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Opção por carros elétricos e híbridos cresce no DF

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Basta dar uma volta pelas ruas de Brasília para perceber o aumento do número de carros eletrificados (elétricos e híbridos). De acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), baseada em dados do Renavan, no ano passado, em números absolutos, Brasília foi a segunda cidade com mais emplacamentos de veículos desse tipo (6.401), atrás de São Paulo — 15.648. Nos três primeiros meses de 2024, o DF registrou a venda de 2.972 veículos desses modelos, sendo 1.105 somente em março.

Para incentivar a compra de carros elétricos e híbridos, as unidades da federação passaram a dar incentivos fiscais. É o caso do DF que, por meio da Lei nº 7.028, de 27 de dezembro de 2021, incluiu os modelos na lista dos que não pagam o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

A isenção do IPVA foi um dos motivos que atraíram o servidor público Leon Sólon da Silva, 44 anos. Ele comprou seu primeiro carro elétrico em novembro do ano passado. O morador da Asa Sul conta que a adaptação para receber o automóvel foi bastante fácil, porque mora em uma casa. “Vale lembrar que, em Brasília, rodamos muito. Por isso, é arriscado não ter estrutura em casa para carregamento. O investimento, além da compra do carro, foi de R$ 9 mil para aquisição do carregador, com instalação”, relembra.

A preocupação de Leon tem motivo. Desde 2019, o DF dispõe de apenas de 10 postos de carregamento (veja quadro). Em 2023, o Governo do Distrito Federal (GDF) firmou um acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para substituir os atuais pontos de recarga por estruturas mais avançadas e instalar outros 25 eletropostos, totalizando 35.

Para ele, a principal desvantagem está, na maioria das vezes, na autonomia do veículo. “Hoje, poucos carros conseguem fazer viagens muito grandes, porque a estrutura de carregamento, principalmente aqui no Centro-Oeste, não é muito boa”, lamenta. Ainda assim, enumera benefícios que fazem valer a pena. “Com certeza, é muito mais econômico do que um carro a combustão, mesmo com o investimento inicial de carregamento, isso se paga rápido. Primeiro, pelo IPVA. E, também, pela questão de não gastar com combustível”, avalia.

Sólon afirma que passou muito tempo estudando e fazendo cálculos. “Obviamente, eles são carros relativamente caros e você tem que fazer a conta de qual vai ser a sua economia. Para mim, valeu muito a pena. Já rodei 12 mil quilômetros desde novembro. Isso daria R$ 6 mil de combustível e, com o elétrico, gastei, no máximo, R$ 2 mil de energia elétrica”, comemora.

Meio ambiente

A bancária Patrícia Joyce Tavares, 44, está com seu segundo veículo 100% elétrico. Para a moradora do Park Way, os principais ganhos estão relacionados à sustentabilidade, economia e eficiência. “Os veículos elétricos não poluem de forma direta. Não há abastecimento com um combustível que está com valor em alta. E o motor elétrico oferece praticamente toda a energia disponível para ser convertida em potência”, elenca.

Patrícia pondera, assim como Leon, que a autonomia, a infraestrutura nas estradas e o preço são dificuldades para quem decide arriscar no mundo dos elétricos. A bancária ressalva que, no caso dela, compensou. “Não tenho custos para abastecer, pois também tenho um sistema fotovoltaico em casa, que já se pagou. Além disso, não gasto quase nada nas revisões, sem falar na isenção de IPVA”, enumera.

Apesar de ressaltar o impacto positivo para o meio ambiente na utilização de veículos elétricos, o pesquisador associado em Sustentabilidade Energética e Mudanças Climáticas Globais da Universidade de Brasília (UnB) Eli Siqueira Alves observa que as baterias são um gargalo significativo. “O que nos assusta na expectativa do uso nos carros elétricos é a exploração da natureza”, aponta. “Geralmente, o silício e outros insumos de baterias elétricas saem da floresta amazônica. As empresas prometem que vão preservar e ter um cuidado especial para a exploração do silício utilizado e não é bem assim, pelo que a gente está vendo na China, por exemplo”, critica o especialista.

O pesquisador questiona como será feito o trabalho de reciclagem dessas baterias. “Quais são as tecnologias que a gente vai usar? Isso tudo ainda está começando em países como os Estados Unidos e a Alemanha. Só que fica muito caro para o Brasil comprar e desenvolver essas tecnologias de reciclagem eletroeletrônica”, analisa. “É um desafio para o governo e, também, requer um esforço muito grande da sociedade, para que a gente consiga alcançar uma medida ótima para essa reciclagem”, alerta Eli.

Tipos

Os números de eletrificados se referem à soma de veículos elétricos híbridos plug-in (PHEV), elétricos 100% a bateria (BEV) e elétricos híbridos convencionais sem recarga externa (HEV).

Experiência

Lançado em outubro de 2019, o programa Vem DF foi um piloto de compartilhamento de veículos elétricos para frotas públicas. Servidores do GDF, previamente cadastrados, poderiam utilizar os veículos exclusivamente para trabalho. O serviço foi uma iniciativa da ABDI, em parceria com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). Na ocasião, o GDF divulgou que o objetivo era substituir toda a frota do governo local. A ideia do programa era possibilitar o uso de energia limpa e renovável, diminuir o volume de gases e economizar combustível. 

Questionada sobre o fim da iniciativa, que ocorreu em novembro de 2022, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectic) do DF respondeu que o programa “incluiu momentaneamente na frota do Governo do Distrito Federal carros elétricos e eletropostos, com unidades à disposição dos servidores no Palácio do Buriti e nas Administrações Regionais. Enquanto vigente, o Vem DF promoveu o compartilhamento de veículos elétricos com o objetivo de servir de estimulo à população quanto à conscientização da necessidade de redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, bem como incentivo na expansão do compartilhamento de veículos e a toda cadeia produtiva de veículos elétricos”.

“O encerramento da iniciativa ocorreu de forma harmônica com o que havia sido pactuado e atingiu os seus objetivos”, prosseguiu. De acordo com a pasta, como se tratava da modalidade contratual de comodato, a frota de veículos elétricos estava cedida à secretaria. Com o fim do programa, os carros foram devolvidos à Fundação Parque Tecnológico Itaipu.

Estações de carregamento

» Emater-DF (antiga Secretaria de Saúde, AENW 3, Lote A);
» Novacap (estacionamento interno, SAP Lote B);
» Reciclotech (Gama, Qd. Industrial 06, Lote 20);
» Secretaria de Saúde (Parque de Apoio, SGAP, Lote G, AE);
» Secretaria de Segurança Pública (SDN – Asa Norte);
» Administração Regional do Guará (QE 25, Guará 2);
» Administração Regional de São Sebastião (Qd. 101);
» Administração Regional do Lago Norte (SHIN CA 5);
» Fundação de Apoio à Pesquisa (Granja do Torto, Lote 4);
» Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SCS 6 A).

Com informações do Correio Braziliense

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