Invenção utiliza extrato de própolis e promete acelerar a cicatrização de feridas difíceis, como úlceras diabéticas, ao mesmo tempo em que evita a contaminação por microplásticos
cicatrização de um machucado – (crédito: Divulgação / Universidade Federal de Viçosa)
Um curativo que trata, protege e ainda se preocupa com o meio ambiente. Essa é a proposta de um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que desenvolveu uma biobandagem inovadora: ela é biodegradável, tem ativos cicatrizantes naturais e libera medicamentos de forma controlada — tudo isso sem gerar resíduos plásticos.
O estudo foi desenvolvido durante a dissertação de mestrado do pesquisador Marcos Vinícius de Sousa, orientado pelo professor Jemmyson Romário de Jesus, que conta sobre a preocupação com a redução dos impactos que o meio ambiente vem sofrendo, principalmente a questão dos microplásticos.
“Basicamente, a ideia é reduzir qualquer tipo de impacto ambiental. Nós sabemos que os curativos que já conhecemos têm atuado de maneira eficaz, mas a maioria deles tem uma degradação lenta e, quando se degrada, temos um outro problema, os microplásticos”.
O professor explica que microplásticos são partículas de plástico, com menos de cinco milímetros de tamanho. Atualmente, eles estão presentes em diversos locais, como nos oceanos, alimentos e água potável.
“Há relatos de pesquisadores demonstrando a presença de microplásticos tanto em em animais marinhos, por exemplo, como peixe e camarão, ou até mesmo em água potável. E aí chega a todos os os que consomem esse tipo de alimento, que somos todos nós”, alerta.
Curativo inteligente
Com essa preocupação com o meio ambiente, Marcos Vinícius e Jemmyson começaram a desenvolver a pesquisa. A biobandagem foi apelidada de “curativo inteligente” por ser um dispositivo que é ativo na cicatrização de um machucado. O orientador explica que seria como um adesivo contraceptivo, ou seja, o curativo irá realizar uma liberação controlada de um princípio ativo, espécie de substância que ajuda na cicatrização.
Inicialmente, o extrato de própolis foi utilizado como princípio ativo, por ser, segundo o professor, uma substância eficiente para o tratamento, além de ser favorável no processo de biodegradação. “Agora nós estamos avaliando o carregamento de diferentes princípios ativos para o tratamento de ferida em pele de camundongo”, conta.
Outro objetivo do curativo é o tratamento de úlceras diabéticas e úlceras por pressão, popularmente conhecidas por escaras. A partir da liberação controlada do princípio ativo, o curativo pode ajudar no tratamento.
“Quando um paciente passa muito tempo hospitalizado, há grandes chances de ele ter infecção. Existe um tratamento com antibiótico, mas qual é o problema disso? Às vezes, o seu corpo e a bactéria podem se tornar resistentes a antibióticos e aí nós temos um grave problema na saúde pública” explica o orientador da pesquisa.
Liberação controlada
O método desenvolvido para a liberação de princípios ativos para a cicatrização de feridas, de acordo com a demanda do corpo, diferencia-se, principalmente, na estabilização da dosagem destas substâncias. O professor explica sobre essa inovação comparando o curativo com um remédio para uma doença crônica, por exemplo.
“Vamos supor que eu precise ter uma dosagem de remédio por sete dias e tem lá a prescrição que tenho que tomar o medicamento a cada oito horas. O que acontece? Na hora um do remédio, você tem um pico de concentração desse fármaco no seu organismo e depois a diminuição desse pico, que é quando você toma a segunda dose”.
Já o curativo inteligente consegue estabilizar essa dosagem de medicamento, evitando os “picos” que um remédio convencional faz. “Imagina uma onda, então sobe e desce e essa variação significa as dosagens. Na liberação controlada, significa que eu tenho um princípio ativo que libera o fármaco e depois mantêm ele um platô, porque ele está fazendo uma liberação controlada e sustentada.”
Esse novo método de medicação também se diferencia dos convencionais por evitar os efeitos colaterais. “Se você mantém essa liberação controlada em dosagem, que seja necessária para fazer o tratamento, você minimiza esses efeitos colaterais”, explica.
Patenteação do curativo e processo de testes
Com o apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFV, os pesquisadores solicitaram a concessão da patente, ou seja, a proteção intelectual da tecnologia junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O orientador conta que uma pesquisa está em andamento com aplicação dos curativos em camundongos para checar todo o processo de cicatrização e eficiência durante o tratamento. Ele ainda explica que, se os testes em animais forem aprovados, a pesquisa iniciará um outro processo de teste em humanos.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino
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