Homenagem ao Dia do Servidor Público é marcada por reivindicações
Durante a manhã desta sexta-feira (25), a Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou sessão solene para saudar o dia do servidor público que foi marcada por reivindicações das diversas categorias. A reunião aconteceu por iniciativa do deputado João Cardoso (Avante) e teve a presença de vários representantes da classe, entre eles da administração direta, da saúde e da educação.
João Cardoso é membro de duas carreiras públicas, de auditoria e de magistério. O parlamentar destacou a importância do servidor público. “O Estado Democrático precisa do servidor público, que deve estar sempre presente e valorizado. Eu respeito o servidor público. Sou servidor de duas carreiras, auditor fiscal de atividades urbanas e professor da Secretaria de Educação. Também fui servidor como oficial do Exército”, afirmou o deputado.
João Cardoso também contou uma passagem curiosa para ilustrar como valoriza o servidor. “Quando fomos eleitos, em 2018, não participei da ambientação dos deputados. Procurei o Sindical, sindicato aqui da Casa, e pedi uma reunião fora da Câmara Legislativa. Sentamos em uma cafeteria e disse: estou aqui para pedir permissão a vocês para entrar na Câmara Legislativa porque os verdadeiros guardiões da Câmara são vocês, servidores concursados. Nós, parlamentares, por aqui passamos, mas vocês levam a história da Casa. De lá para cá, construímos uma parceria com os servidores. Nós parlamentares somos servidores públicos, não esqueçam”, destacou o distrital.
“Eu defendo o servidor sim, principalmente, quando as condições de trabalho não são adequadas e quando a valorização não acontece. Todas as carreiras deveriam ser reconhecidas e valorizadas da mesma forma. O verdadeiro guardião do serviço público somos nós porque passamos, deixamos nossa história e pertencemos àquele órgão. Nosso mandato foi criado com o lema: servir sem ver a quem”, finalizou João Cardoso.
O secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Agaciel Maia lembrou que o servidor público tem sido enfraquecido nas últimas décadas e precisa voltar a ser fortalecido. “A representação política do Congresso Nacional chegou a ser quase 50% de servidor e hoje talvez não seja nem dez por cento. Servidor público não tem votado em servidor e a gente tem atrofiado durante esse tempo”, registrou Agaciel.
O ex-deputado distrital também trouxe uma reflexão. “Há servidor que tem a chance de exercer um cargo de direção e que às vezes esquece que ele é, na essência, servidor público. Fui servidor do Senado e diretor-geral do Senado e hoje posso voltar lá e olhar no olho dos servidores. Fui deputado distrital por três mandatos e construí esse relacionamento para que eu possa voltar à Câmara Legislativa e saber que fiz o melhor que pude para os servidores desta Casa e que mantive um bom relacionamento com meus colegas. Essa é a lição que aprendi com meu pai e a reflexão que todo dirigente tem que fazer. Muitos dirigentes acham que servidor público é despesa, mas na verdade é investimento”, refletiu Agaciel Maia.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta (Sindireta), Ibrahim Yusef Mahmud Ali, disse que o dia é para reflexão e luta. “Temos que parar o dia para reflexão do que o serviço público está fazendo para a sociedade, que tanto precisa. Queremos trazer dignidade para o cidadão. Vivemos um massacre porque não querem o fortalecimento do serviço público. Querem terceirizar tudo. Passamos sete anos sem recomposição, que representou 56% a menos no contracheque do servidor. Estamos sendo sacrificados na questão do anuênio, suspenso no período da pandemia. É uma medida pequena que o governador pode dar em uma canetada. E também nosso vale alimentação, que pague pelo menos igual ao do governo federal. Reconhecemos alguns avanços, mas queremos uma mesa de negociação permanente”, defendeu Ibrahim.
O sindicalista ainda falou sobre a importância de o servidor escolher seus representantes nas eleições. “Somos 190 mil servidores [no DF] e veja a importância de colocar no Legislativo servidores públicos. Vote no servidor público”, conclamou o presidente do Sindireta.
