Companheira de mulher que morreu em fila da assistência social no DF não consegue liberação de corpo no IML

By Jeová Rodrigues | 23 de agosto de 2022 0 Comments

Instituto Médico Legal autorizou retirada do corpo apenas por familiares. Iomar Torres era companheira de Janaína Araújo há 10 anos, mas elas nunca assinaram documento de união estável.

Janaína Araújo morreu em fila do Cras, no DF — Foto: Arquivo pessoal

A companheira de Janaína Araújo, mulher de 44 anos que morreu enquanto aguardava atendimento na fila do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do Paranoá, no Distrito Federal, ainda não conseguiu a liberação do corpo. Nesta segunda (21), o Instituto Médico Legal (IML) autorizou a retirada do cadáver por algum parente, mas Janaína não tem mais nenhum familiar vivo.

Segundo Iomar Torres, companheira de Janaína há 10 anos, as duas nunca assinaram nenhum documento de união estável, e por isso ela não conseguiu retirar o corpo ainda.

“Entrei nesta segunda-feira no plantão judiciário, para ver se consigo. Porque já estou com a missa de sétimo dia marcada, e ainda não consegui dar um sepultamento digno pra ela”, conta Iomar.

De acordo com a direção do IML, o instituto só pode tratar do caso com a família, por ser uma “questão administrativa de natureza privada”. Iomar Torres aguarda uma decisão da Justiça do DF quanto ao caso.

Companheira mulher que morreu na fila do CRAS não consegue liberação do corpo

Atendimento nos Cras

Mesmo após o caso, as filas nos Cras continuam grandes, com pessoas dormindo em frente às unidades para conseguir atendimento. O problema ocorre pelo menos desde junho.

Nesta terça-feira (23), a Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes) instituiu uma parceria com o Corpo de Bombeiros (CBMDF) para ampliar o atendimento a quem precisa de inscrição ou atualização no Cadastro Único para os Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). A portaria foi publicada no Diário Oficial (DODF) e já está em vigor.

O serviço do CadÚnico é um dos mais procurados por quem está nas longas filas por atendimento nos Cras. De acordo com a portaria publicada nesta terça, os bombeiros vão atender as famílias de baixa renda em locais a serem definidos pela Sedes, conforme maior necessidade e demanda.

A pasta ainda não informou quais unidades terão atendimento em parceria com o Corpo de Bombeiros.

Relembre o caso de Janaína Araújo

Testemunha fala sobre morte de mulher na fila da assistência social, no DF

Janaína Araújo morreu na última quarta-feira (17), enquanto tentava conseguir o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um auxílio de um salário mínimo pago a idosos e pessoas de baixa renda que têm algum tipo de deficiência.

De acordo com a companheira, ela estava com a saúde debilitada e sem poder trabalhar, e queria o benefício para ajudar nas contas de casa.

Janaína tentava há oito dias atendimento no Cras. Na última quarta, ela decidiu passar a madrugada na fila para conseguir uma senha. No entanto, começou a se sentir mal.

Testemunhas contaram que Janaína dormia no carro, quando uma amiga pediu ajuda e disse que ela estava passando mal (veja vídeo abaixo). “Quando a gente chegou lá, ela estava com sintomas de que estava enfartando”, contou uma mulher que preferiu não se identificar.

Janaína foi levada ao Hospital Regional do Paranoá por testemunhas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.

A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) lamentou a morte e disse que “manifesta solidariedade aos familiares e amigos”.

Fonte: G1

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