‘Acredito na reeleição do Lula e acredito que o PT e os partidos democráticos precisam fazer uma frente de centro-esquerda para elegerem o próximo governador do DF’, diz ex-deputado federal Geraldo Magela

By Marcos Antonio Padilha | 28 de novembro de 2024 0 Comments

Em entrevista exclusiva ao TaguaCei, na manhã desta quinta-feira (28), o ex-deputado federal, Geraldo Magela (PT), diz que o PT perde tempo ao não lançar um nome para concorrer ao cargo de govenador do Distrito Federal nas eleições de 2026. Segundo o petista, que inclusive já colocou seu nome à disposição do partido, outros partidos de esquerda e centro-esquerda já saíram na frente e estão lançando seus candidatos, enquanto que o PT, o maior partido em número de filiados, parece que ainda não decidiu sobre seu futuro político para o pleito que se avizinha.

Magela também comentou sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de golpe de Estado, em um plano que visa impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-deputado também falou sobre o declínio do bolsonarismo para o próximo período, criticou a gestão do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e elogiou a gestão de Lula em seu terceiro governo.

Geraldo Magela foi eleito duas vezes deputado distrital, três vezes deputado federal, e presidiu a UNALE – União Nacional dos Legislativos Estaduais, Presidente da COPA – Confederação Parlamentar das Américas, além de ter já ter sido candidato a governador em 2002 e a senador em 2014 pelo PT.

Jornal TaguaCei – Como o senhor viu as revelações do plano golpista, segundo a Polícia Federal, liderado por militares e que teria tido a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O senhor acredita que Bolsonaro será preso?

Geraldo Magela – Tenho certeza disso [que Bolsonaro será preso]. Quem disse que Bolsonaro e os militares estavam preparando o golpe e só não conseguiram porque na verdade não havia clima na sociedade para esse golpe, foi a Polícia Federal. Na apuração que a PF fez, que é muito séria e é muito qualificada, está demonstrado que Bolsonaro era o cabeça, era o líder do golpe.

O golpe só não foi dado porque a população estava ao lado do Lula e eles ficaram com medo, mas eles prepararam o golpe. Por isso, eu não tenho dúvida que eles precisam ser punidos, não há outra saída. Agora a Procuradoria-Geral vai fazer a denúncia e o Supremo Tribunal Federal vai julgar. Quem cometeu crimes de atentado contra a democracia, contra o Estado de Direito, vai, certamente, ser punido. Por isso, eu acho que para o Bolsonaro, o caminho dele é a cadeia.

J.T. – Como a esquerda e os partidos de centro-esquerda devem se posicionar diante deste novo contexto que se abre agora após o indiciamento dos militares, de Bolsonaro? O governo Lula deverá ter uma postura diferente de agora em diante? 

G.M. – Lula vai melhorar o governo, todos os atos que o presidente Lula está fazendo são para melhorar a vida do povo brasileiro, de atender principalmente as pessoas que mais precisam. Então, eu percebo que o Lula vai chegar em 2026 melhor do que ele está hoje e o bolsonarismo vai chegar numa situação pior. Por isso, acredito na reeleição do Lula e acredito que o PT e os partidos democráticos precisam fazer uma frente de centro-esquerda podem eleger o próximo governador do Distrito Federal.

J.T. – O senhor recentemente, em entrevista ao Correio Braziliense, disse que estava À disposição do PT para concorrer ao cargo de governado do DF. Essa intenção ainda está de pé?

G.M. – Está colocado. O PT não decidiu ainda, vai decidir no ano que vem sobre uma candidatura ao governo, mas eu defendo que tem de ter uma candidatura petista ao GDF. Nós temos outros nomes, nós temos outras pessoas dentro do PT que podem cumprir esse papel, mas o PT vinha ficando para trás, outros partidos vinham lançando nomes e o PT estava comendo poeira. Então, eu lancei meu nome. Eu tenho capacidade, tenho experiência, tenho conhecimento do Distrito Federal e tenho poder de articular com outros segmentos que o PT não articula, furando a bolha. Por isso, eu vou manter o meu nome.

J.T. – Magela, muitos partidos já estão colocando nomes para apreciação do eleitorado. É o caso do PSB, que recentemente lançou o ex-interventor do DF, Ricardo Cappelli como possível candidato ao cargo de governador do DF. O senhor acha que já é hora do PT também lançar seus nomes? O partido erra ao não decidir sobre essa questão?

G.M. – Erra muito. Nós já temos o Leandro Grass, que é do PV, já temos o Ricardo Cappelli, que é do PSB, temos a Leila [do Vôlei] do PDT, e o PT fica parecendo que não está em campanha. Esses outros nomes já estão nas ruas fazendo campanha e fica parecendo que o PT não tem nome. E nós temos pelo menos três nomes que podem ser candidatos ao governo.

O PT não pode ficar refém de ninguém, o PT é maior do que todos os seus os outros partidos, tem o maior número de filiados, o PT é maior do que todas as suas lideranças, pois quem é forte no PT é a militância, e a militância quer ter uma candidatura petista para o GDF. Até mesmo a direita já tem vários nomes colocados.

