Boa Vista terá 1º hospital indígena do país para apoio a Yanomamis
A capital de Roraima abrigará o primeiro hospital indígena do Brasil. Segundo o secretário da Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai), Weibe Tapeba, pelo menos 31 mil indígenas vivem no território Yanomami
O secretário da Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai), Weibe Tapeba, anunciou junto a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, nesta quinta-feira (22/2), a construção do primeiro hospital indígena do país em Boa Vista (RR). Tapeba explicou que a ideia é que a unidade seja “de retaguarda e que leve os serviços de atenção especializada, de alta e média complexidade também ali para aquela região”.
“Entendendo que os serviços de saúde da nossa rede do estado de Roraima, do município de Boa Vista, é um sistema que no ano passado acabou colapsando também, teve uma emergência decretada, tem um cenário de crise humanitária de refugiados vindos da Venezuela e essa pressão também dos atendimentos Yanomamis, mas acreditamos que com esse hospital de retaguarda ajudaremos a distensionar o sistema de saúde no estado e no município”, afirmou o secretário.
Além do hospital, o apoio à saúde Yanomami contará com um centro de referência em Surucucu, uma área estratégica do território, com o objetivo de levar “os serviços de atenção especial para dentro do território”. O plano também prevê a construção e reforma de 22 unidades básicas de saúde indígena, a finalização da reforma da Casa de Saúde Indígena na capital roraimense e um “inquérito” de saúde indígena será realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para que seja possível identificar subnotificações dos dados da etnia.
“Nos dados do IBGE, nós apontamos uma população de cerca de 27,1 mil pessoas indígenas no território Yanomami e o nosso SIASI (Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena) aponta para 31 mil indígenas”, contou ele.
As ações foram caracterizadas como “estruturantes” por Tapeba pois, ao longo de 2023, os esforços foram voltados para ações emergenciais. Um diagnóstico foi feito logo no começo do ano passado, quando o governo declarou estado de emergência no território Yanomami, em razão da atividade garimpeira ilegal na área. “Acabamos herdando um território com sete polos-bases fechados. São polos importantes, que tem um conjunto de aldeias indígenas desassistidas, sem nenhum tipo de assistência de saúde indígena”.
“Alguns dos polos que foram reabertos, foram de forma parcial, tem algumas das comunidades que não alcançamos ainda e nesse polo do Caianaú nós ainda não conseguimos a entrada de equipe de saúde indígena ainda pela presença de garimpo e do cenário de insegurança. Daí a necessidade dessa articulação interministerial, com a presença das Forças Armadas, das forças de segurança para garantir a desintrusão plena do território Yanomami”, declarou ele.
Tapeba explicou que a Terra Indígena (TI) Yanomami é a maior do Brasil, com quase 10 milhões de hectares, uma população de 31 mil indígenas, em quase 380 comunidades e com acesso de insumos, equipamentos e equipes de saúde majoritariamente aéreo.
“De acordo com os dados dos órgãos de Segurança Pública, nós passamos a atuar num território em que foi invadido por mais de 30 mil garimpeiros e, a partir daí, nós tivemos uma ação de desintrusão daquele território para garantir o retorno das condições de vida naquele território. A presença do garimpo ilegal gera contaminação dos rios, afasta a caça, altera os modos de vida povo Yanomami. Altera os modos, inclusive, de produção de alimentos, isso gera malária, a desnutrição e tem afetado nossas ações de saúde”, comentou o secretário.
Com informações do Correio Braziliense
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