Alerta vermelho: cada vez mais todo cuidado com a dengue é pouco
Apesar da redução do número de infectados pela doença, especialistas dizem que pode haver aumento de casos devido ao período chuvoso
Depois de uma forte onda de calor, e a volta das chuvas, se acende o alerta vermelho sobre a dengue no Distrito Federal. No último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), em 19 de dezembro de 2023, a pasta informa que a dengue apresenta um comportamento sazonal no DF, ocorrendo, principalmente, entre os meses de outubro a maio, períodos de precipitação.
O infectologista André Bon, do Exame Medicina Diagnóstica, da rede Dasa no DF, aponta que a época é propicia para o mosquito. “O período chuvoso tem maior número de casos de dengue, porque é justamente neste período que tem maior proliferação de mosquito e o aumento de casos”, explicou.
De acordo com dados da SES-DF, a região administrativa do DF que teve mais casos da doença foi Brazlândia, que aparece como alta incidência de casos, tendo 331,44, em cada 100 mil habitantes. Em seguida estão Recanto das Emas, com 257,15 casos; Vicente Pires, com 187,93; Ceilândia, com 162,81 casos; todas classificadas como incidência média.
Este ano, foram notificados 46.032 casos suspeitos de dengue, dos quais 34.528 eram prováveis. Observa-se neste período, uma redução de 53% no número de casos prováveis de dengue em residentes no DF, se comparado ao mesmo período de 2022, quando foram registrados 69.377 casos prováveis da doença. O número de óbitos confirmados em 2023 foi dois. Em 2022, no mesmo período, foram registrados 13 óbitos por dengue.
Porém, mesmo com a redução, os brasilienses devem manter o cuidado. A moradora do Jardim Botânico Maristela Nogueira, de 48 anos, conta que, no condomínio onde mora, os casos de dengue têm sido recorrentes. O filho de 12 anos pegou a doença, assim como outras três pessoas da mesma rua e duas da rua acima. “Eu fui à farmácia comprar repelente e a balconista me informou que não tinha mais o produto, por conta da preocupação das pessoas com o mosquito”, relata.
Ainda de acordo com Maristela, o filho está com a doença desde o último sábado. Situação que preocupou a família devido à prostração do menino, vômito, febre alta, ardência nos olhos e a falta de apetite. “Eu fiquei desesperada, tenho certeza que ele pegou em casa”, conta.
O morador da Ceilândia Bento da Silva, 62, foi “contaminado com os vírus da dengue e da chikungunya há cerca de 30 dias e ficou 10 dias prostrado, chegou a achar que iria morrer. Eu fiquei tomando medicação na veia e totalmente fragilizado, tinha dificuldade até mesmo de ir ao médico, ainda estou me recuperando”, detalha.
Cuidados
A respeito dos cuidados, o médico André Bon alerta para não deixar a água parada, que deve ser um cuidado primordial. E também: colocar areia nos vasos de plantas, não deixar pneus largados e coisas que possam formar água parada, pois são depósitos de ovos do mosquito. “Além disso, existem outras medidas, como por exemplo utilização de repelentes, roupas de manga longa, utilizar telas e mosquiteiros, o ar-condicionado também reduz a atividade do mosquito”, aconselha o especialista.
A respeito dos cuidados tomados pelo governo, a Secretaria de Saúde informa que a Vigilância Ambiental do DF conta com cerca de 800 profissionais que se dividem nas atividades de combate ao mosquito Aedes aegypti. São 15 Núcleos de Vigilância Ambiental que atendem as regiões administrativas. Os profissionais são divididos em duplas e seguem o itinerário das inspeções domiciliares das cidades. São visitados todos os tipos de imóveis, incluindo os pontos estratégicos, que são os terrenos abandonados, borracharias, ferro-velho, floriculturas, entre outros. As visitas ocorrem todos os dias úteis. Outros órgãos do GDF também são aliados nesse combate, como: Corpo de Bombeiros, DF Legal, Defesa Civil, SLU, SSP e outros.
Todas as estratégias de combate à doença atendem às normativas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. Há as visitas domiciliares, o uso de armadilhas contra o inseto e a aplicação do inseticida pelo UBV pesado, chamado popularmente de fumacê. O objetivo do fumacê é matar o mosquito na sua fase adulta, por isso, a aplicação ocorre nos locais em que há maior incidência de casos e comprovação pelas equipes da vigilância ambiental de aumento de mosquitos na fase adulta. Para a fase larvária, por exemplo, é aplicada a pastilha de larvicida. Para cada fase há uma metodologia preconizada.
Vacina
Na última quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que uma vacina contra a dengue será incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante, conhecido como Qdenga, não será aplicado em larga escala e deve seguir uma lista de público e regiões prioritárias devido a uma limitação de fabricação do laboratório Takeda.
A incorporação do imunizante foi analisada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) e passou por todas as avaliações da comissão que recomendou a incorporação. Agora, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará junto à Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir a melhor estratégia de utilização dos imunizantes de acordo com público-alvo prioritário e regiões com maior incidência da doença.
Segundo o laboratório responsável pela produção do imunizante, a previsão é de que sejam entregues 5.082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. O esquema vacinal é composto por duas doses.
Com informações do Correio Braziliense
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