J.T. – Em 2026, além do governo e da bancada de deputados federais, haverá também duas vagas para o Senado, no lugar da senadora Leila e do senador Izalci. O senhor acredita que o PT pode vir a ter um dessas vagas?

G.M. – Eu acho que a Érica [Kokay] é uma candidata forte para ser senadora. A senadora Leila [do Vôlei] também pode ser reeleita. Acho que o Lula vai fazer um esforço muito grande para eleger duas vagas para o Senado. Tem gente que fala que a Michele Bolsonaro é imbatível. Eu acho que o bolsonarismo vai estar em queda, o Bolsonaro pode estar preso e pode ser que aconteça no Distrito Federal o que ocorreu em 2022, quando a Flávia Arruda estava eleita dois anos antes, mas no dia da eleição, ela perdeu. Então, eu avalio que o Lula vai querer eleger as duas vagas.

J.T. – Magela, como o senhor, que também já foi candidato ao GDF, vê atual gestão do governador Ibaneis Rocha? E sua vice, a Celina Leão, tem chances de suceder o governador em 2026?

G.M. – Olha, avaliar o governo Ibaneis e a Celina Leão é dizer o seguinte: é o pior governo da história do Distrito Federal. Ibaneis e Celina Leão em 2024 fazem o pior governo. Abandonaram a saúde, abandonaram o transporte público, abandonaram a segurança e não tem emprego para as pessoas. Eles só querem tirar asfalto e botar concreto. Isso é um absurdo.

[Ibaneis é] Um governador que abandonou a cidade, quando ele adoece ele vai para São Paulo para se tratar. Então, na minha avaliação, o governo Ibaneis e Celina Leão tem que ser substituído, ele é muito ruim. Além de estar é eivado de corrupção. O que tem de bom é que ele vai acabar e vai ser substituído.

J.T. – Muito se fala em construir umA frente ampla com partidos de esquerda e centro-esquerda para derrotar a direita em 2026 aqui no DF. O senhor concorda com essa ideia?

G.M. – Primeiro eu acredito que o PT precisa estar unido, se o PT estiver desunido ele não vai para lugar nenhum. Então, a primeira coisa que o PT precisa fazer é estar unido. Segundo, precisa buscar alianças e essas alianças devem ser com os partidos da esquerda, do campo democrático e do centro. O Lula está demonstrando como governar, ele governa com muitos partidos, inclusive partidos que não o apoiaram na eleição. Então, nós temos que fazer um plano de governo, um projeto de governo e uma aliança para ganhar eleição e para governar. E para isso, nós vamos precisar de todas as pessoas que queiram estar juntos conosco.

J.T. – Recentemente o senhor apoio o fim da jornada de trabalho 6×1. Essa é uma boa pauta para a esquerda defender e mostrar que ainda há muita a se fazer em prol dos trabalhadores?

G.M. – A redução da jornada de trabalho sempre foi uma bandeira do PT, dos sindicatos. Nós sempre defendemos que os trabalhadores têm que ter mais tempo para ficar com sua família, para ir à Igreja, para ir à escola, para ir a um campo de futebol. para ir tomar sua cervejinha, se for o caso. Nós defendemos essa redução, até porque ela irá aumentar o número de empregos, pois quando você diminui a jornada você abre mais postos de trabalho. Então, nós queremos não apenas e que as pessoas trabalham apenas cinco dias na semana, mas que elas trabalhem menos, isso serve para todas as categorias. Essa é uma grande luta.

J.T. – Como o senhor viu o anúncio do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo nesta semana? O anúncio foi positivo?

G.M. – Olha, eu avalio o governo do presidente Lula como um excelente governo e é claro que todos os governos precisaram melhorar um pouco, mas o governo do presidente Lula está no caminho certo. Primeiro, ele restabeleceu a democracia, ele está fazendo um governo de união, ele está demonstrando que tem preocupação com os mais pobres, mas ele governa para todo mundo. Agora, ele lançou um pacote econômico que vai ajudar o Brasil a ter estabilidade pelos próximos 10 anos. Isso significa que vai ter mais dinheiro para fazer mais investimentos. Eu não tenho dúvidas de que o Lula é igual vinho: quanto mais velho, melhor.

J.T. – Essa preocupação que o Lula tem com as pessoas menos favorecidas, com a paz não só no Brasil, mas no mundo todo, pode dar a ele o título de Nobel da Paz? Como o senhor vê essa possibilidade?

G.M. – Lula é aquela pessoa que podemos falar que sabe fazer alianças. Ele é aquele cara que combina com todo mundo. Lula é um grande articulador, mas ele é, sobretudo, defensor da paz no mundo. É defensor do fim da pobreza, do fim da fome. Sem falar da proteção ao meio ambiente. Ele lançou uma grande luta pelo fim da fome no mundo inteiro e pela paz. Então, certamente se amanhã os que organizam o prêmio Nobel da Paz acharem que ele merece, vai estar em boas mãos, porque ele é uma grande liderança, e é uma pessoa que sempre trabalhou para os que mais precisam de governo.

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