Na ONU, Lula lamenta guerras e afirma que uso da força “está virando regra”
“Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento”, defendeu o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou as guerras em andamento no Leste Europeu e no Oriente Médio durante discurso nas Nações Unidas, nesta terça-feira (24/9), e afirmou que o uso da força “está virando a regra”.
Também destacou o recorde de gastos militares no mundo, de US$ 2,4 trilhões em 2023, e defendeu que os recursos poderiam ser usados para acabar com a fome e enfrentar as mudanças climáticas. Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o petista comentou ainda a proposta de paz apresentada pelo Brasil e pela China.
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O chefe do Executivo iniciou sua fala com um aceno à Palestina, que participa pela primeira vez, como membro observador, de uma Assembleia Geral das Nações Unidas. A presença da delegação, chefiada pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmmoud Abbas, foi defendida pelo Brasil. Mais de 40 mil palestinos já morreram nos ataques israelenses.
“2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões. Mais de US$ 90 bilhões foram mobilizados com arsenais nucleares. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”, discursou Lula durante a abertura da Cúpula, que reuniu chefes de Estado de todo o mundo.
“O que se vê é o aumento das capacidades bélicas. O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra. Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem confrontos generalizados”, declarou ainda, citando o conflito entre Rússia e Ucrânia, e o que envolve Israel a Palestina, que agora se estende para o Líbano.
Proposta de paz entre Rússia e Ucrânia
Sobre o conflito na Ucrânia, Lula destacou que o Brasil condenou a invasão russa, e defendeu que nenhum dos envolvidos vai atingir suas metas apenas pelo meio militar. Comparou a situação ainda com a Guerra Fria, e pediu que seja aberto um canal de negociação, como o defendido em proposta de paz apresentada pelo Brasil e pela China, mas que é rejeitada pela Ucrânia.
“Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades”, afirmou o chefe do Executivo.
Já sobre a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, Lula lamentou a escalada do conflito no Líbano, após as forças israelenses atacarem alvos do grupo Hezbollah com bombardeiros, matando civis no processo. Voltou ainda a argumentar que o direito de defesa de Israel, após os ataques iniciais do Hamas em 7 de outubro do ano passado, se transformaram em “direito de vingança”.
“Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a quase 30 milhões de pessoas. Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões”, pontuou o presidente.
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