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‘O diminuto Bolsonaro não reflete o Brasil’, afirma Enio Verri

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O gesto mais eloquente e revelador da estatura de Bolsonaro e do que significa o Brasil, para ele, foi a sua desastrada, inócua, inoportuna e patética visita a mais um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco, iniciada, em 2005, no primeiro governo Lula. Quando o presidente de um país dilacerado por três profundas grandes crises se dispõe a inaugurar 6% de uma obra pensada na Monarquia e realizada pelo Partido dos Trabalhadores, 165 anos depois, percebe-se o tamanho da importância que esse dirigente se dá. Por outro lado, e isso é o pior de tudo, Bolsonaro usa a institucionalidade da Presidência, posando de estadista progressista, coisa que ele não sabe o que é, para se esquivar dos trágicos números que não param de crescer e já passam de 1,3 milhão e 58 mil contaminados e mortos, respectivamente.

Por mais que Bolsonaro viva, jamais compreenderá a dimensão civilizatória da transposição, que levará água perene para mais de 12 milhões de brasileiros, a quem o presidente, desde o início da sua carreira política, deixou claro qual o sentimento dispensado. O escandaloso comportamento, sanitariamente temerário, foi superficial e institucionalmente explorado pela imprensa comercial, que revela pouca inteligência ou conivência com a irresponsabilidade de Bolsonaro. Caixa de ressonância da classe dominante, leia-se mercado financeiro, ela tapa o nariz para o presidente porque tem a obrigação de sustentar o ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja meta é promover uma mega promoção, uma verdadeira e literal liquidação da soberania nacional, sem a qual o combate, não apenas à pandemia, mas à histórica e vexatória injustiça social, é impossível.

Os jornais replicam as determinações de Guedes, de aprofundar reformas fiscais sob o falso pretexto de gerar empregos, ou de proteger a economia. Pode parecer antagônico falar de política econômica, em meio à crise sanitária, mas, sem política, não há máscara, luva, leito, medicamento, médico e enfermeiro. Todos os países do mundo estão combatendo a pandemia com investimentos desmesurados na proteção da população e de suas respectivas economias. No Brasil, Bolsonaro e Guedes, ao invés de proteger a classe trabalhadora e as microempresas, subsidiando-as, investem pesado em quem já tem dinheiro e crédito demais. Como capitães do mato do capital financeiro, retardam o pagamento de um auxílio de R$ 600 e dificultam o quanto podem o acesso ao crédito a quem gera 72% dos emprego no País, os microempresários, para investir nas grandes companhias e, com elas, como disse Guedes, “ganhar dinheiro”.

O Brasil não pode se reduzir a tão pouco e submeter a existência da população à mesquinhez da classe dominante, levada a cabo pelo seu macabro bobo da corte, Bolsonaro. É preciso dizer basta às desenfreadas e deliberadas políticas de devastação da população e destruição da soberania nacional. O Brasil é muito maior que as crises particulares de uma família que faz do Estado uma instância de suas demandas pouco honrosas. As manifestações demonstram que o apoio a Bolsonaro não vem das ruas. É fundamental intensificar esse posicionamento e deixar claro que elas querem a cassação da chapa e a realização de novas eleições. Esse é o caminho para o Brasil se reconciliar com a democracia, da qual foi apartado, em 2016. Toda e qualquer vida salva vale o afastamento do Bolsonaro. À frente do País, ele levará adiante sua política de lesa-humanidade que, numa escala de até 100% de relevância, a vida de brasileiros pobres não valem mais de 6%.

Jornalista

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