Sociedade

Delegada titular da Deam II, diz que é preciso se conscientizar sobre o verdadeiro papel da mulher; ‘A violência de gênero é uma violência invisível, que está incutida em nossa sociedade’

By Jeová Rodrigues | 22 de março de 2022 0 Comments

No mês que se comemora o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 15 de março, o Jornal TaguaCei entrevistou a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II), Adriana Romana, para saber a respeito do trabalho que tem sido desenvolvido pela corporação em Ceilândia e Sol Nascente/Pôr do Sol. Na entrevista a delegada comentou sobre os números de ocorrências registradas em 2021 – quase 4 mil – e destacou que até o início de março, data em que ocorreu a entrevista, essas regiões administrativas não tinham registrado nenhum caso de feminicídio durante este ano.

“Não houve registro de feminicídio contra mulheres até o momento, em Ceilândia. Nós tivemos casos de feminicídio tentado, mas mesmo assim não foram casos de maior gravidade, em que as vítimas estejam ainda correndo o risco de morte até o momento”, afirmou Romana.

Para a delegada a situação da mulher tem melhorado, mas ainda há muito que se fazer. Segundo ela pontua, avanços como a lei Maria da Penha são fundamentais para que o poder público possa ter ferramentas para coibir a prática da violência contra a mulher, porém, apenas isso não seria o bastante, pois é preciso haver um engajamento também por parte da sociedade.

“A violência contra a mulher é algo importante e que sempre deve ser discutido, é algo que deve estar na consciência e na pauta de todos. Toda sociedade deve se envolver com essa temática e fazer parte dessa bandeira”, diz.

Uma das formas da sociedade ajudar é denunciando. De acordo com Romana, aquele velho ditado de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, não deve ser levado ao pé da letra. “Sempre que souber que alguém está sendo vítima de violência é preciso denunciar”, alerta.

A violência

O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Segurança Pública (SS), em 2019, lançou a campanha #MetaaColher, que convida a sociedade a repensar o ditado acima citado. O projeto busca expor o papel de responsabilidade de cada cidadão como engrenagem importante contra o feminicídio.

Segundo Adriana Romana, essa campanha é mais uma forma que o poder público encontrou para fazer um trabalho de conscientização de que é preciso respeitar os direitos para distinguir e oportunizar as pessoas a terem uma oportunidade de escolha real.

“Às vezes essas pessoas que estão sendo vítimas têm dificuldade de enfrentar essa questão, por vários fatores. Às vezes elas têm dependência emocional, dependência financeira, não têm para onde ir; elas têm filhos; as vítimas têm dificuldade de buscar ajuda. Então, quando alguém souber de casos precisa procurar ajuda para essas pessoas que estão passando por essas dificuldades”, lembra a delegada.

Atuação

O primeiro passo é fazer a denúncia. Que pode ser feita na própria sede da Deam II, que fica ao lada da Feira Central de Ceilândia ou se preferir fazer o registro de forma on-line, por meio da Delegacia Eletrônica – segundo Romana, 90% das denúncias registradas na Deam II são investigadas pela própria delegacia.

“Temos um trabalho integrado com outras unidades e também temos um serviço voluntário que é feito por policiais civis. Nós temos um quadro de policiais que não é fixo, é que é maior do que o nosso quadro efetivo. Hoje estamos como 45 policiais atuando na Deam II”, conta.

Com o fim da pandemia, Romana diz que a intenção da delegacia é ampliar os serviços para levar informação por meio de palestras e debates em espaços públicos e demais agremiações.

“A violência de gênero é uma violência que é invisível, que está incutida em nossa sociedade, ela vem de geração em geração. Então precisamos trabalhar isso para poder mudar a consciência, a cultura, de que homens e mulheres são diferentes em suas escolhas.

Canais de denúncias para casos de violência contra mulher:

197 e 180 – Polícia Civil

190 – Polícia Militar