De seu lado, a representante da Carreira Assistência Pública à Saúde, Silene Dias, disse que a data é de cobranças. “Represento a carreira que tem o pior salário do GDF. Servidores da saúde e educação são extremamente desvalorizados no DF. Queria estar comemorando nossa valorização. Só da saúde são quase 52 mil servidores, da educação são entre 56 e 60 mil, somos a grande maioria e tudo que é para ser feito para essas duas áreas tem a desculpa de que o impacto é muito alto. Não dá para tratar desiguais de maneira igual. Votei no governador Ibaneis e me sinto muito à vontade de estar aqui cobrando diálogo, respeito e valorização. Também precisamos fazer o chamamento de concursados”, enfatizou Silene.
A presidente do Sindicato dos Servidores Integrantes da Carreira de Fiscalização de Atividades Urbanas do Distrito Federal (Sindafis), Christiane Marcondes, também fez coro para que exista diálogo com o governo. “Nós queremos sentar e ter mesa de negociação. Infelizmente, estão sendo criados dois escalões dentro do serviço público. Os que estão sendo valorizados, recebem o que pedem e aqueles que não estão sendo nem recebidos. Precisamos ser ouvidos e, como representantes sindicais, temos que levar uma resposta aos que representamos”, declarou Christiane.
Já o presidente da Associação dos Servidores da Carreira de Políticas Públicas e Gestão Educacional (ASPPEG), Márcio William de Sousa, lembrou da luta que a categoria passou e do que conquistou. “Há cinco anos éramos invisíveis, sem perspectiva de melhoras. Fomos à luta insatisfeitos com essa situação e conseguimos um apoio muito importante desta Casa. Demonstramos a importância da carreira e conseguimos um pouco de recomposição. Atuamos na alimentação escolar, na prestação de contas e na secretaria da escola, entre outras áreas. Hoje temos seis projetos para nossa carreira aqui na Câmara Legislativa. Agradecemos o apoio do deputado João Cardoso”, disse Márcio.
O presidente da Associação dos Servidores Públicos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (ASPSES), Hélio Francisco do Nascimento, disse que a carreira que representa não tem o que comemorar. “Nossa carreira, que é de suma importância para a Secretaria de Saúde do DF, está prestes a fechar 2024 e partir para o próximo ano sem expectativa de reconhecimento e valorização. Há um princípio constitucional de que a administração pública deve tratar os desiguais na medida de sua desigualdade. Quando nosso governador concedeu reajuste linear em três parcelas de 6%, isso agravou ainda mais a situação de uma carreira que há 18 anos não tem recomposição e correção salarial, assim como não tem sua modernização. Esse aumento linear criou ainda mais desigualdade entre as carreiras. Precisamos resolver essa questão. Precisamos cuidar de quem cuida da saúde”, apelou Nascimento.
Por sua vez, o secretário adjunto de Governo da Secretaria de Governo do Distrito Federal, Helton Costa, agradeceu à Câmara Legislativa pela interlocução com os servidores públicos. “Agradeço aos deputados porque muitas pautas do servidor foram aqui trazidas, discutidas e aperfeiçoadas”, afirmou o secretário. Segundo ele, o governador é sensível às questões relativas ao servidor público que foram apresentadas na solenidade. “O governador Ibaneis é sensível ao servidor público. Haja vista a terceira parcela que foi paga durante seu governo, o reajuste de 18% em três parcelas e também a questão do chamamento de servidor. Quanto às reivindicações aqui apresentadas, vamos ver o que está acontecendo e se tem alguma previsão na Secretaria de Economia [em relação aos processos que estão parados]. Estou em uma função pública e amanhã não estarei. Por isso, sou muito ciente dos compromissos e obrigações que temos com o servidor público”, afirmou o secretário adjunto.
Ao fim da solenidade foram entregues a servidores e seus representantes algumas moções de louvor pela dedicação e pelo compromisso com o serviço público.
Com informações da CLDF
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