Mesmo sem registro de casos da doença na capital, produtores e GDF adotam medidas para barrar o vírus H5N1. Autoridades reforçam que o consumo de carne de frango e ovos certificados é seguro
Após o primeiro caso confirmado de gripe aviária no Brasil, semana passada, no Rio Grande do Sul, o Governo do Distrito Federal (GDF) se mobilizou para prevenir que a doença, causada pelo vírus influenza tipo A (H5N1), chegue até as granjas da capital. Na última terça-feira, a Secretaria de Agricultura do DF (Seagri-DF) prorrogou, por quase dois anos, a situação de emergência zoossanitária decretada em agosto de 2023 e proibiu qualquer evento com aglomeração de aves. A venda de aves vivas em feiras livres permanece liberada.
Embora não tenham sido confirmados casos da doença no DF, os produtores têm redobrado os cuidados para impedir que o vírus chegue por aqui. O dono da Granja Capital, Daniel Ramos, de 36 anos, contou que foram suspensas todas as visitas que não são essenciais para a atividade. “Só minha equipe tem acesso ao local onde ficam os frangos. Nem eu, que sou dono, vou até lá”, disse. Antes de entrar para o trabalho, os funcionários tomam banho e vestem o uniforme, deixando do lado de fora as roupas que usaram externamente. De acordo com o produtor, que tem cerca de 100 mil aves na granja a cada dois meses, a higiene foi intensificada no espaço que ficam os animais.
“Redobramos a atenção sobre as telas de segurança, para impedir a entrada de aves de fora, e mantemos a limpeza e o aparo da grama, para prevenir roedores”, explicou. Até os veículos que chegam à granja são limpos, segundo Ramos. “Temos, na entrada, um arco de desinfecção que limpa todo o carro, ou caminhão, até as rodas”, comentou.
Os pequenos produtores também têm se atentado aos cuidados contra a doença. “Não deixamos que pessoas de fora tenham acesso às galinhas. Fizemos uma barreira para entrar no galinheiro, com cal, que protege o ambiente. Até de um galinheiro para o outro fizemos essa barreira higiênica”, explicou Mauro Alves, dono da Granja Oeste, no Lago Oeste, que conta com cerca de mil animais.
Segundo ele, os cuidados se estendem ao contato das galinhas com aves silvestres, pois elas podem infectar a granja. “Estamos sempre de olho nas galinhas, justamente porque elas são criadas livres. Os galinheiros são telados para impedir que aves de fora entrem enquanto as galinhas dormem”, ressaltou. “Sempre que um funcionário vai cuidar das galinhas, é realizada uma higiene pessoal antes de entrar no ambiente”, completou.
Mutações
De acordo com André Bon, infectologista do Hospital Brasília, normalmente o vírus H5N1 não é transmitido de animais para seres humanos, mas é capaz de sofrer muitas mutações durante episódios de surtos entre animais, como, por exemplo, em criações de galinhas. Por isso, quem trabalha em granjas está mais suscetível a contrair a doença. “Nesses ambientes, com grande volume e concentração de vírus, pode surgir uma mutação que seja capaz de infectar o ser humano”, destacou o especialista.
Porém, de acordo com ele, a transmissão de pessoa para pessoa ainda não foi registrada no caso do influenza tipo A. “O vírus, atualmente, não é transmitido entre indivíduos, de modo a gerar uma epidemia sustentada de ser humano para ser humano. Mas se em algum momento uma mutação ocorrer — e ela pode ocorrer —, haverá essa transmissão.”
Bon explicou que os sintomas da gripe aviária são iguais aos das outras, como febre alta, dor no corpo, coriza, tosse e, nas formas graves, falta de ar por conta de pneumonia. “Em casos mais severos, pode levar à morte, embora nem todos os casos de H5N1 evoluam com gravidade. Só que como não há imunidade na população para a doença, existe uma chance grande de as pessoas evoluírem para formas graves, caso sejam acometidas.”
Segundo a Seagri, a capital tem 184 produtores aviários industriais, que abatem cerca de 260 mil animais por dia e exportam 80% de sua produção. O órgão reforçou que não há risco à saúde humana no consumo de carne de frango nem de ovos devidamente inspecionados. “A gripe aviária não é transmitida por meio da ingestão desses alimentos cozidos, mesmo quando provenientes de áreas afetadas. A transmissão do vírus ocorre apenas por contato direto com aves vivas infectadas, sendo o risco de infecção humana considerado baixo”, informou a Seagri.
O secretário de Agricultura do DF, Rafael Bueno, assinalou que a pasta intensificou a atenção nos estabelecimentos da capital. “Reforçamos a equipe de vigilância, seja nas rodovias do Distrito Federal, em relação ao trânsito, seja nos aviários, nas granjas, com a visita de técnicos. Também estamos conscientizando os criadores sobre a importância de não deixar que animais de vida livre tenham contato e acesso à água e à comida dos animais de criação”, afirmou. Segundo ele, o setor movimentou, apenas no ano passado, R$ 1 bilhão em negócios e gerou mais de 5 mil empregos. “É uma cadeia altamente relevante para o Distrito Federal”, completou.
Cenário nacional
O primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil foi confirmado pelo pelo Ministério da Agricultura (Mapa) em 16 de maio, em Montenegro (RS). Outros casos suspeitos estão sob investigação. O governo federal anunciou, ontem, que 21 países suspenderam a exportação brasileira de carnes de aves, e outros 10 deixaram de comprar do Rio Grande do Sul. O Japão e Arábia Saudita suspenderam as exportações vindas de Montenegro.
A Seagri-DF reforça que, em caso de suspeita de gripe aviária, o produtor deve notificar a Defesa Agropecuária do DF pelo telefone (61) 3051-6300 ou pelo e-mail: defesa.agropecuaria@seagri.df.gov.br.
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