Após tomar posse na Delegacia Especial à Mulher, em Ceilândia, Adriana Romana fala sobre as ações da unidade para o próximo período
Recém-empossada como delegada Delegacia de Atendimento Especial à Mulher II (Deam II) da Polícia Civil, Adriana Romana, falou com o TaguaCei sobre as ações da unidade para os próximos meses. Romana já trabalhou na Deam I e nas delegacias 19ª, 23ª e 24ª, todas em Ceilândia. A delegada passa a ocupar um cargo, que em suas palavras, é considerado por ela como “uma grande honra”. “Porque eu comecei trabalhar na Polícia Civil aqui em Ceilândia”, ela explica.
A Deam II vai ficar responsável exclusivamente para atende a região administrativa de Ceilândia. Mas conforme explica a delegada, qualquer vítima pode buscar os serviços. Enquadram-se nos tipos de crime investigados pela delegacia especial, atos que se enquadrem na lei Maria da Penha, na violência doméstica familiar, em crimes contra a dignidade sexual e em maus tratos ou abandono de incapaz de meninas e adolescentes e idosos.
Sobre o crime de feminicídio, Adriana Romana explica: “tentativa de homicídio resulta numa violência grave. É quando a pessoa pratica um ato que pode levar à morte.”
Ceilândia, por ser a maior cidade do Distrito Federal em número populacional, tem também o maior número de casos de violência contra a mulher. De acordo com dados da Deam II, esses casos são mais acentuados em Ceilândia, mas em todo o DF os números são expressivo, afirma Romana. “Ceilândia, junto com o Sol Nascente, é a cidade do DF que tem o maior índice de crimes desta natureza.”
A delegada salienta que a maioria dos casos de violência contra a mulher acontece dentro de casa. Segundo ela, esse tipo de crime não faz distinção de classe social, ou seja, acontece entre pobres e ricos. Em sua opinião, muitos casos de violência chegam à morte por não terem sidos denunciados a tempo.
“A maioria das mulheres que foram vítimas de feminicídio não tiveram nenhum registro policial. Talvez [isso ocorra] pelo fato que elas próprias não entendiam que estavam dentro de um ciclo de violência”, esclarece Romana.
A delegada lembra ainda que o crime contra a mulher não se resume apenas em violência física, mas outras ações também podem ser consideradas como atos de agressão à mulher. “Porque não é só o crime que vem trazer a violência. Um relacionamento abusivo também. Um controle excessivo sobre a conduta da mulher, às vezes, ela entende que essa relação de controle é uma relação de cuidado, de amor, mas quando se avalia percebe-se que não é.”
Por isso, Romana aconselha que qualquer ato de violência, seja ela mais banal que possa ser, deve ser imediatamente denunciado. “Se nós não temos o conhecimento que essa violência está ocorrendo, a gente não tem como buscar essa mulher. Não tem como ajudá-la”, diz.
Estrutura
No DF, segundo a Polícia Civil, em 2019, houve 34 casos de feminicídio. Este ano, são oito casos até o momento.
O corpo de profissionais voltado a essas ações, segundo Romana, no momento é de 49 policiais. A Deam II funciona em período integral, ou seja, 24 horas.
A Deam II em Ceilândia está instalada no mesmo prédio da 15ª Delegacia da Polícia Civil, localizada no centro de Ceilândia, próximo à Feira Central. Lá também está funcionando uma posto do Instituto Médico Legal (IML) justamente para dar suporte à DP e a Deam II.
Os telefones para denúncias são 3207 7382-3207 7405-197 e 180.
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