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Dengue: leitos nas UTIs e em enfermarias estão próximos da superlotação no DF

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O avanço da doença no DF está impactando toda a rede pública. A taxa de ocupação dos leitos de UTI ultrapassa 97%. A demora no atendimento também é um dos problemas enfrentados pelos pacientes

Os leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) e enfermarias dos hospitais públicos do Distrito Federal estão próximos da superlotação. Segundo dados do painel InfoSaúde, da Secretaria de Saúde do DF (SES), a taxa de ocupação das vagas em UTI ultrapassa os 97%. Analisando os leitos de enfermaria, o índice supera os 76%. Os dados da secretaria sobre a ocupação de leitos abrangem os públicos e os contratados pela pasta (na rede privada), ou seja, que estão à disposição do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, os hospitais particulares que possuem leitos públicos não têm nenhum vago.

Em nota enviada ao Correio, a SES informou que, nessa semana, aumentou 15 leitos de observação no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) após reforma do Pronto Socorro e em 20 leitos de UTI pela rede suplementar. Também está em tratativas para aumento de mais 15 leitos de UTI na rede privada. Quanto à ampliação da oferta a médio prazo, a pasta afirmou que está elaborando um novo edital de leitos.

Peregrinação

A reportagem do Correio esteve no Hospital Regional de Planaltina (HRP), na tarde de ontem, e presenciou a sobrecarga do sistema público de saúde. Mais de 30 pessoas aguardavam na fila do pronto atendimento — uma espera que ultrapassava três horas para a maioria dos pacientes — pois havia um único médico plantonista na clínica geral, e mais um profissional na ala da pediatria, segundo informações de fontes do local. Aqueles que não possuíam a pulseira de classificação vermelha ou laranja, específicos dos casos de emergência e urgentes, respectivamente, eram preteridos no atendimento. Isso, quando conseguiam passar pela triagem em menos de uma hora. A reportagem testemunhou a situação de crianças pequenas, idosos e gestantes, que apinhavam-se na recepção, revoltados.

Em um dos bancos, Maria Lopes Ribeiro, de 76 anos, com sintomas de dengue, adormeceu esperando assistência. Sua neta, Cleide de Oliveira Braga, 34, informou que as duas haviam chegado por volta de 10h no hospital, após orientação de profissionais da UBS 1 de Planaltina. “Fomos encaminhadas para cá, porque disseram que as plaquetas dela estão muito baixas. Saiu hoje o resultado do exame dizendo que ela está com dengue”, apontou. Na impressão do hemograma, o resultado apontava para um nível de 188 mil plaquetas (considerando uma amostragem de 150 a 450 mil).

Maria está fazendo acompanhamento médico há uma semana, devido a escoriações nas veias da perna direita, que foi enfaixada. “Parece que estou com as veias todas entupidas. Quando eu passo a mão parece que tem sangue escorrendo”, descreveu. Por volta de 13h, ela ainda não havia passado pela triagem. “Ela tem um problema de varizes que abriu uma ferida. Faz anos que cicatriza e depois o machucado volta. A sorte dela é não ser diabética”, comentou a neta. Dona Maria ficou internada durante dois dias no Hospital Regional de Planaltina por conta da inflamação das varizes.  Ela recebeu alta dia 17, e em menos de uma semana teve de retornar ao hospital.

Wanessa Soares dos Santos, 23, foi falar à chefia do Hospital de Planaltina mais de uma vez para tentar agilizar o atendimento da filha Ana Luísa, uma bebê com um ano e meio de idade. “Me disseram que só poderia mudar a pulseira (de cor amarela para laranja) com 39,5°C de febre”, indignou-se. Wanessa, que esteve pela última vez no Hospital Regional de Planaltina para ganhar a bebê, se viu abandonada diante da demora. “Foi de repente. Ela teve febre de 39ºC, hoje (ontem) de manhã, e começou a tremer, convulsionando”, relatou a moradora do Vale do Amanhecer. “Estou preocupada de ser dengue. Estou querendo ir para casa, mas tenho medo de acontecer o pior”, disse.

“Vi muitas pessoas desmaiando na entrada da emergência. A situação está feia”, afirmou um funcionário do HRSM, onde não há leitos de UTI vagos, conforme informações da plataforma Info-Saúde, da SES. O servidor não quis se identificar. Na manhã de ontem, toda a clínica médica estava mobilizada para tratar os casos mais emergenciais, tanto de dengue quanto de outras doenças. Nesse contexto, o procedimento envolve passar pela triagem e ser encaminhado para a internação. A orientação geral era de que pacientes estáveis ou menos graves se dirigissem às tendas, às UBSs ou às UPAs.

No Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a situação não era diferente. Do total de leitos para adultos (10), havia apenas um disponível. No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), a emergência vazia não representava o cenário dentro da UTI, onde não há mais leitos vagos.

Leitos e contratações

Além disso, houve uma expansão de 55 leitos de internação no Hospital da Cidade do Sol, em Ceilândia, com a contratação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges). Na última quinta-feira, o GDF abriu um chamamento público de 200 médicos temporários e nomeou 180 técnicos de enfermagem, 156 enfermeiros, 115 Agentes Comunitários de Saúde e 90 médicos especialistas, todos efetivos. Para a contratação dos médicos temporários e demais carreiras, o GDF vai investir R$ 59,9 milhões. Os recursos estão garantidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024.

Os novos profissionais serão distribuídos para diversas áreas de atendimento à população, como Samu, hospitais, Atenção Primária, em áreas já mapeadas, com objetivo de ampliar o acesso da população aos serviços de saúde.

Tratativas

Na última quinta-feira, aconteceu no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) a reunião da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride) Sul. Na ocasião, ficou acordado um esforço e maior comunicação entre as gestões municipais do Entorno e do DF para atender os pacientes com dengue. Um novo encontro ocorrerá em 21 de março.

Atualmente, a pediatria é uma das maiores preocupações dos gestores da saúde, pois a incidência de dengue em crianças tem sido bem maior. De acordo com o gerente de Emergência do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Felipe Augusto Oliveira, o pronto-socorro infantil da unidade está com 70% das internações por causa de dengue e na enfermaria, 90% é de crianças com dengue. Do total de atendimentos, 47% destes pacientes pediátricos são de municípios vizinhos de Goiás.

Com informações do Correio Braziliense

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Jornalista

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