra de caixa. A companhia comentou que sugeriu o fim da greve para que as cláusulas divergentes fossem discutidas na Justiça, proposta que não foi aceita. “O Metrô-DF aguarda agora o julgamento do dissídio pelo TRT”.
Falhas e lotação
Sistema de recarga de cartões de passagem fica fora do ar no Metrô-DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Esta é a greve mais longa da história do Metrô-DF. Com a frota reduzida (veja funcionamento abaixo), trens lotados, problemas de manutenção e demora para circulação dos trens foram registrados nas estações da capital.
Na semana passada, um trem do metrô descarrilou durante à noite, entre as estações Galeria e Central, na Rodoviária do Plano Piloto. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.
Trem que descarrilou em estação do metrô do Distrito Federal — Foto: Reprodução
Além disso, imagens de trens lotados se tornaram comuns durante a greve (veja foto abaixo). Evitar aglomerações, no entanto, é uma medida de combate ao novo coronavírus.
Imagem de trem do metrô lotado em Brasília — Foto: Arquivo pessoal
Com a paralisação, os trens funcionam da seguinte forma:
- Dias úteis
Das 6h às 8h45 e das 16h45 às 19h30: 19 trens
Das 8h45 às 16h45: nove trens
Das 19h15 às 23h30: cinco trens - Sábados
Das 6h às 9h45 e das 17h às 19h15: 12 trens
Das 9h45 às 17h: sete trens
Das 19h15 às 23h30: cinco trens - Domingos e feriados
Das 7h às 19h: cinco trens
Greve mais longa
Antes desta paralisação dos metroviários no DF, a greve mais longa da categoria em Brasília tinha durado 77 dias, com fim em julho de 2019, por determinação do TRT-10. À época, o Metrô calculou um prejuízo de R$ 8,8 milhões por conta da suspensão do serviço.
Para os desembargadores que julgaram o processo, parte das reivindicações da categoria já estava sendo atendida naquele período, como o pedido para oficializar a jornada de trabalho dos pilotos em 30 horas semanais.
FONTE: G1 DF
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