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Número de mortes em vias do Distrito Federal supera o de todo o ano passado

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Entre as estradas, a mais perigosa é a BR-020. Condutores imprudentes estão entre as principais causas das tragédias. Especialistas alertam que saídas de fim de ano pedem maior atenção

 (crédito: pri-2712-transito)

(crédito: pri-2712-transito)

A o menos 242 pessoas perderam a vida no DF entre janeiro e novembro, número que supera todos os óbitos do ano passado, quando 238 faleceram. A média mensal de sinistros de trânsito também preocupa: o aumento chega a 6,8%, passando de 19 para 20,3 casos. Segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), somente entre a última sexta-feira e ontem, três pessoas morreram e cinco ficaram feridas em acidentes de trânsito no Distrito Federal. Já o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) realizou diversas operações de fiscalização de trânsito e abordou 220 condutores — desses 41 foram flagrados dirigindo após ingestão de bebida alcoólica.

A tragédia no asfalto alcançou a família de Sandra Sousa Freire, de 33 anos, e da filha dela, Heloísa Sousa Freire, de apenas 3 anos. Mãe e filha foram atropeladas por uma motocicleta mesmo atravessando a rua na faixa de pedestres em Planaltina no último 10 de outubro. Um condutor imprudente que transitava a 150km/h em uma via onde a velocidade máxima era de 60km/h destruiu uma família. O homem foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. As cicatrizes deixadas pela perda repentina das duas, no entanto, são eternas no coração das famílias. “Se você não estiver bem para dirigir ou pilotar uma moto, o melhor é ficar em casa. Pessoas que usam vias públicas para se divertirem em alta velocidade não respeitam o próximo e nem elas mesmas. Essas pessoas podem acabar matando os sonhos nossos e de nossos parentes, tirando a vida de inocentes e puras crianças”, aconselha o viúvo de Sandra, Eduardo Freire, ainda em luto dois meses após perder a família no acidente.

Outro caso recente aconteceu no último 23 de dezembro na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) próximo à Água Mineral. A imprudência de um homem de 53 anos no trânsito tirou a sua vida. Uma ultrapassagem pelo acostamento fez com que o condutor colidisse com a traseira de um caminhão, morrendo na hora. Ao chegarem ao local, os socorristas se depararam com mais da metade da estrutura do veículo de passeio embaixo do caminhão. Testemunhas relataram que o motorista do carro vinha fazendo ultrapassagens na via antes de colidir com o caminhão.

Alcoolemia

As festas de fim de ano, o aumento de condutores de férias nas rodovias e as chuvas contribuem para piorar o cenário. Entre janeiro e novembro, a fiscalização fez 31.233 flagrantes de motoristas bêbados ao volante, 14,2% a mais do que todos os registros de 2021. O número é o maior dos últimos três anos. Apesar disso, a quantidade de condutores punidos com a suspensão da CNH por dirigirem embriagados caiu 94,14% e os casos em que o Detran cassou a carteira de motoristas bêbados reduziu 97,4% na comparação com o ano anterior.

O Detran-DF explicou, em nota, que não há uma relação direta e automática entre o número de autuados por alcoolemia e o número de habilitações suspensas ou cassadas. “Pela legislação, o condutor autuado por alcoolemia só tem a habilitação suspensa depois de todo processo legal, dada a ampla defesa e o contraditório”, esclareceu o departamento. Ainda de acordo com o órgão, em 2020 e em 2021, por força das medidas de enfrentamento da pandemia da covid-19, o Conselho Nacional de Trânsito prorrogou os prazos para interposição de defesa prévia e recursos de autuações.

Após a aplicação da penalidade da suspensão, o condutor fica impedido de dirigir por 12 meses. Se flagrado pela fiscalização de trânsito dirigindo durante a suspensão, o motorista terá o direito de dirigir cassado. De acordo com o artigo 309 do Código de Trânsito Brasileiro, dirigir com a habilitação cassada configura crime de trânsito. A pena pode variar entre seis meses e um ano de detenção ou multa.

