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Policial penal acusado de tráfico na Papuda vira réu por tortura

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Preso após ter sido filmado traficando drogas no Complexo Penitenciário da Papuda, o policial penal Luiz Paulo Araújo Ferreira Filho se tornou réu por tortura. Ele, o filho e mais quatro pessoas são acusados de cometer tortura em 17 de setembro de 2017, em Vicente Pires.

De acordo com a denúncia, Brendo Henrique de Castro Gonçalo, Rafael Assunção de Medeiros, Elisvelton dos Santos, conhecido como Barbeiro, e Luciano Assunção Corrêa submeteram a vítima a intenso sofrimento físico e mental, com sucessivas agressões e ameaças, com a intenção de castigá-lo por suposto furto de um narguilé.

Como resultado, o agredido acabou com várias lesões corporais de natureza grave.

Luiz Paulo Araújo Ferreira Filho, conhecido como Catra, foi denunciado por conduzir Lucas Lopes Schröeder, 21, até o local do crime. De acordo com o MP, para garantir a execução, ele ficou na entrada, com uma arma de fogo.

De lá, acompanhou as agressões e impediu a intervenção de terceiros.

Os acusados responderão pelo crime de tortura. Além disso, Rafael, Elisvelton e Luciano também foram denunciados por ofensa à integridade corporal de outra vítima.

Rafael, que era o dono do bar onde o crime estava sendo executado, ainda foi denunciado por ter permitido a venda de bebida alcoólica para quatro adolescentes.

Entenda o caso

A vítima estava no bar Point da Vi-Pires acompanhada de amigos quando foi abordada, com um tapa no rosto, por Luiz Paulo. Ao mesmo tempo, o policial penal e Brendo levaram o rapaz à cozinha do estabelecimento, onde a tortura começou.

Conforme a denúncia do MP, Rafael, Brendo, Elisvelton e Luciano agrediram brutalmente a vítima com violentos socos, chutes e golpes por todo o corpo, além de pertubações psicológicas. Um amigo da vítima também teria apanhado de Rafael, Elisvelton e Luciano, enquanto tentava ajudá-la.

Tráfico com viatura

Após investigações iniciadas no ano passado pela Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), em conjunto com a Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), da Polícia Civil do DF (PCDF), Luiz Paulo foi preso em flagrante pelo crime de tráfico de drogas na Papuda.

De acordo com a PCDF, o servidor foi preso na madrugada do dia 18 de janeiro, em um lava a jato de sua propriedade, em Ceilândia. Segundo os investigadores, ele traficava usando a própria viatura da Sesipe. Luiz Paulo trabalhava havia 11 anos no complexo. Era responsável pela escola de presos e incumbido de fiscalizar ações de tráfico de drogas dentro da unidade.

O servidor foi flagrado em filmagens realizadas na tarde do dia 17 de janeiro, enquanto fazia ronda na Papuda, colocando para o interior de um dos blocos do Centro de Detenção Provisória (CDP) grande quantidade de maconha (600g), para que fosse “pescada” por um detento. As câmeras ficaram em pontos estratégicos para flagrar a ação do policial.

A maconha apreendida pela polícia é avaliada em R$ 100 mil, segundo a Sesipe. O valor aumenta devido à alta demanda e ao difícil acesso à droga no presídio.

“Não há dúvidas de que ele estava traficando. As imagens são claras. O mostram tirando o entorpecente das vestimentas e deixando em uma cela. Instalamos câmeras em locais estratégicos. Uma delas flagrou a ação”, disse o delegado-chefe da Cord, Rogério de Oliveira.

De acordo com o policial, se trata de “um crime repugnante”. “Exatamente porque ele possui a função de servidor público de custódia. Haverá um aumento de pena devido a isso”, acrescentou o delegado, em coletiva de imprensa neste sábado (18/01/2020).

A PCDF monitora o policial desde setembro do ano passado, quando passou a investigar o tráfico de drogas dentro do complexo. Ao ser preso, o servidor admitiu que a ronda no local, mas negou a acusação de tráfico.

“Audácia e destemor”

A juíza Flávia Pinheiro Brandão ressaltou, durante a audiência de custódia, que policial penal “demonstrou extrema audácia e destemor, praticando, ao menos em tese, ilícito em local sob a administração exclusiva do Poder Público”.

“Essa circunstância se mostra apta a revelar a periculosidade social do conduzido, não havendo dúvida de que, em liberdade, a ordem pública restará abalada”, assinalou.

Decidiu ainda mantê-lo preso preventivamente porque o relaxamento da prisão causaria, segundo a magistrada, “uma falsa sensação de impunidade”. “Mormente pelo grau maior de reprovabilidade da conduta do agente público que se vale dessa condição para a prática de delitos”, pontuou a juíza.

Com informações do Portal Metrópoles

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Jornalista

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