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Quarta vítima em 2024, homem morre com suspeita de dengue hemorrágica

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A dengue hemorrágica matou mais um brasiliense no Distrito Federal. Esta é a quarta vítima fatal da doença no ano de 2024. O homem, que não teve a idade divulgada, estava internado em um hospital particular na Asa Sul e faleceu na noite de quinta-feira, com quadro hemorrágico de dengue. A vítima deu entrada na unidade hospitalar no mesmo dia em que veio a óbito. De acordo com painel de monitoramento divulgado pelo Ministério da Saúde, o DF é a unidade federativa com maior coeficiente de incidência da doença, com 551,7 casos a cada 100 mil habitantes. O Acre, que vem em segundo lugar na lista, tem um coeficiente de 212,5 casos por 100 mil habitantes.

Segundo André Bon, infectologista do Hospital Brasília, a manifestação mais comum deste tipo de dengue, conhecida como hemorrágica, é a perda do plasma, um líquido que corre dentro dos vasos, para dentro do próprio corpo levando ao choque. “Hemorragias também podem acontecer em casos graves de dengue. Hepatites fulminantes também podem ser consequência, disfunção renal, alterações no nível de consciência com acometimento do sistema nervoso central e acometimento no coração”, elencou o médico.

Segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), ambos os tipos de dengue apresentam os mesmos sintomas nos primeiros dias. A diferença entre a dengue clássica e a hemorrágica costuma ficar mais evidente entre o terceiro e o sétimo dia, quando a febre cessa. No caso do tipo mais grave da doença, aparecem alguns sinais de alerta. Os pacientes podem ter queda da pressão arterial, tontura, dor abdominal, vômito contínuo, pontos arroxeados na pele e até sangramentos na gengiva, boca, nariz, ouvido, intestino, na urina e nas fezes.

De acordo com a  Secretaria de Saúde, a reinfecção de dengue é um dos fatores significativos para o desenvolvimento do quadro de dengue hemorrágica. Um alerta dado para a população é de que a ingestão de anti-inflamatórios também influencia no agravamento por aumentarem o risco de hemorragia. Mulheres grávidas, crianças e idosos também têm mais chances de desenvolver complicações.

Atendimentos

O Correio esteve, ontem, na tenda de atendimento do Sol Nascente/Pôr-do-Sol, que agora também conta com o apoio da carreta adquirida pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF). De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do DF (SES), a região é a segunda do DF com mais casos prováveis de dengue, com 1.110.

Em média, têm passado pelo local diariamente cerca de 150 pessoas com sintomas de dengue. Somente ontem pela manhã, quatro pacientes foram removidos ao hospital com sintomas graves. No local, há 15 profissionais trabalhando entre bombeiros, médicos, enfermeiros e administrativo. Sol Nascente/Pôr-do-Sol é uma das duas regiões administrativas que receberam a carreta da DPDF, que é onde estão sendo feitos os atendimentos, coleta de exames laboratoriais e hidratação.

Idosos

Ainda segundo o último boletim divulgado pela SES-DF, a faixa etária de 70 a 79 anos lidera em incidência de casos prováveis de dengue entre os residentes no DF. A coordenadora de Atenção Primária à Saúde (APS) da SES-DF, Sandra Araújo, destaca que pessoas com mais de 60 anos apresentam um índice de mortalidade por dengue mais elevado. “Esta faixa da população, que atualmente não é elegível para vacinação, possui maior fragilidade imunológica, o que torna a evolução da doença mais grave. Além disso, aqueles que tiveram a doença têm maior probabilidade de desenvolver o quadro hemorrágico (o mais grave) em uma segunda contaminação”, explica.

Pedro Macedo, 64 anos, esteve ontem na tenda do Sol Nascente com sintomas de dengue. “Cheguei com pressão alta, eu já estava me sentindo mal há três dias, com dor no corpo, dor nos olhos, febre e sensação de fraqueza. Quase desmaiei”, descreveu o idoso, que recebeu soro fisiológico na veia e saiu com recomendação de repouso e sentindo-se um pouco melhor.

