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Preços das refeições fora de casa pesa no bolso do Brasiliense

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Levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador mostra que o preço médio para comer fora de casa, no último ano, subiu 24,2% no Distrito Federal. A salvação ainda é levar a marmita

Geovana Ramos, 25, almoça na rua há cerca de um mês com colegas de trabalho -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Geovana Ramos, 25, almoça na rua há cerca de um mês com colegas de trabalho – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Ir a um bar ou restaurante e comer fora de casa ficou 24,2% mais caro no prato dos brasilienses, desde o ano passado, com aumento médio de de R$ 33,37 para R$ 41,45. É o que mostra a pesquisa Preço Médio da Refeição Fora do Lar, realizada pela Mosaiclab, empresa de inteligência de mercado, do grupo Gouvêa Ecosystem, e encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). 

Gerente do restaurante Capital Grill, no Setor Bancário Sul (SBS), Max Willian, 25 anos, diz que a alta nos custos dos insumos, principalmente a carne vermelha, subiu cerca de 40% e alavancou o valor da comida. “O impacto disso no restaurante é que nós precisamos de uma margem de lucro. Não gosto de assustar os clientes e colocando um prato que dê R$ 60 ou R$ 70, que é o preço de uma grande franquia.”

Para chegar ao preço médio, a pesquisa considera uma refeição completa composta por: prato principal, bebida não alcoólica, sobremesa e café. Nesse combo, Max conta que a maioria dos clientes opta por pagar com vale refeição. “Esses cartões de ticket alimentação têm uma taxa (de cobrança) muito alta. Mas como não gosto de cobrar preços exorbitantes, dou desconto de 10% aos bancários e terceirizados que trabalham por aqui, que é uma forma de não perder clientela”, assegura o comerciário.

O levantamento mostra que Brasília é a terceira cidade do Centro-Oeste com maior preço médio, atrás de Cuiabá, com R$ 42,63, e Campo Grande-MT, com R$ 49,17. Apesar deste cenário, o técnico em informática Fábio Lopes, 28, costuma almoçar na rua com o vale refeição da empresa. “Normalmente, vou em restaurantes self-services e pago em torno de R$ 45. No ano passado, eu pagava R$ 35. Mas como uso o vale alimentação da empresa, é bom e economizo meu salário.”

O técnico de informática entende que o ideal seria levar comida de casa para o trabalho. “Opto por não comer tanto e ter uma alimentação mais saudável. Estou fazendo acompanhamento com nutricionista e tendo uma alimentação mais balanceada.”

Em 2023, a pesquisa foi realizada entre junho e agosto de 2023, em 4.516 estabelecimentos comerciais, 22 estados e o Distrito Federal. No total, foram coletados 5.470 preços de pratos em todo o Brasil, em estabelecimentos que servem refeições no horário do almoço, de segunda a sexta-feira. No ano passado, o levantamento foi feito entre fevereiro e abril.

O valor apurado, neste ano, no Centro-Oeste, é de R$ 41,75, preço médio 22,1% superior ao de 2022. Mesmo assim, ficou abaixo da média nacional, de R$ 46,60, considerando-se a categoria de autosserviço, restaurantes a quilo e a la carte. A alta dos números assustou a analista de software Geovana Ramos, de 25 anos.

Ela passou a almoçar com colegas de trabalho, há cerca de um mês, no Setor Bancário Sul e compara os valores cobrados no Plano Piloto em relação a Samambaia Norte, onde mora. “Eu pagava R$ 25 no ano passado, na minha cidade, e aqui chega a R$ 40, dependendo do local”, relata. Para poupar um pouco o salário, quando almoça no intervalo do serviço, Geovana leva a alimentação de casa.

Economia

Na avaliação do professor de Economia do Ibmec William Baghdassarian, o fato do preço dos alimentos ter ficado, em média, acima de 10% da inflação nacional, influencia no valor final. Para ele, outro fator é a mão de obra para sustentar funcionários, principalmente quando há escassez dela. “Isso acaba pressionando o salário dessas pessoas. Em muitos lugares, elas têm que pagar dois ou três salários mínimos, e isso aumenta os custos. Toda vez que tem um aumento dos insumos ou salários, há uma margem menor no final, recompensada com elevação dos preços”, analisa o especialista.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário médio no Centro-Oeste era de R$ 3.396 quando a pesquisa foi iniciada, em junho deste ano. O gasto médio para o trabalhador da região central do país consumir um prato de refeição é de R$ 728,20. Isso significa que é necessário investir 21,4% do salário médio mensal apenas com alimentação de qualidade para almoçar fora de casa. “A solução é levar comida de casa e tentar refrigerar bem o alimento ou tentar economizar buscando restaurantes mais baratos”, aconselha Willian.

Ricardo Contrera, sócio-diretor da Mosaiclab e responsável pela pesquisa, avalia que, apesar da alta nos preços, os estabelecimentos têm feito um grande esforço para enfrentar as oscilações da economia. Entretanto, ele cita uma série de reajustes, como os dos combustíveis, gás de cozinha, energia elétrica e aluguel comerciais, que obrigam o comércio a se adaptar para não ter grandes prejuízos e inviabilizar os negócios. Para ele, é determinante a alta da taxa de juros no preço final da comida nos restaurantes.

“O aumento de preços das refeições é diferente de acordo com a realidade local. Vários fatores podem influenciar tais como hábitos de consumo, dos impostos, do frete, do clima e de outros indicadores”, detalha Contrera. Nesse sentido, o cenário econômico pós-pandemia é outro ponto que reflete nos preços. “Na pandemia, boa parte dos estabelecimentos ficaram fechados, atendendo basicamente via delivery. Muitos reduziram seu quadro de pessoal, mas tiveram que arcar com as altas taxas de entrega”, conclui o responsável pela pesquisa.

Com informações do Correio Braziliense

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Jornalista

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