UnB tem 1,8 mil vagas ociosas
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Apesar de a Universidade de Brasília (UnB) ter disponibilizado 11,6 mil oportunidades de ingresso em 2017, 1.890 não foram ocupadas. A ociosidade, segundo o ministro da Educação, Rossieli Soares, é um dos entraves para a expansão da educação superior também no resto do país. “Tem vaga, tem um lugar para o aluno estar aprendendo dentro da universidade pública, mas nós não estamos preenchendo essa vaga”, pontuou, durante a apresentação dos dados do Censo da Educação Superior de 2017, ontem, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e Ministério da Educação (MEC).
A maior ociosidade se encontra entre as vagas remanescentes, aquelas abertas por estudantes que desistiram do curso. A UnB, em 2017, abriu 2.441 dessas vagas, mas menos da metade foi ocupada. Os dados mostram que essa é uma tendência nacional: nas instituições federais de ensino superior de todo o país, a taxa de ocupação das vagas remanescentes alcança somente 29,8%.
Segundo o decano de Ensino de Graduação da UnB, Diego Madureira, há duas razões principais para essa ociosidade. “Uma delas são as taxas de evasão; o outro é o próprio processo seletivo. O Sisu permite ao candidato escolher o curso, mas pode migrar para a segunda opção. Por isso, não conseguimos uma boa taxa de ocupação na primeira chamada, o que cria uma bola de neve, sabendo que as chamadas têm prazo para terminar antes das aulas iniciarem.”
No Instituto Federal de Brasília (IFB), a situação é ainda mais complicada. Das 606 vagas remanescentes, apenas 81 foram repostas — equivalente a 13,3%. Em nota, o IFB afirmou que “está avaliando uma nova forma de ingresso para ocupação das vagas remanescentes do Sistema de Seleção Unificada (Sisu)”.
As informações colhidas pelo Censo são importantes para a formulação de diretrizes e criação de políticas públicas. Nesse sentido, o MEC discute com as universidades a adoção de um novo campo, dentro do Sisu, exclusivo para a concorrência das vagas remanescentes. “Atualmente, é muito difícil de garimpar (as vagas remanescentes). Com esse novo sistema, será possível facilitar o acesso dos alunos a essas vagas”, ressaltou o ministro Rossieli Soares. A ideia é que a nova função comece a valer em 2019.
Estudantes têm que se esforçar para garantir uma vaga
Cursos de engenharia sempre aparecem entre os mais concorridos da UnB, e a estudante de engenharia de produção Rafaella Chaves, 20 anos, sabe bem disso. Ela se formou no ensino médio em 2015 e começou a trajetória para conquistar a tão sonhada vaga. Em 2016, a estudante acabou ficando de fora por uma posição. No segundo semestre do mesmo ano, a estratégia foi diferente. “Eu estudava das 7h às 23h, de domingo a domingo, o que hoje valeu a pena”, afirmou. Rafaella foi aprovada na terceira chamada do Sisu, no primeiro semestre do ano passado.
Com o ensino médio concluído em 2017, o estudante de estatística João Pedro Malta, 18, entrou na UnB no segundo semestre deste ano. Ele foi aprovado na terceira chamada do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da instituição, porém, só soube da aprovação duas semanas antes de as aulas começarem. “Eu nem sabia que ia passar, do nada saiu a terceira chamada e agora estou aqui”, comenta, alegre.
Para o universitário Pedro Foizer, 19, a grande dificuldade de ingressar na universidade foi o ritmo do curso pré-vestibular. “Na escola, eu não me dedicava muito, então, no cursinho, foi um choque de realidade, eu tinha que estudar mais e correr atrás do meu próprio material”, afirma o estudante de engenharia de produção.
Fonte: Correio Braziliense