A médica geriatra e coordenadora de geriatria do Hospital Santa Lúcia, Priscilla Mussi, explicou que o maior risco da dengue para a terceira idade é a desidratação. “O idoso com dengue realmente vai ter uma repercussão igual a todos nós, então vai cair plaqueta e ter alteração hepática. No entanto, ele desidrata muito mais rápido e isso pode inclusive levar ao risco de óbito, piorando a função do rim e do fígado”, detalhou a geriatra. “Várias vezes, o idoso não consegue, quando a gente fala para beber muita água. Ele começa a ter ânsia de vômito e mal-estar, muita dor associada”, comentou a especialista, pontuando que, em alguns casos, pessoas mais velhas com cardiopatia não podem sequer beber água em excesso, o que requer ainda mais cuidados.

De acordo com a geriatra, o idoso tem que ficar atento ao agravamento da dengue. “Verificar se o sintoma está piorando, se está se sentindo mais fraco, se está realmente com a boca muito seca, se diminuiu a quantidade de urina ou se a dor no corpo e a febre não passam, ele tem que procurar o serviço médico. Geralmente, a gente pede para os idosos ficarem vindo (ao atendimento) a cada 24 ou 48 horas, para que a equipe médica possa ficar dosando as plaquetas ou senão a gente até interna, quando é necessária”, alertou Priscilla.

Para se prevenir e não pegar a dengue, a recomendação para os idosos é fazer o uso de repelente. “É bom optar pelos repelentes mais naturais. Também sabemos que na covid-19, falamos muito para o idoso ficar em casa, mas agora com a dengue a gente fala para que ele saia de casa. Porque o idoso, que é mais quieto, ele pega mais dengue. Quanto mais parado, mais o mosquito consegue picar fácil e, quanto mais ele se mover e se mexer e sair de casa, tem menos chance da dengue repercutir”, enfatizou a médica geriatra.

Reforço

O Exército Brasileiro vai apoiar o combate à dengue no Distrito Federal. Trezentos militares serão enviados para dar apoio nas ruas, também serão disponibilizadas duas ambulâncias, 15 motoristas e 30 camas de campanha. Os militares destacados para a força-tarefa serão treinados para as visitas domiciliares. Serão duas turmas com 150 profissionais cada. Este reforço é acompanhado de ambulâncias equipadas com enfermeiro, técnico de enfermagem, motorista e padioleiro. Elas serão utilizadas para transportar pacientes das tendas de acolhimento a unidades hospitalares.

Vacina

O Ministério da Saúde divulgou, na manhã da última quinta-feira, a lista de unidades federativas que receberão as primeiras doses da vacina contra a dengue e o Distrito Federal está incluso. A imunização começa em fevereiro na rede pública de saúde e a primeira parcela da população a ser vacinada serão as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue. De acordo com a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, há 194 mil crianças e jovens de 10 a 14 anos no Distrito Federal.

Depois das crianças, os idosos acima de 60 anos são o grupo com maior número de hospitalização por dengue, no entanto, para esses, a vacina não foi autorizada pela Anvisa. O imunizante está disponível na rede privada para pessoas entre 4 e 60 anos e custa em torno de R$ 400.

Exoneração

O governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu, ontem, fazer uma troca no comando da subsecretaria de Vigilância à Saúde. O subsecretário Divino Valero Martins foi exonerado e, no lugar dele, assumiu Fabiano dos Anjos Pereira Martins, antes diretor da Vigilância Epidemiológica em Saúde. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Em nota, a SES esclareceu que os cargos comissionados são de livre provimento. “Nomeações e exonerações ocorrem de acordo com a avaliação das chefias e do governo”, disse o texto.

Com informações do Correio Braziliense

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