Ao Correio, especialistas desmistificam procedimentos estéticos destinados à melhora da aparência e do tamanho do órgão genital masculino
Procedimentos estéticos na região pélvica têm se tornado cada vez mais comuns entre homens. Reunidas sob o nome popular de ‘harmonização peniana’, essas intervenções, embora possam auxiliar no aumento da autoestima daqueles que não estão satisfeitos com o próprio órgão genital, têm riscos que devem ser levados em consideração.
“A harmonização peniana é um termo que ainda é questionado pelas entidades médicas”, esclarece ao Correio o coordenador da disciplina de medicina sexual da Sociedade Brasileira de Urologia, Eduardo Miranda. “Ele faz uma alusão a vários procedimentos estéticos para melhorar a aparência do órgão genital masculino.”
De acordo com Eduardo, dentre os vários procedimentos, o que faz mais sucesso e é mais conhecido é o preenchimento subcutâneo com ácido hialurônico, que busca engrossar o pênis. “O principal objetivo é aumentar o calibre, a grossura do órgão genital masculino e eventualmente diminuir aquele aspecto de contração no estado flácido.”
O biomédico e doutor em biomedicina José Henrique Santos Silva, que atua com procedimentos de harmonização peniana, afirma que a intervenção também promove “melhora na simetria e rejuvenescimento do tecido”. Além disso, conta que, mais do que o preenchimento com ácido hialurônico, há procedimentos que permitem “controle de hiperatividade muscular na região pubiana, clareamento íntimo e tratamento de assimetrias penianas”.
“Cada técnica tem uma finalidade específica — estética ou funcional — e pode ser combinada para atender às necessidades do paciente de forma individualizada”, informa.
Eduardo explica que homens recorrem ao preenchimento geralmente quando estão incomodados com o volume ou o tamanho do membro flácido — quando ele não está em estado de ereção. Isso porque, ao passar pela intervenção, o órgão “acaba ficando um pouco maior e isso traz às vezes uma sensação de autoestima e de conforto”. Ele reitera que a harmonização é um procedimento “eminentemente estético”, que visa melhorar a relação do homem com o próprio corpo.
José Henrique reforça o “conforto psicológico” que pode ser proporcionado ao paciente pela intervenção. “Muitos relatam aumento da autoestima e da confiança”, diz. “É importante reforçar que não há impacto direto na função erétil, mas sim uma melhora na percepção corporal.”
Atualmente, o biomédico conta que realiza, em média, de 30 a 50 procedimentos de harmonização peniana por mês e afirma que “esse número vem crescendo de forma constante”. Segundo ele, a maior procura reflete “maior busca por informação, quebra de tabus e uma nova visão sobre a saúde íntima masculina — mais aberta, responsável e centrada no bem-estar global do paciente”.
Como é realizado?
As técnicas de harmonização têm diferentes maneiras de serem realizadas. “O preenchimento peniano com ácido hialurônico, por exemplo, é feito por meio de microcânulas (pequenos tubos metálicos adaptados a seringas) que introduzem o produto na camada subdérmica do pênis”, explica José Henrique. “A quantidade de ácido hialurônico varia conforme a anatomia e o objetivo do paciente, mas em média utilizamos entre 10 e 20 mL por sessão, podendo chegar a volumes maiores em casos específicos, sempre com critério técnico.”
A recuperação dos procedimentos costuma ser rápida, de acordo com o biomédico. “O paciente pode retornar às atividades leves no mesmo dia, com recomendação de evitar relações sexuais e exercícios intensos por cerca de 7 a 10 dias. Pode haver leve inchaço ou pequenos hematomas nos primeiros dias.”
Sobre a sensibilidade do órgão, o especialista afirma que ela geralmente não é afetada: “Em alguns casos, pode haver uma leve alteração transitória que se normaliza nas semanas seguintes”.
A repetição dos procedimentos depende “da reabsorção do material e da avaliação clínica”, mas geralmente pode ocorrer, segundo o biomédico, em um tempo entre 12 e 18 meses.

Riscos
Como qualquer outra intervenção cirúrgica, a harmonização está sujeita a riscos, como deformidades e infecções. “É um procedimento de consultório, mas que é invasivo, porque envolve anestesias locais e uso de agulhas para infusão de materiais de ácido hialurônico no espaço subcutâneo”, explica o Eduardo Miranda.
O primeiro risco que ele aponta é o de inadequação estética: “Pode haver uma má distribuição do ácido hialurônico, podem ficar granulações, deformidades e assimetrias”.
Essa possibilidade, porém, não é a mais temida. “O maior risco é de infecção, que pode levar a quadros mais graves”, informa o urologista. “Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar, uso de antibióticos intravenosos para o controle da infecção e até procedimentos cirúrgicos para controlar algumas repercussões na pele e nas funções do pênis.”
José Henrique garante que “todos os procedimentos são realizados com anestesia local e acompanhamento rigoroso para garantir segurança e bons resultados”.
Profissionais habilitados
“É um ato médico que deve ser feito por profissionais médicos”, reforça Eduardo Miranda.
Dentre os especialistas, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o urologista. “Ele é o médico mais habilitado para fazer esse tipo de procedimento, já que ele tem mais experiência com essa região e está apto para tratar todas e quaisquer complicações, tanto do ponto de vista superficial da pele, como do ponto de vista funcional da parte da ereção e do fluxo urinário”, orienta.
Além do profissional de urologia, o biomédico esteta é autorizado pelo Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) a atuar em procedimentos de “preenchimentos semipermanentes” e “aplicação de substâncias para fins estéticos por via intramuscular”, segundo normas da repartição pública.
Em manifestação enviada à reportagem, o conselho informou que, para realizar procedimentos estéticos, os profissionais biomédicos devem estar devidamente inscritos e habilitados em Biomedicina Estética — ou seja, certificados e com requisitos específicos relacionados à área, bem como em situação regular para com a repartição.
Substâncias
O CFBM reforça que preenchimentos, bem como quaisquer outros procedimentos relacionados à área estética, devem ser realizados a partir do uso de “substâncias devidamente registradas e legalizadas para uso de acordo com as normas descritas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.
Além disso, os biomédicos estetas “deverão seguir estritamente as normas descritas pelo fabricante (do produto) em conformidade com a sua especialidade, e em obediência as normas estabelecidas pela sociedade científica”.
É proibido pelo Conselho o uso do Polimetilmetacrilato (PMMA), tipo de preenchedor aprovado para Anvisa apenas para fins corretivos e não indicado pela agência para procedimentos com fins estéticos.
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