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Influencer do DF suspeito de lavagem de dinheiro é solto e vai usar tornozeleira eletrônica

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Kleber Moraes, conhecido como ‘Klebim’, e outros três presos devem permanecer em casa entre 19h e 6h e não podem frequentar bares e festas. Influencer foi preso em operação que investiga grupo suspeito de exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa; defesa nega acusações.


A Justiça do Distrito Federal determinou a soltura do influencer Kleber Moraes, conhecido como Klebim, do canal “Estilo Dub”, e de outros três presos no âmbito da Operação Huracán, da Polícia Civil, que investiga um grupo suspeito de exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa (veja detalhes abaixo). 

De acordo com a decisão, eles deverão usar tornozeleira eletrônica pelo prazo de 120 dias e devem permanecer em casa no período entre 19h e 6h. Além disso, Klebim e os outros três investigados não podem frequentar bares, boates, distribuidoras de bebidas, espetáculos, festas e qualquer reunião social com mais de dez pessoas, inclusive na própria residência.

Na terça-feira (22), um dia após as prisões, a defesa do influencer e dos outros presos negou as acusações e afirmou que a prisão dos suspeitos foi “requerida para criar constrangimento e humilhação dos investigados” (veja mais abaixo). 

Influencer preso no DF por lavagem de dinheiro ostentava carros de luxo

Operação Huracán

Segundo a Polícia Civil, o grupo movimentou cerca de R$ 20 milhões entre 2021 e 2022. Ao todo, a Justiça expediu oito mandados de busca e apreensão em endereços dos suspeitos, e o bloqueio de R$ 10 milhões de contas deles. 

As apurações tiveram início após o recebimento de uma denúncia pela Polícia Civil. Segundo os investigadores, os veículos rifados eram preparados com rodas, suspensão e som especiais, e os sorteios eram anunciados em um site. 

Como possuíam muitos seguidores, os investigados vendiam facilmente as rifas, segundo a polícia. Há ainda suspeita de que eles emprestavam dinheiro a criminosos que realizavam roubos e furtos. 

‘Rede de Laranjas’

Youtuber conhecido como Klebim é preso no DF  — Foto: Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Youtuber conhecido como Klebim é preso no DF — Foto: Foto: Hugo Barreto/Metrópoles 

Além de Kleber, foram presos outros três suspeitos de envolvimento no esquema. Segundo a investigação, eles são associados e amigos do influencer: 

  • Pedro Henrique Barroso de Neiva, de 37 anos
  • Vinícius Couto Farago, de 30 anos
  • Alex Bruno da Silva Vale, de 28 anos

Segundo a polícia, um mecânico suspeito de atuar como “laranja” tinha renda de R$ 5,3 mil mensais, mas movimentou R$ 3,4 milhões em seis meses. Uma mulher, com renda de R$ 1,2 mil, repassou R$ 600 mil a empresas de Klebim, em três meses, segundo os investigadores. 

Conforme a Polícia Civil do DF, para criar a rede, “Klebim” também usou o nome de três empresas das quais é sócio: a Estilo Dub, Estilo DubShop e EstiloDub Consultoria e Publicidade. 

Polícia Civil apreendeu mais um veículo de influencer suspeito de lavagem de dinheiro, no DF — Foto: PCDF/Reprodução

Os investigadores afirmam que, quando o influenciador anunciava a rifa de um veículo, contava com parceiros que replicavam o anúncio nas redes sociais e em três sites que organizavam o sorteio ilegal.

O dinheiro arrecadado nas rifas era, então, direcionado – por plataformas de pagamento online – para as contas das empresas do influenciador e dos “laranjas”, de acordo com a polícia. O grupo incluía pessoas de Brasília, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. 

Segundo as investigações, depois que o dinheiro caía na conta dos “laranjas”, era devolvido para “Klebim”. A polícia afirma que os “laranjas” faziam transferências para as contas das três empresas do influencer. 

A justificativa para movimentação do dinheiro era a compra de algum acessório para veículos ou a prestação de serviços por uma das empresas do influenciador, de acordo com os investigadores. Com o dinheiro nas contas, ele entregava o carro para o ganhador do sorteio. 

A suspeita da polícia é que o restante do dinheiro era dividido entre os sócios do influenciador, parceiros que ajudavam na divulgação das rifas e na organização dos sorteios. 

As quantias também eram usadas nas compras pessoais de “Klebim”, como a construção de uma mansão avaliada em R$ 4 milhões, e de carros de luxo que ele ostentava na internet.

O que diz a defesa dos suspeitos

“A defesa técnica de Kleber Rodrigues de Moraes; Vinicius Couto Farago; Pedro Henrique Barroso Neiva; Alex Bruno da Silva Vale; após análise detida dos autos da operação denominada de “Huracán”, exara a presente nota para comunicar que:

a) Houve um açodamento da Autoridade Investigativa, mediante o requerimento de uma prisão temporária completamente inoportuna, desnecessária e ilegal, pois os Investigados sequer tinham ciência e não tiveram a oportunidade de se manifestar nesta investigação ainda incipiente.

b) Houve a extrapolação dos limites da decisão judicial, pois foram amealhados bens móveis, inclusive, de terceiros, que o juízo não havia ordenado.

c) No momento do requerimento da prisão, a Autoridade Policial já estava com a medida de interceptação telefônica concluída, assim como já possuía relatórios do COAF, e, portanto, uma mera busca e apreensão, eventual sequestro de bens e a intimação dos Investigados para prestarem esclarecimentos seriam suficientes para elucidar os fatos e preservar as investigações.

d) A Autoridade Policial apenas apresentou ilações e conjecturas e, com isso, não comprovou a imprescindibilidade da prisão temporária, assim como não justificou o cabimento de outras medidas cautelares diversas da prisão, violando o entendimento do STF.

e) A prisão temporária fora requerida para criar constrangimento e humilhação dos Investigados, cuja ilegalidade – dentre outros motivos – decorre da utilização das algemas em Investigados, jovens, com bons antecedentes, com residências fixas, sem passagem pela polícia, em sede de uma investigação de eventual conduta sem a caracterização de violência ou grave ameaça, em diametral afronta à Súmula Vinculante nº. 11 – STF, que veda a utilização de algemas, sendo autorizada somente em situações excepcionalíssimas.

Diante desses breves apontamentos, a defesa continua a manifestar pela ilegalidade e arbitrariedade do requerimento de prisão temporária, e confia na análise criteriosa do poder judiciário a fim de revogar essas prisões temporárias.

Brasília-DF, 22 de março de 2022.

Atenciosamente,
José Sousa de Lima
Advogado”

FONTE:G1-DF

Jornalista

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