Papelaria do DF é suspeita de usar “laranjas” para sonegar R$ 61 mi
Empresários investigados pela sonegação fiscal foram alvo de buscas no Distrito Federal, em São Paulo e em Minas Gerais
A Papelaria ABC, principal alvo de uma ação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) contra sonegação fiscal, atua há mais de 43 anos em Brasília. Segundo as investigações que levaram à Operação Charta, deflagrada nesta quarta-feira (22/11), os donos do comércio usavam documentos falsos para criar novas empresas em nome de “laranjas”. Isso garantia a continuidade de sua operação.
As investigações da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT) em torno das empresas tiveram início há cerca de quatro meses, por meio de informações repassadas pela Secretaria de Fazenda, tendo como principal foco a papelaria.
Os donos do comércio faziam as declarações fiscais regularmente, mas não honravam com pagamentos dos tributos devidos há mais de 10 anos, o que gerou prejuízo superior a R$ 61 milhões no DF.
“Eles pegaram, criaram uma nova empresa, não fizeram a regularização fiscal da anterior, e aí eles colocaram um ‘testa de ferro’ como titular da nova empresa”, disse o delegado Marcelo Guerra, da DOT. “Depois de dez meses, houve uma alteração contratual e, no lugar dele, ingressaram duas outras empresas. Nas investigações nós conseguimos verificar que os sócios das holdings eram filhos do gestor do grupo econômico.”
Após tais empresas contraírem dividas fiscais, os criminosos registravam novos CNPJs, para garantir a continuidade do comércio, mesmo com a sonegação de impostos. Patrimônios pertencentes a integrantes da quadrilha também eram colocados em nome de “testas de ferro”.
Segundo o delegado, em torno de oito empresas foram alvo de diligências. “Muitas empresas foram fechadas, deixaram de exercer atividade”, disse. “Mas, na ativa, basicamente é uma empresa”, acrescentou.
As buscam realizadas nesta quarta têm o objetivo de consolidar as provas obtidas pelos investigadores, identificar comparsas, apreender documentos e aparelhos eletrônicos, além de garantir meios para o ressarcimento de valores aos cofres públicos.
“A parte fiscal está muito amarrada na investigação, e tudo tem robustez pelas informações já trazidas até pela Secretaria de Fazenda. A gente busca também algum patrimônio oculto por parte dos investigados. Eles blindaram o patrimônio deles, então a gente tenta localizar documentos de sessões de direitos, de escritura em nome deles mesmo ou de terceiros”, destacou o delegado.
Força-tarefa
Participaram da ação desta quarta cerca de 70 policiais da PCDF, equipes das polícias civis de São Paulo e Minas Gerais, bem como 20 auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do Distrito Federal.
As ações ocorreram no Plano Piloto e no Lago Norte, em Brasília, em São Paulo (SP) e em Buritis (MG), na sede das empresas abertas pelos criminosos, nas residências dos investigados, assim como nos escritórios de contabilidade responsáveis pela escrituração fiscal e contábil dos negócios da quadrilha.
Os investigados devem responder por sonegação fiscal, associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de capitais. Se condenados, eles podem receber pena de até 30 anos de prisão.
Com informações do Metrópoles
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