“Guará está perdendo sua qualidade de vida por falta de manutenção”, diz ex-deputado federal, Roberto Policarpo
Morador do Guará desde 1990, Roberto Policarpo Fagundes, 54 anos, pode ser considerado uma das principais forças políticas da cidade, junto com o ex-deputado distrital e ex-administrador regional Alírio Neto e o deputado distrital e vice-presidente da Câmara Legislativa Rodrigo Delmasso. Além de ativo militante nos movimentos sindicais e políticos desde quando chegou em Brasília, Policarpo já foi tesoureiro e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) do Guará, e presidente do PT-DF por mais de sete anos, além de deputado federal de 2010 a 2014 e foi mais votado do que quatro deputados federais eleitos em 2014, com 48 mil votos (perdeu no quociente eleitoral).
Guaraense convicto, daqueles que nunca pensaram em mudar da cidade, que caminham pelo calçadão, frequentam a Feira do Guará, o Mané das Codornas, o Bar do Júnior, eram antigos frequentadores dos jogos do no estádio do Cave. Policarpo mostra preocupação com o que considera abandono da cidade com a falta de manutenção dos bens públicos, aumento da insegurança e esvaziamento da Administração Regional.
Nesta entrevista, ele afirma que é pré-candidato a deputado federal nas eleições deste ano e promete, se eleito, criar mecanismos para ouvir a população em todas as suas decisões como parlamentar, inclusive as instantâneas durante as votações em plenário ou nas comissões.
Onde nasceu e quando e por quê o sr. veio para Brasília?
– Sou de uma pequena cidade a 70 quilômetros de Natal, Rio Grande do Norte, e saí para estudar Agronomia. Quando me formei, me casei com a professora Socorro Torquato (ex-administradora regional da Estrutural) e viemos para Brasília em busca de oportunidades, principalmente de um concurso público. Viemos direto para o Guará morar com uma irmã, na QE 38, depois moramos no Núcleo Bandeirante por pouco tempo e na 402 Sul. Voltamos a morar novamente no Guará, na QI 4, de aluguel e depois na casa própria, financiada pela Caixa Econômica, na QE 28, onde continuamos morando e onde nasceram nossos dois filhos e agora a neta. Sou servidor concursado desde 1992 no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e fui também professor concursado da Secretaria de Educação em Samambaia.
Como era a vida no Guará quando o sr. veio pra cá?
Era bem diferente, até porque a cidade cresceu muito, o que é natural, mas, por outro lado, perdeu qualidade de vida à medida em que foi sendo abandonada pelo poder público, a insegurança foi aumentando e o trânsito foi piorando. Mesmo assim, ainda é o melhor lugar do DF para se morar.
Tenho uma identificação muito grande com o Guará pelas suas características de cidade do interior. Gosto de almoçar na Feira com a família, frequentar o Mané das Codornas, o Bar do Júnior, caminhar no calçadão, de conversar com as pessoas na rua … Não perdia um jogo do Clube de Regatas Guará no estádio do Cave, já disputei campeonato de futebol de salão (era goleiro) no Ginásio Coberto do Cave. Enfim, vivo intensamente a cidade, como se fosse a minha cidade natal.
A que o sr. credita a perda de qualidade de vida da população?
As praças e áreas públicas foram abandonadas com o tempo, o Ginásio Coberto está interditado há dois anos, o estádio do Cave foi demolido, as praças estão sujas e os equipamentos sucateados, tem aumentado a incidência de crimes, principalmente furtos e roubos, a saúde pública foi precarizada …
Mas o Distrito Federal foi governado pelo PT há dois mandatos…
Apesar de tudo o que nossos governos petistas fizeram, e a lista de realizações é enorme, não enfrentaram a questão da autonomia, meios e capacidade e de intervenção autônoma das administrações regionais para dar conta das obras e manutenção dos serviços públicos, quase sempre centralizados em outras esferas administrativas.
E uma das razões é o esvaziamento das administrações regionais e esse modelo de apadrinhamento político em que as regiões administrativas foram transformadas em capitanias hereditárias e entregues a parlamentares da base a cada governo. As administrações regionais deixaram de servir ao povo para servir a um partido, a um parlamentar ou a uma igreja. Perderam o poder de fiscalização e não tem corpo técnico para elaboração e aprovação de projetos, sem contar a falta de mão de obra para a manutenção das áreas públicas.
Como o sr. se iniciou na política?
Comecei participando do movimento estudantil, e depois como dirigente sindical e defensor dos servidores da Justiça no DF fui naturalmente encaminhado para a política partidária. Já era filiado ao PT desde o Rio Grande do Norte. Aqui, fui tesoureiro e presidente da Zonal do PT no Guará, tesoureiro e presidente por sete anos e meio do PT do Distrito Federal, quando o partido indicou Agnelo Queiroz como candidato ao governo.
Como candidato em três eleições, como foram suas votações?
Na primeira, em 2010, obtive 32.563 votos e fiquei como primeiro suplente da legenda, assumi como suplente em fevereiro de 2011, e assumi definitivamente o mandato em 2012 com a nomeação do deputado federal Paulo Tadeu para o Tribunal de Contas do DF. Em 2014, consegui 48.037 votos, votação maior do que quatro deputados federais eleito, mas perdi no quociente eleitoral e fiquei na segunda suplência. Em 2018 tentei a Câmara Legislativa, mas tive uma votação aquém do que eu esperava, com apenas 4.600 votos. Mas agora sou pré-candidato a deputado federal nas eleições de 2022.
Quais serão suas bandeiras?
Com um novo mandato conferido pelo povo do DF e do Guará, quero agregar e exercer com mais intensidade o papel constitucional de fiscal da execução do dinheiro público previsto nos orçamentos, combatendo a ineficiência, os apadrinhamentos e desvios. Quero estar mais presente no dia-a-dia da cidade e da vida das pessoas. Exercer aquele papel que o vereador exerce em outras cidades, de comunicação constante e direta com os eleitores, conhecer a fundo seus anseios e desejos e me engajar nas lutas da comunidade. Participar e organizar movimentos por moradia digna, e defesa de direitos ao emprego, à saúde, educação apoiando, especialmente, nossa juventude e os mais idosos. Quero me somar aos lutadores pela democracia para que o DF possa respirar um clima de paz, segurança e bem-estar, retomando seu papel de protagonista de mudanças estruturais que alarguem as esperanças e orgulhem a todos os brasileiros.
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