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Lula sobre Salgado: “Fotógrafo muito especial, que o planeta Terra produziu”

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Presidente reverencia o artista, morto aos 81 anos, e enfatiza o legado que ele deixa para a humanidade. Chefe do STF, Luís Roberto Barroso destaca o olhar que o brasileiro tinha para a proteção do meio ambiente e das comunidades indígenas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e várias autoridades da República renderam homenagens a Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, que morreu aos 81 anos, em Paris, vítima de problemas decorrentes da malária. O chefe do Executivo recebeu a notícia durante uma reunião com o presidente de Angola, João Lourenço, no Palácio do Planalto. Por coincidência, o petista presenteou o dirigente africano com uma foto tirada por Salgado, cuja entrega já estava programada. Ao encerrar a declaração conjunta dos dois presidentes à imprensa, Lula pediu um minuto de silêncio em homenagem ao artista.

“Diante da alegria de receber o João Lourenço aqui, a gente ficou sabendo de uma notícia muito triste. Eu até queria, em homenagem, pedir um minuto de silêncio pela morte do companheiro Sebastião Salgado. Se não o maior, um dos maiores e melhores fotógrafos que o mundo já produziu”, declarou Lula. Reconhecido internacionalmente, Salgado percorreu 120 países registrando guerras, conflitos, povos nativos, com foco na questão social e na proteção do meio ambiente.

Lula comentou o presente que entregou logo depois ao visitante. “O meu chefe de cerimonial e o Itamaraty tinham preparado, e nós vamos entregar como presente do Brasil ao João Lourenço, exatamente uma fotografia do Sebastião Salgado. Portanto você vai receber a fotografia de um fotógrafo muito, mas muito especial, que o planeta Terra produziu”, frisou Lula. A imagem foi entregue durante almoço no Itamaraty e mostra a estátua de Maria da Fonte, figura histórica da resistência popular portuguesa, em Nova Lisboa — atual Huambo — na Angola, coberta por uma lona logo após a guerra da independência de Angola da colonização por Portugal. O retrato foi feito em 1975 por Salgado, ano da declaração da independência no país africano.

Angola foi uma colônia de Portugal, assim como o Brasil, mas a sua independência ocorreu apenas em 1975, após uma guerra de 13 anos. À época, o governo brasileiro foi o primeiro a reconhecer a soberania angolana. “Salgado enquadra esse monumento em solo africano com rara sensibilidade, revelando como vestígios coloniais persistem nos espaços e narrativas locais. Em meio a um país que renascia, a imagem simboliza a força e a coragem dos povos que enfrentaram o domínio estrangeiro”, diz a placa que acompanha a fotografia.

Pouco depois, Lula publicou uma nota de pesar nos canais oficiais do governo, além de uma foto ao lado de Salgado. O presidente disse estar “profundamente triste” com a morte. “Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviram, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade”, postou. “Salgado não usava apenas seus olhos e sua máquina para retratar as pessoas: usava também a plenitude de sua alma e de seu coração. Por isso mesmo, sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade.”

O vice-presidente Geraldo Alckmin também se pronunciou. Declarou que Salgado foi um grande ativista por meio de suas lentes. “Ele nos revelou as belezas e injustiças do mundo, uma celebração da vida e um chamado à ação consciente.”

“Patrimônio cultural”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, se emocionou ao relembrar conversas recentes com Salgado, destacando seu compromisso com causas ambientais e indígenas. “Ele era um patrimônio cultural brasileiro. Sua perda é uma imensa perda para a humanidade”, declarou.

O ministro falou da “imensa tristeza” com que recebeu a notícia da morte de Salgado. “Na verdade, um grande artista. Uma morte precoce, 81 anos hoje em dia é muito cedo. Ele era um dos patrimônios culturais brasileiros”, frisou. “Há poucas semanas, ele me telefonou por uma questão que o preocupava. Ele é um homem que tinha um olhar voltado para a proteção ambiental, para a proteção das comunidades indígenas, para outras causas importantes da humanidade.” Barroso também mencionou que seu gabinete e outras áreas do STF exibem imagens feitas pelo brasileiro, reflexo do respeito à sua obra.

A ministra Cármen Lúcia, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que a morte do fotógrafo representa uma “enorme perda para o Brasil e para essa humanidade tão precisada de grandes humanidades como o Tião”. E completou: “Sebastião era Salgado apenas no sobrenome: um ser humano a mostrar doçura total, mesmo nas denúncias fotografadas das indignidades do mundo”.

Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes ressaltou que Salgado foi, “sobretudo, um grande humanista”. “Suas lentes registraram momentos históricos no Brasil e no mundo, iluminando injustiças e flagelos ao nosso redor”, disse.

Gilmar ressaltou que as fotografias do artista “alertam para os impactos climáticos e são um lembrete constante da necessidade de preservação ambiental”. “Ainda assim, Salgado nunca perdeu a esperança em dias melhores para a humanidade.”

Em nota, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ressaltou que Salgado “deixa um legado inestimável, que combina maestria artística com um compromisso inabalável com as causas sociais, especialmente a defesa dos povos indígenas e dos trabalhadores e a preservação ambiental no Brasil e no mundo”.

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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