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‘Não existe fogo sem ação humana nesta época do ano’, diz professora da UnB

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No terceiro dia com a fumaça encobrindo o céu de Brasília, nesta terça-feira (26), a professora Isabel Belloni Schmidt, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), alerta para a existência de um crime por traz da fuligem e da poluição misturadas ao ar de Brasília. Segundo a pesquisadora, apenas os raios são capazes de produzir incêndios florestais “naturais”.

“A única fonte de ignição natural é o raio, se houver qualquer fogo em um período que não tenha raios, foi provocado por humanos. Ou seja, não tem chuva, não tem raio, é gente. Não existe fogo espontâneo, a matéria orgânica para queimar tem que atingir mais de 300° C”, diz a professora.

Os raios só ocorrem no período de chuvas no DF – entre outubro e abril. A professora destaca que os incêndios criminosos ou provocados por acidentes – como queda de fios de alta tensão ou curto circuito em carros – se somam à mudança da vegetação típica dos biomas, que é substituída por plantações. Isabel Belloni Schmidt diz que o que aconteceu em Brasília “é um evento catastrófico“.

“Não é uma pequena mudança, é uma mudança dramática. Nunca se viu uma qualidade de ar tão ruim, mas nunca tivemos tão pouco Cerrado em Brasília”, diz a professora.

Causas da fumaça no céu do DF

De acordo com os bombeiros, no último fim de semana foram registrados 200 focos de incêndio no DF. Mas as causas da fumaça concentrada no céu de Brasília, segundo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e especialistas são:

  • Tempo seco
  • Baixa umidade
  • Queimadas em áreas próximas, em São Paulo, na Floresta Amazônica e em Mato Grosso

E como essa fumaça dos incêndios chegou até o DF❓De acordo com especialistas, a explicação está na direção dos ventos.

A meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim explica que uma massa polar vinda do sul começou a empurrar a massa de ar poluído para cima, atingindo o DF (veja vídeo abaixo).

Massa de ar polar empurra fumaça para região do DF.

E quando a fumaça vai embora Segundo Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) , a partir do começo da tarde desta terça-feira há previsão para mudança dos ventos, e os poluentes vão ser levados para outras regiões.

“O que vai ocasionar a saída ou a dispersão desse poluente são duas situações: ou a chuva ou a mudança de vento. Como não temos chuva, a tendência é realmente a mudança de vento […]. Muda a direção do vento e, com isso, a gente pode ter dispersão desse poluente pra outras regiões”, afirma a meteorologista.

Volume de fumaça nunca antes visto no DF

Desde que foi criada, há 64 anos, Brasília nunca havia atingido um nível tão ruim de qualidade do ar, segundo medição feita pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A qualidade do ar no Distrito Federal foi considerada “péssima” no domingo e “muito ruim” nesta segunda-feira (26).

No fim da tarde de segunda, as medições mostravam uma pequena melhora no indicativo, mas a classificação continuava como “muito ruim”.

A professora Priscilla Barreto, do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do Projeto Sem Fogo-DF, que monitora focos de incêndio com a ajuda de inteligência artificial, conta que em um ano e meio de monitoramento das queimadas, nunca foi visto um céu como o dos últimos dias(veja vídeo no começo da reportagem).

“É um evento completamente fora do normal, o sistema nunca viu antes. Disparou vários alarmes durante o dia todo no domingo […]. Vejo como um tragédia climática. Nunca tivemos imagens tão impressionantes como as que vemos agora. Do jeito que está, não é possível diferenciar os focos da fumaça, porque é muita fumaça e com alta densidade”, afirma a professora.

Quais são as soluções

A professora Isabel Belloni Schmidt, do Departamento de Ecologia da UnB, destaca que é preciso um planejamento estratégico voltado para a área ambiental. Um exemplo é a ideia do manejo integrado do fogo.

“Tratar o fogo não só como uma emergência, mas com planejamento para manejar a área e ter o fogo como uma ferramenta”, diz a professora.

O método consiste em identificar áreas que podem ser incendiadas para reduzir capim seco e proteger áreas que não devem ser queimadas, como matas de galerias, próximas a cachoeiras. Em julho o Senado aprovou a criação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PNMIF), que tem como objetivo conter as queimadas dos biomas brasileiros.

“É possível usar o fogo com queimadas prescritas no momento que está chovendo, tirando uma grande quantidade de combustível da paisagem [capim seco]. Se vier um incêndio, vai morrer de fome porque tirou o combustível dele. Só queima se tiver combustível. Fazendo queimas pequenas e pontuais cria-se uma área que não deixa o incêndio se espalhar”, diz a professora.

Ao todo, a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo define 11 objetivos. Alguns deles são:

▶️ prevenir a ocorrência e reduzir os impactos dos incêndios florestais e do uso não autorizado e indevido do fogo;

▶️ promover a utilização do fogo de forma controlada, prescrita ou tradicional, de maneira a respeitar a diversidade ambiental e sociocultural e a sazonalidade em ecossistemas;

▶️ reduzir a incidência, a intensidade e a severidade de incêndios florestais;

▶️ promover a diversificação das práticas agrossilvipastoris;

▶️ aumentar a capacidade de enfrentamento dos incêndios florestais no momento dos incidentes;

O texto ainda cria o Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo (CNMIF) que funcionará como um órgão consultivo e deliberativo sobre o Plano Nacional. Ele será composto por representantes da sociedade civil e do poder público. Além disso, há um capítulo exclusivo para definir como será permitido o uso do fogo em áreas de mata.

Com informações do G1-DF

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