Reino Unido suspende negociações sobre acordo de livre comércio e União Europeia decide revisar tratado de cooperação, em meio à intensificação da ofensiva contra Gaza. Governo Netanyahu repudia medidas e avisa que não vai retroceder
A dramática situação humanitária na Faixa de Gaza levou, ontem, o Reino Unido e a União Europeia (UE) a adotarem medidas contra Israel. Um dia após o premiê Keir Starmer advertir que não ficaria “de braços cruzados” ante a intensificação dos bombardeios no enclave, o governo britânico anunciou a suspensão das negociações sobre um acordo de livre comércio e convocou a embaixadora israelense em Londres, Tzipi Hotovely. A UE, por sua vez, decidiu revisar seu acordo de associação com Israel. O governo de Benjamin Netanyahu alertou que não vai retroceder.
No território palestino, o cenário é de devastação. As equipes de emergência em Gaza relataram, ontem, a morte de pelo menos 44 pessoas em bombardeios. Em entrevista à BBC, o diretor de ajuda humanitária das Nações Unidas, Tom Fletcher, disse temer a morte de 14 mil bebês entre ontem e hoje se uma ajuda humanitária consistente não chegar ao enclave palestino.
No início de março, Israel promoveu o bloqueio de toda ajuda a Gaza. Nenhum alimento, combustível ou remédio foi autorizado a entrar no território durante 78 dias. No domingo, o governo de Benjamin Netanyahu passou a autorizar a entrada de ajuda humanitária, mas em quantidade irrisória. Primeiro, cinco caminhões. Ontem, o número aumentou, segundo Israel, e ultrapassaria 90, mas, ainda assim, longe do ideal.
Além da suspensão das conversas comerciais, Londres divulgou a adoção de sanções, incluindo restrições financeiras e proibições de viagens, contra colonos israelenses por atos de violência na Cisjordânia. Entre os atingidos estão Daniella Weiss, “líder dos colonos”, e duas organizações. “As medidas ocorrem após um aumento dramático na violência dos colonos na Cisjordânia, com a ONU registrando mais de 1.800 ataques de colonos contra comunidades palestinas desde 1º de janeiro de 2024”, diz o comunicado da chancelaria britânica.
Obsessão
Após o anúncio britânico, o governo de Benjamin Netanyahu enfatizou que as medidas não vão interferir nos rumos do conflito. “A pressão externa não desviará Israel de seu caminho na defesa de sua existência e segurança contra inimigos que buscam sua destruição”, reagiu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein, por meio de um comunicado.
“Se, devido a uma obsessão contra Israel e considerações políticas internas, o governo britânico estiver disposto a prejudicar sua economia, isso é prerrogativa dele”, acrescentou Marmorstein.
O ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, anunciou a medida em um discurso no Parlamento. Ele lembrou que Londres apoiou o direito de Israel se defender do ataque promovido pelo Hamas em outubro de 2023, reiterou o apelo para libertação de reféns e afirmou que o Hamas não pode permanecer governando Gaza.
Observou, porém, que “o mundo está julgando, a história os julgará”. “Bloquear a ajuda, expandir a guerra, ignorar as preocupações de seus amigos e parceiros. Isso é indefensável e precisa acabar”, frisou Lammy.
As negociações para um acordo de livre comércio foram iniciadas em 2022. Segundo o governo britânico, Israel era seu 44º maior parceiro comercial em 2024. No ano passado, os dois países trocaram 5,8 bilhões de libras (R$ 47 bilhões de reais na cotação da época) em bens e serviços.
Direitos humanos
Pouco depois de Londres anunciar suas medidas, a União Europeia decidiu revisar o acordo de associação com Israel. “Lançaremos esse exercício e, enquanto isso, cabe a Israel desbloquear a ajuda humanitária. Salvar vidas deve ser a nossa prioridade máxima”, disse a chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas, ao fim de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Bruxelas.
De acordo com Kallas, o resultado da audiência “mostra claramente que há uma grande maioria a favor da revisão do Artigo 2 do nosso acordo de associação com Israel”. Esse dispositivo se refere à necessidade de as partes signatárias do acordo se comprometerem a respeitar os direitos humanos.
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