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Professores, gestores e estudantes DF criticam implantação do Novo Ensino Médio em audiência pública na CLDF

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Não faltaram críticas ao processo de implementação do Novo Ensino Médio (NEM) nas escolas públicas do Distrito Federal, durante a comissão geral realizada no plenário da Câmara Legislativa. O debate, promovido pelo Bloco Sustentabilidade e Educação da CLDF, reuniu professores, gestores escolares, estudantes, parlamentares e representantes da Secretaria de Educação do DF. 

O NEM é fruto da reforma do Ensino Médio realizada em 2017, no governo do ex-presidente Michel Temer. Ele muda toda a matriz curricular, que passa a ser composta pelas disciplinas tradicionais da Formação Geral Básica (FGB) e pelos chamados “itinerários formativos” (IFs), os quais envolvem atividades eletivas a partir de áreas do conhecimento escolhidas pelos alunos.

No DF, o novo modelo começou a ser implementado em 2020, por meio de cinco escolas-piloto e, em 2022, foi expandido para todas as 95 unidades de Ensino Médio de forma progressiva: este ano, apenas na 1ª série; em 2023, na 1ª e 2ª série; e, em 2024, em todas as três séries. 

Segundo a Secretaria de Educação, 32 mil adolescentes começaram a experimentar o modelo este ano. A experiência dos que estudam nas unidades-piloto, contudo, já causa preocupação. Ana Louise Holanda estuda numa das cinco primeiras escolas-piloto, o Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e Técnica do Gama (Cemi). Ela está na 3ª série, já cursou dois anos do NEM, e relatou: “Devido às dificuldades e aos espaços para as matérias eletivas, fui simplesmente encaixada em qualquer uma. Pretendo cursar Bioética, o que não tem nada a ver com canto e coral ou eletrotécnica, que foram as eletivas em que fui encaixada”. 

Queixas semelhantes foram feitas por outros estudantes que participaram da comissão geral. Muitos lembraram, também, que a adaptação ao novo sistema ainda foi dificultada pela pandemia e pelas aulas remotas. E outros reclamaram de mudanças nos sistemas de avaliação e de notas. 

“A implantação do Novo Ensino Médio no Brasil, assim como a de muitas políticas públicas brasileiras, aconteceu meio a ‘trancos e barrancos’, sob a pressão dos nossos governantes, trazendo bastante insegurança àqueles que executam a política nas pontas”, avaliou o deputado Professor Reginaldo Veras (PV), presidente do Bloco Sustentabilidade e Educação na CLDF.

Durante a comissão geral, os professores e gestores escolares, que aplicam na “ponta” o novo modelo, compartilharam expectativas, angústias e reclamações parecidas com as dos estudantes.

O diretor do Cemi, Carlos Lafaiete Formiga Menezes, resgatou todo o processo iniciado nas escolas-piloto, em 2020, quando a expectativa era grande. Ele lamentou a atual falta de diálogo direto entre os centros de ensino e a Diretoria de Ensino Médio da Secretaria de Educação (Diem) e criticou a implementação sem as sugestões das unidades-piloto. Na opinião de Lafaiete, o NEM, “que era uma proposta vanguardista”, virou um retrocesso.

A professora Rosilene Nóbrega, diretora do Centro de Ensino Médio (CEM) 3 do Gama, que está no segundo ano da pilotagem, também criticou a condução do processo de implementação: “A proposta do NEM permite que o aluno construa a sua grade, mas e o sistema para essa escolha? Não chegou para nós. No primeiro momento, foi feito por sorteio. Foi tirado esse direito dos alunos”. 

“Não chamamos mais de NEM, chamamos de VEM, que é ‘Velho Ensino Médio’. O projeto que era vanguardista afundou”, reclamou a coordenadora do Cemi, Edileusa Costa. 

Diversos integrantes do corpo docente das escolas criticaram, ainda, o aumento do trabalho, a falta de debate sobre as atividades eletivas, a dificuldade para adequar professores e alunos, entre outros problemas.

“Nos preocupamos muito com o que tem sido ofertado. Todos os jovens sonham com autonomia, sabemos que precisamos promover mudanças, mas para melhorar. Aqui estamos falando de retirada. Quando falo que alguma disciplina é menos importante, estamos deixando de ofertar. Essa proposta é a importação de uma lógica dos Estados Unidos”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores (SinPro), Rosilene Correa. 

A sindicalista levantou, também, outra reflexão: “Se ofereço algo novo, preciso de formação para isso. Mais de 50% dos professores regentes são temporários. Como oferecer isso para quem está hoje na escola e amanhã não está, por uma razão ou outra?”.

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Jornalista

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