Negros são maioria no sistema socioeducativo do DF, diz pesquisa
O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) apresentou o estudo Trajetória dos Socioeducandos no Distrito Federal: Meio aberto e semiliberdade 2022. A pesquisa ouviu 158 socioducandos, entre março e maio, e constatou, dentre outros dados, que 87% dos internos são homens negros e 52% tem entre 16 e 17 anos.
O estudo aponta a necessidade de incentivar os jovens infratores para que eles se sintam parte da sociedade e assim ajudá-los no planejamento do futuro. A pesquisa ressalta como fundamentais as políticas voltadas para a rede familiar e social dos jovens. Destaca ainda medidas que visem o protagonismo juvenil, no momento em que são atendidos.
Outra recomendação do estudo é que haja maior integração entre políticas públicas de assistência social, saúde, educação, trabalho, segurança social, habitação, justiça, esporte, lazer e cultura nos serviços específicos do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) no DF.
A pesquisa
O estudo traçou o perfil sociodemográfico dos internos no DF e constatou a predominância de jovens negros (87%), entre 16 e 17 anos (52%). Isso vai ao encontro dos dados sobre trajetória escolar. No período de realização das pesquisas, 54% dos socioeducandos pararam de estudar aos 15 anos e 87% reprovaram em algum ano, desses 57% por faltas.
Com base no 3º Levantamento Nacional Sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado pela Fiocruz, a pesquisa constatou que 80% dos participantes já experimentaram alguma droga, lícita ou ilícita, sendo que 63%, entre 13 e 16 anos. Proporção semelhante à da população do DF. As únicas drogas de uso contínuo citadas foram maconha e cigarro.
Dos pesquisados, 82% afirmaram que diminuíram o consumo de drogas depois do cumprimento da medida socioeducativa, 65% também afirmaram que mudaram de amigos e voltaram a estudar após cumprirem a sentença.
Dentre os internos, 38% vêm de famílias com renda de um a três salários mínimos. No entanto, o alto número de indivíduos na mesma família faz com que os ganhos fiquem em cerca de R$ 700 por pessoa. Sobre o meio familiar, 70% dos participantes do estudo afirmaram morar com a mãe, com possibilidade de residir com outro parente próximo. Desses, 51% não tinham presença do pai no lar.
Antecedentes, violência e apreensão
Outro eixo de atuação do estudo é a análise da situação em que os jovens estavam quando foram apreendidos e depois disso. Na época da apreensão, 62% deles trabalhavam ou procuravam emprego. Do total, 82% já trabalharam em algum momento, sendo que 68% tinha emprego informal.
Em relação à violência, a pesquisa mostra que 55% dos jovens já sofreram algum tipo de agressão. Outros 44% foram ameaçados ou humilhados alguma vez. As agressões por pessoas desconhecidas e sofridas fora de casa tiveram a mesma porcentagem: 40%, sendo que 34% afirmaram terem sido agredidos por policiais.
No sistema socioeducativo do DF, o crime que levou maior quantidade de internos foi roubo/furto (40%), seguido somente por tráfico de drogas (34%). Dos jovens que estavam em semiliberdade, cerca de 48% cometeram o primeiro crime aos 13 anos. Já dentre os que estavam em regime aberto, 40% tinham entre 14 e 15 anos no primeiro ato infracional.
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