Sebastião Salgado inspirou gerações de fotógrafos e foi uma referência ética para muitos
Inspiração para várias gerações de fotógrafos, Sebastião Salgado era também uma referência ética. A maneira como organizava os projetos, o respeito pelos objetos fotografados e a consciência ao apontar a lente para as maiores tragédias humanas e ambientais eram influências notáveis no mundo da fotografia e na repercussão alcançada pelas imagens.
Professor de fotografia no curso de Comunicação do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Lourenço Cardoso ressalta a amplitude do trabalho de Salgado. “Capaz de unir seriedade e um sorriso no mesmo semblante”, diz. “Ele soube extrair beleza das formas e das situações mais trágicas da humanidade, realizando algo único, incomparável. Sua morte representa uma grande perda para a fotografia, tanto brasileira quanto mundial.”
O fotógrafo André Vilaron, que trabalhou na revista Manchete e hoje é gestor público, conta que cresceu admirando e aprendendo com o olhar de Salgado, herdeiro de uma linha humanista ancorada em nomes fundadores do fotojornalismo, como Eugene Smith, Dorothea Lange e Walker Evans. “Fazia uma fotografia que não se dissociava dele, como pessoa. Era tudo uma coisa só, suas imagens, suas convicções e o que ele achava importante destacar, para o mundo, a partir da fotografia”, avalia Vilaron. A fotografia documental, lembra, vai muito além do registro da cena, sendo uma construção do olhar. “E ele acreditava que, com sua força, a imagem tem a potência para sensibilizar, emocionar e, desta forma, contribuir para transformar o mundo”, explica. “É uma perda imensa”, lamenta.
Para a fotógrafa Zuleika de Souza, Sebastião foi o fotógrafo que mostrou o Brasil para o mundo e o mundo para o Brasil. “Ele conseguiu estar em todos os quatro cantos do mundo e ter um olhar terno, um olhar humano sobre as pessoas que ele estava fotografando”, diz. “Eu me lembro de uma história que ele falava que em lugares de fome, ele se alimentava com pílulas para não comer em lugares que as pessoas não estavam conseguindo comer, ele se alimentava com vitaminas. Ele sempre teve um olhar muito humano sobre quem fotografava. Ele se colocava no lugar daquelas pessoas, e fez imagens belíssimas, maravilhosas.”
Organizador do Mês da Fotografia e fundador da Photo Agência, Eraldo Peres ressalta o aspecto acessível de Salgado, mas também a compreensão de que o fotojornalismo e a fotografia documental não precisavam estar necessariamente ligados a um veículo de comunicação. Com projetos monumentais que duravam anos, ele trazia para um espaço ampliado e de enorme repercussão temas urgentes do planeta. “É um cara que documentou essas questões que perpassam todos os tempos, que sempre estiveram aí e vão perdurar”, acredita. “E tinha essa postura de uma pessoa que não senta em cima de um nome mas, pelo contrário, conversa com todos, disponível para as pessoas”, conta, ao lembrar de dois encontros com Salgado devido a exposições realizadas em Brasília.
*Estagiário sob a supervisão
de Nahima Maciel
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