
Programa busca famílias para acolher crianças e adolescentes temporariamente
Iniciativa busca sensibilizar e atrair 150 lares do Distrito Federal que se disponham a receber em um local seguro e amoroso, temporariamente, crianças e adolescentes afastados de seus parentes pela Justiça

Ideia do projeto ‘Família acolhedora’ é proporcionar uma alternativa de acolhimento mais humanizada em comparação aos abrigos institucionais – (crédito: kleber sales)
Com o objetivo de garantir um ambiente familiar estável, seguro e afetuoso, o programa Família Acolhedora, do Grupo Aconchego, busca sensibilizar e atrair 150 famílias do Distrito Federal que têm o desejo de oferecer lares temporários a crianças e adolescentes afastados temporariamente de seus parentes por decisão judicial. A ideia é proporcionar uma alternativa de acolhimento mais humanizada em comparação aos abrigos institucionais. Neste ano, o tema da campanha é “Amor que cresce com você”.
Para a psicóloga Julia Salvagni, 37 anos, coordenadora do serviço Família Acolhedora e vice-presidente do Grupo Aconchego DF, as metas têm sido atingidas, mas ainda há muito a ser feito. “Desde de outubro de 2018, foram cuidadas por famílias acolhedoras 217 crianças, mas a demanda continua maior do que a capacidade de atendimento. Atualmente, 541 crianças e adolescentes no DF poderiam estar em famílias acolhedoras, mas continuam em abrigos”, disse ao Correio.
Julia destaca que todas as configurações de famílias são bem-vindas. “Buscamos adultos disponíveis e abertos para cuidar. O importante é oferecer um ambiente seguro e amoroso para essas crianças, especialmente em momentos de fragilidade. Acolher tem a ver com dever e compromisso social. Muitas pessoas têm medo de sofrer, mas é importante refletir sobre como sair da nossa zona de conforto pode transformar vidas — a delas e a nossa também”, afirma.
Voluntários
Entre participantes do programa, está Bruna Tavares, 25, gerente de recursos humanos que, com o marido, Pedro Vinicius Leitão, 30, tornou-se uma família acolhedora, após conhecer a proposta pela televisão. Bruna descreve a experiência como transformadora. “Nossa visão de mundo se ampliou, assim como a de nossos familiares e amigos. A mudança ocorre em todos que vivem esse sonho, direta ou indiretamente. É uma mudança em nosso coração, em como amar, em como se apegar, em entender despedidas e não sofrer, crescer cada vez mais”, avalia.
A gerente de RH e o marido se sentem muito felizes e gratos por contribuir para a vida dos acolhidos, que são três, com idades de 6 meses, 2 e 12 anos. “Somos privilegiados por poder fazer parte, por termos sido também acolhidos pelas crianças. É um sentimento de satisfação, de paz, e de saudade de cada um. Lembrar e saber que estão bem, que a tempestade passou, é o melhor sentimento do mundo”, afirmou
Daniela Nascimento, 55, professora, também é voluntária e enfatiza a importância de oferecer segurança e afeto aos assistidos. “O momento em que as crianças chegam na nossa casa é muito triste. Você vê toda a fragilidade delas e como são indefesas. Poder ajudá-las é maravilhoso. Cuidar, proteger, amar e ter um olhar diferenciado”, observa a docente, que abriu as portas do lar para um bebê de 8 meses.
Participar da iniciativa mudou a vida dela. “Eu me tornei mais humana e mais sensível aos problemas sociais. Olhar o outro lado, ver realmente o sofrimento das crianças e de suas famílias. É necessário que as famílias acreditem que é possível cuidar dessas crianças com muito amor. O amor cura!”, acrescenta.
Sensibilização
Mona Lisa Nascimento, pedagoga e especialista em políticas públicas para a primeira infância, aponta que a importância do acolhimento familiar é inquestionável. “Esse serviço permite que a criança não tenha seu entendimento de família e cuidado rompido de forma tão extrema, como ocorre em instituições. É uma maneira de garantir um acompanhamento mais direcionado, afetivo e cuidadoso”, explica.
Na opinião da pedagoga, a ampliação do acolhimento familiar depende de maior divulgação e sensibilização da sociedade. “Hoje, temos poucas famílias dispostas a acolher adolescentes, o que acaba levando a maioria deles para instituições. É fundamental que o Estado promova campanhas de conscientização e de suporte aos programas existentes”, conclui.
Acolhimento
O acolhimento familiar é uma medida judicial protetiva temporária, com prazo máximo de 18 meses, podendo haver prorrogação, que atende crianças e adolescentes de até 18 anos incompletos. Durante esse período, uma equipe técnica trabalha para reintegrá-los à família de origem. No entanto, quando isso não é possível, eles são encaminhados para adoção ou convivência com a família extensa.
No Brasil, cerca de 30 mil crianças e adolescentes estão sob medida de proteção, mas 96% continuam em abrigos institucionais, enquanto apenas 4% são acolhidos. Segundo dados do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), 93,87% dos acolhimentos ainda acontecem em instituições, com uma pequena parte sendo realizada por famílias acolhedoras (6,13%). No DF, o número de acolhidos é pequeno, sendo para apenas 27 jovens, o que representa 7% do total, enquanto os demais 93% estão em abrigos.
Qualquer adulto com mais de 18 anos e residente no DF pode se candidatar, desde que cumpra alguns requisitos (veja quadro). As famílias interessadas passam por um curso de capacitação e são acompanhadas por psicólogos e assistentes sociais.
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