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Hospital veterinário público está sobrecarregado

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No Hospital Veterinário Público (HVEP) em Taguatinga, donos de gatos e cachorros têm de esperar um dia inteiro e cruzar todo o Distrito Federal para ter acesso a tratamento veterinário de qualidade. Segundo relatos dos guardiões dos pacientes, o diagnóstico por vezes pode ser feito de forma incorreta ou demorada, acarretando a morte dos animais.

A sala de espera do local é sobre cimento batido, embaixo de uma lona que protege o local da chuva. O miado dos gatos e o ganido dos cachorros de dor se confunde, enquanto eles passam todo o dia esperando atendimento no único hospital público do Distrito Federal. Quem chega no início da manhã sai no finzinho da tarde, isso se o lugar não estiver cheio, nesse caso, se pode ir noite adentro.

Esse é o caso de Mariana Marques, que trouxe seu gatinho da região do entorno, na Ocidental, até Taguatinga, para descobrir do que os nódulos mamários do bichinho se tratam. Sua suspeita é de câncer, mas ela torce para que a teoria se prove incorreta, e para isso, aguarda os resultados do exame de sangue, que tarda 5 horas para sair, e o ultrassom, que ainda não aconteceu. “Estou aqui desde as 09:00. Ele foi atendido, pediram o exame de sangue.  Tô aguardando o resultado, e o ultrassom, mas ainda não sei o que é. E é assim, tem que ficar esperando”, diz.

“Quando eu venho aqui, costumo sair às 18:00, sempre assim, porque eu já vim antes com outro animal.”

Mariana faz uso, quase que exclusivamente, da saúde veterinária pública para seus bichinhos por incapacidade de arcar com os preços oferecidos em hospitais particulares. Apenas os exames necessários para tentar descobrir o problema chegaram a R$ 1.000, segundo conta.

Ter de limitar-se a um local constantemente cheio, inclusive, já lhe cobrou a vida de outro gato. “Quando ele morreu aqui ano passado, ele estava com perfuração no pulmão, e por não fazer ultrassom a tempo, ele ficou internado o dia inteiro. Só vieram fazer o ultrassom à noite, e aí ele já tava com o pulmão encharcado. Morreu aqui”, relata.

O HVEP atende em torno de 150 animais por dia, em uma carga horária que se inicia às 07:30 e vai até 18:00, parando de aceitar novos pacientes às 15:00. Os casos atendidos se estendem são de clínica médica, clínica cirúrgica, ortopedia e algumas especialidades, mas a maior demanda são as cirurgias, segundo a direção do hospital.

Por ser o único do gênero a atender a região do Distrito Federal e Goiás, chegando a receber gatos e cães de Valparaíso, Pirenópolis e Chapada, o lugar está em constante sobrecarga, e alguns profissionais, que na rede privada custam uma fortuna, são procurados de tal forma que inspiram alguns cuidadores a dormir na fila da sexta a segunda para conseguir tratamento. Segundo relatos de pessoas presentes, isso ocorre para conseguir vagas com o oncologista, profissional especializado em câncer.

De acordo com Lindiene Samayana, Diretora do Hospital Veterinário, a demanda é, de fato, muito grande para a instituição. Ela vê o maior problema hoje como estrutural. “A maior procura do hospital hoje, que a gente não consegue abranger, é a demanda cirúrgica. Hoje o hospital possui 3 centros cirúrgicos. Mas muitas vezes, em caso de necessidades mais específicas, a gente não consegue atender”, diz. “Se tivesse talvez outro hospital, com outro centro, outra equipe cirúrgica, eu acho que melhoraria o atendimento, é uma questão estrutural.”

Segundo explica ainda, a questão da demora no atendimento é natural de um centro médico pelo tempo necessário para se chegar aos resultados dos exames, e que podem vir necessitar da avaliação de um profissional à parte, o que pode fazer com que a avaliação só possa ser feita em períodos específicos. Segundo afirma, os tutores sempre são avisados dessa questão, na qual a demanda influencia, mas o processo também.

“Existe a possibilidade de um novo hospital veterinário ser construído, eu não acho que aconteça esse ano, mas existe um projeto na secretaria do meio ambiente, de expandir o hospital veterinário”, diz. “Creio que isso não será por agora, mas eles já estão estudando a questão de ter outra unidade para atender as outras cidades satélites que ficam mais distantes de Taguatinga. Isso não é uma realidade tão distante, é algo que futuramente pode acontecer.”

Com informações do Jornal de Brasília

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