Com a condição de ter o nome preservado, uma microempresária de 45 anos aceitou falar ao Correio sobre o que considera uma das piores experiências da vida dela. “Passei o dia numa festa de amigo secreto. Duas horas antes de pegar o volante, comecei a beber água, comi, tomei refrigerante. Achei que estava bem para dirigir e dei carona para duas amigas”, relembra. No caminho, ela adormeceu ao volante, subiu no meio fio e só parou quando bateu contra um poste de iluminação pública. Acordou quando os bombeiros tentavam retirá-la do carro. Uma das amigas estava desacordada, ao lado dela, com o rosto coberto de sangue. A outra, gritava de desespero. “Quebrei uma perna e desloquei a clavícula. Uma das meninas ficou em coma induzido por 10 dias. A outra, teve luxação na bacia. Eu poderia ter morrido e matado minhas amigas. Depois disso, nunca mais bebi e peguei o volante. Aprendi, da pior maneira, que eu poderia ter tirado a vida de alguém”, reconhece.

Viagem segura

David Duarte Lima, presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), alerta para a importância de sempre fazer manutenção no veículo antes de uma viagem. “Freios, faróis, toda a parte de iluminação precisam ser checados antes de pegar a estrada. Estamos no período de chuvas. Precisamos cuidar da revisão básica e observar os pneus”, orienta Lima. O especialista explica ainda que dirigir na estrada não é a mesma coisa de dirigir na cidade. “As colisões em estrada são mais letais, pois as pessoas andam em uma velocidade mais elevada do que no meio urbano. É preciso tomar cuidado, principalmente nas paradas no meio do percurso”, afirma.

A segurança também é outro fator imprescindível, de acordo com David. “O condutor não deve estar com sono ou ter bebido para dirigir bem. Todos devem estar de cinto e, especialmente, o motorista. Na dúvida, nunca ultrapasse outros veículos. É uma manobra muito perigosa. Evitar excesso de bagagens no carro, especialmente no teto. Objetos soltos no interior do veículo podem causar sérios problemas em uma freada brusca”, aconselha. “O deslocamento tem que fazer parte da diversão. É preciso manter a velocidade e incorporar a viagem ao prazer de viajar”, acrescenta Lima.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou o Guia CNT de Segurança nas Rodovias 2023. O documento traz um levantamento detalhado sobre acidentes e mortes nas rodovias do país. No Brasil, em 2022, para cada 100 sinistros, nove pessoas morreram. Ao total, foram 64.283 acidentes, 5.507 óbitos e 72.576 sobreviventes com ferimentos leves ou graves.

O documento aponta, ainda, que 12,5% dos acidentes aconteceram porque o motorista teve uma reação tardia ou ineficiente para evitá-los. Já a causa mais frequente das mortes nas rodovias, 13,7% ocorreram porque o condutor dirigia na contramão da via. Os dados do Guia de Segurança da CNT foram obtidos por meio da Polícia Rodoviária Federal e reúnem informações de novembro de 2021 a outubro de 2022.

A CNT também fez o recorte das tragédias nas rodovias federais por unidade da federação. No Distrito Federal, ocorreram 944 acidentes nas BRs e 47 mortes. A proporção de óbitos por 100 acidentes, é menor que a média nacional: 5 para cada 100 sinistros fatais. Ao todo, 955 pessoas escaparam com ferimentos leves ou graves.

Por aqui, as causas dos acidentes são diferentes daquelas em âmbito nacional. Mudança da faixa de direção aparece com a causa mais recorrente de acidentes, representando 11,4% de todos os registros. As condutas ao volante que mais resultam em mortes são acessar a via sem observar a presença dos outros veículos; avarias e/ou desgaste excessivo no pneu; pedestre na pista; ausência de reação do condutor e velocidade incompatível. Essas práticas representam 42.6% do total de mortes nas rodovias federais que cortam a capital.

A BR-020 foi a rodovia que registrou sinistros de trânsito (339 ou 35,9% do total) e mortes (17 ocorrências, ou 36,2% do total). O critério usado pela CNT foi o de número de acidentes por 10km de rodovia. (Veja quadro que traz os trechos mais perigosos no DF).

Fonte: Correio Braziliense

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