Vice-governador do DF diz que Rollemberg tem ‘desprezo’ pela sua pessoa porque ele é ‘negro de Ceilândia’
O vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana (PSD), disse que seu parceiro de governo, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), tem “desprezo pelos mais humildes” e que ele, Rollemberg, é um “pseudossocialista”. As afirmações foram feita por Santana durante a sessão solene ocorrida na Câmara dos Deputados em homenagem aos 58 anos de Brasília.
O conflito entre os agentes públicos já vem de longa data. Nos últimos meses, por exemplo, o distanciamento ficou nítido com a saída do PSD, partido de Santana, do governo. Rollemberg exonerou, na semana passada, 38 cargos comissionados que eram ligados ao vice-governador.
“Pois saiba, governador, que, diferentemente de você, que é filho de ministro e entrou no Senado pela janela, sem concurso, eu estudei, fiz concurso e tenho muito orgulho da minha cor e da minha origem”, disse Santana. O vice acredita que Rollemberg tem preconceito com sua pessoa pelo fato dele ser “negro de Ceilândia”.
“Em 2014, fui eleito vice-governador, acreditando que Rollemberg seria o novo na política, e faríamos juntos um governo moderno e eficiente. Infelizmente, errei nas minhas previsões. Errei em achar, no plural, que faríamos . Ele nunca permitiu que eu participasse das decisões. Nunca. Errei no moderno. Rollemberg mostrou-se a vanguarda do atraso”, afirmou Santana.
Leia abaixo a íntegra da fala de Renato Santana na tribuna da Câmara:
Em 2014, fui eleito vice-governador, acreditando que Rollemberg seria o novo na política, e faríamos juntos um governo moderno e eficiente.
Infelizmente, errei nas minhas previsões.
Errei em achar, no plural, que faríamos .
Ele nunca permitiu que eu participasse das decisões. Nunca.
Errei no moderno.
Rollemberg mostrou-se a vanguarda do atraso.
Perseguiu servidores. Descumpriu promessas. Abandonou compromissos. Afastou os aliados.
Errei no eficiente.
Não conseguiu terminar a adutora de Corumbá. Aumentou as tarifas de ônibus e Metrô, na calada da noite. Fui contra! Não fez nem um metro a mais de Metrô nem investiu no sistema viário. Fez um caos na saúde. Fechou delegacias e postos policiais. Destruiu, por ser incapaz de construir. Não fez sequer a manutenção obrigatória dos viadutos. Não cuidou da cidade, que responde ao descaso com a maior rejeição da história.
A princípio, tentei ajudar. Fui rechaçado.
Depois, fiz críticas construtivas. Fui ignorado.
E quando lealmente discordei, fui perseguido.
Para honrar meu mandato, fui para as ruas. Enquanto os asseclas acadêmicos do governador, que não conhecem as cidades satélites, ficavam encastelados no ar-condicionado de seus gabinetes.
Mesmo sem apoio, rodei 800 mil quilômetros em três anos e meio, ouvi a população e resolvi problemas.
Agora, que nossos rumos serão diferentes em 2018, o governador autoritário e despótico demite os servidores do meu gabinete, pessoas honradas e trabalhadoras. Devo lembrar que não fui nomeado, mas eleito pelo povo do Distrito Federal.
Para me prejudicar, ele prejudica pais de família e desrespeita a população que nos elegeu.
E por que tanta perseguição?
Chegou a hora de dizer.
PRECONCEITO.
Sou negro. Negro da Ceilândia. Sou servidor de carreira.
Rollemberg nunca escondeu seu desprezo pelos mais humildes. Faz um discurso pseudossocialista, mas no convívio diário não esconde seu elitismo e seus preconceitos.
Pois saiba, governador, que, diferentemente de você, que é filho de ministro e entrou no Senado pela janela, sem concurso, eu estudei, fiz concurso e tenho muito orgulho da minha cor e de minha origem.
Renato Santana
Servidor de Carreira