Ibaneis vai proibir caminhões pesados na DF-463, após acidente com morte
Maria Antonieta Menezes, 62 anos, faleceu após ser atingida por um dos carros que se envolveram em uma grave batida na avenida São Sebastião.
Um grave acidente na avenida São Sebastião, envolvendo cinco veículos, deixou uma pessoa morta e outras 13 feridas, na manhã de ontem, na Quadra 101 da região administrativa. Dois caminhões, dois carros de passeio e um ônibus participaram do sinistro, que acabou causando a morte de Maria Antonieta Menezes, 62 anos. Um dos caminhões, que pertence a uma empresa que presta serviços para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), perdeu o controle, atravessou duas pistas e invadiu uma loja.
No total, 13 vítimas do acidente foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Elas foram avaliadas e transportadas para diversas unidades hospitalares. Dessas vítimas, de acordo com a corporação, uma tinha suspeita de traumatismo craniano, uma estava desorientada e com cervicalgia, uma gestante tinha dores na barriga e as demais, conscientes e orientadas, apresentavam escoriações pelo corpo.
O Correio apurou que a vítima nasceu no Ceará, veio para o DF para trabalhar e morava com uma irmã, em São Sebastião, havia alguns anos. As informações foram confirmadas por uma familiar que não quis gravar entrevista.
De acordo com o CBMDF, o caminhão desgovernado colidiu contra os outros quatro veículos antes de parar em um estabelecimento comercial da Quadra 101. Apesar disso, ele não teria sido o causador do acidente, segundo informações do tenente Paulo Atanázio.
O militar disse ainda que o motorista do caminhão não teve ferimentos aparentes, ficando somente preso às ferragens. “(O caminhão que bateu no comércio) não foi o causador do acidente, como um todo, mas sim o que está na entrada de São Sebastião. Por isso, a gente desconhece totalmente o que levou o caminhão que está na entrada a perder o controle”, destacou.
Susto e revolta
A reportagem conversou com o proprietário do comércio atingido por um dos caminhões envolvidos no acidente. Valdir Souto, 58 anos, disse que, no momento da batida, sua esposa, Maria de Lourdes, 57, e um funcionário da loja estavam presentes. “Graças a Deus, não teve fatalidade, só danos materiais e o susto. O caminhão passou a dois metros de distância da minha esposa. Foi Deus quem pôs a mão e a livrou de algo grave”, comentou.
O professor Rogério Ulysses, 50, que mora em São Sebastião há 40 anos, também estava no local do acidente. Revoltado, ele disse que procurou a ouvidoria do Departamento de Trânsito (Detran-DF) no início de setembro, logo após outro acidente acontecer no mesmo local. “A intenção era saber se há algum projeto elaborado para resolver esse problema, em definitivo. Para a minha surpresa e indignação, a resposta oficial foi que não existe nada em tramitação”, destacou.
“Isso mostra uma grande omissão do governo em relação à grande quantidade de mortes que tem acontecido na Avenida São Sebastião”, pontuou Ulysses. “Você vê um órgão que recebe bilhões do contribuinte anualmente, mas não se dispõe a fazer um trabalho de engenharia nessa avenida”, acrescentou.
O Correio entrou em contato com o Detran-DF para pedir um posicionamento sobre a ouvidoria aberta por Rogério Ulysses. Em nota, o departamento respondeu que a “referida avenida teve a sinalização horizontal e vertical revitalizada recentemente”.
A reportagem também conversou com o administrador regional de São Sebastião, Roberto Medeiros, que estava acompanhando o trabalho de retirada do caminhão que colidiu com a loja. Ele lamentou a tragédia. “Mais uma que acontece, infelizmente. Me solidarizo com os familiares da vítima. Agora, é aguardar os resultados da perícia, para saber o que, de fato, ocorreu”, disse. “Estamos com uma audiência pública marcada para 3 de outubro para ouvir a população e levar as demandas até os órgãos competentes”, detalhou Medeiros.
Proibição
Este não foi o único acidente com veículos grandes e desgovernados na mesma avenida. No início de setembro, um caminhão carregado de tijolos bateu em vários veículos, após o motorista perder o controle da direção. Um motociclista foi atingido, chegou a ser socorrido, mas morreu.
Em maio, um ônibus desgovernado, depois de perder os freios, arrastou outros carros, também na Avenida São Sebastião. Ontem, a reportagem encontrou uma moradora da região que quase foi vítima na época. A artesã Cristiane Salvino, 61, comentou que estava na ciclovia, no momento em que tudo aconteceu. “Sou cadeirante e, naquela época, estava andando pela ciclovia quando me deparei com um ônibus desgovernado próximo de onde ocorreu o óbito (de ontem). Poderia não ter sobrevivido, porque o ônibus parou quase em cima de mim, foi a mão de Deus que segurou”, comentou.
Cristiane classificou a experiência como “traumatizante e assustadora” e relatou que, depois disso, passou a andar em “alerta máximo” na rua. “Já vivenciamos esse tipo de situação inúmeras vezes, com caminhões e ônibus desgovernados, muitos com mortes. Perdi vários amigos e vi outras pessoas morrerem em acidentes na mesma avenida”, ressaltou. “As autoridades precisam olhar com carinho para a nossa situação. Até quando vamos perder mais moradores? (Ontem), quando vi aquela senhora no chão e os parentes tendo que reconhecer, no estado em que ela se encontrava, me tocou muito, pois já passei por isso”, desabafou a moradora de São Sebastião.
Após a tragédia na manhã de ontem, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que vai proibir o tráfego de caminhões e outros veículos pesados na DF-463 que dá acesso a São Sebastião. Ao Correio, o chefe do Executivo local informou que conversou com o presidente do Departamento de Estrada de Rodagem (DER-DF), Fauzi Nacfur, e que um decreto com as novas determinações deve ser publicado já no início da próxima semana.
O presidente do DER-DF confirmou a conversa com Ibaneis e disse à reportagem que a autarquia vai “estudar a melhor forma” para atender ao pedido do governador do Distrito Federal. Sobre a última tragédia, o Detran-DF ressaltou que enviou equipes ao local, assim que tomou conhecimento do fato, para auxiliar no controle de tráfego e resguardo do local até a chegada da perícia.
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