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Ações culturais celebram os 62 anos da capital federal

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O projeto Sorria, Brasília, em comemoração aos 62 anos da capital federal, ofereceu uma ampla programação cultural, com shows, mostras de cinema, feiras e exposições, espetáculos populares e apresentações de orquestras. Após dois anos sem comemoração devido à pandemia de coronavírus, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) planejou diversas opções para todos os gostos.

Com 17 equipamentos culturais interligados por um leque simultâneo de atividades artísticas, as atrações serão apresentadas no Plano Piloto, Ceilândia, Samambaia, Núcleo Bandeirante, Gama e Planaltina, regiões administrativas onde ficam os equipamentos culturais do Governo do Distrito Federal (GDF). As orquestras vão circular entre abril e maio com o projeto Clássicos nas Cidades, que estará nos complexos culturais de Samambaia, Planaltina e Casa do Cantador, em Ceilândia.

As atividades receberam o investimento de cerca de R$ 700 mil e propõem uma festividade ampla, abrangendo todas as cidades, com ênfase no entretenimento, exaltando a preocupação do GDF com a memória cultural. Exemplos disso são a reabertura da mostra Poeira, Lona e Concreto, totalmente restaurada, que retrata os primeiros tempos da construção da cidade, no Museu Vivo da Memória Candanga, e desenhos inéditos de Oscar Niemeyer, no espaço homônimo, além da valorização da história da Via-Sacra de Planaltina no complexo cultural da região administrativa.

O Eixo Cultural Ibero-americano, antigo espaço Funarte de Brasília foi voltado ao encontro das famílias e amigos, sentados  no gramado e em galerias com piquenique, desfrutando do Festival de Orquestras Populares, Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, shows e desenhaço. Essa programação reforça o ano Brasília Capital Ibero-americana das Culturas, título mundial outorgado este ano à cidade.

Na Concha Acústica teve shows e mostra de cinema. O Cine Brasília segue a programação especial e aberta ao público, com seleção de filmes e espetáculo comemorativo da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo.

A história do palácio de mármore de Brasília

O Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, é marcado pela beleza discreta de seu minimalismo. Nos jardins do palácio, em frente ao Eixo Monumental, o prédio ostenta a lendária loba romana amamentando os irmãos Rômulo (fundador de Roma) e Remo, presente do governo italiano pela fundação da capital. Tanto a moderna e futurista Brasília, quanto a cidade eterna, Roma, foram fundadas no dia 21 de abril.

Inaugurado em 1969, o Palácio do Buriti foi projetado pelo arquiteto Nauro Esteves, que trabalhava com Oscar Niemeyer.

Durante três anos, um quartel desativado da Polícia Militar, em Taguatinga, transformou-se no Centro Administrativo do Distrito Federal, para onde foi transferida a sede do governo local. Não demorou muito para que o local ganhasse o apelido de Buritinga, mistura de Buriti e Taguatinga

O primeiro governador a despachar no novo Palácio foi Hélio Prates da Silveira, que governou de 1969 a 1974. Antes a cidade era governada por prefeitos, nomeados pelo presidente da República. Brasília teve dez prefeitos, sendo o último Wadjô da Costa Gomide, engenheiro da Novacap. Os prefeitos despachavam na sede da Novacap, que passou a ser um órgão da prefeitura de Brasília após a inauguração da capital.

Árvores e flores

Ao completar 62 anos de idade, Brasília carrega o título de uma das cidades mais arborizadas do mundo. São atualmente 5,5 milhões de árvores em todo canto da capital. Muito se fala nos ipês e seus cerca de 250 mil exemplares, que encantam moradores e quem passa pela cidade. Mas Brasília vai muito além disso. A variante de espécies é grande e suas flores rosas, roxas e brancas trazem alegria ao “quadradinho”.

Segundo o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Novacap, são em torno de 200 tipos de árvores pelo Distrito Federal. Um trabalho feito ao longo de décadas, para devolver o verde à capital criada por Juscelino Kubitschek.

No início, foi preciso acelerar essa meta. Quando da inauguração da cidade, lembra Silva, o “jardineiro da capital” e ex-funcionário da companhia Francisco Ozanan se virou para enfeitar a tradicional W3 Sul. “As mudas, na época, eram trazidas do Rio de Janeiro e os olhares voltados para a W3. Daí, Ozanan e sua equipe fizeram a arborização da avenida em uma noite para deixar tudo certo para inauguração”, recorda Silva, que é biólogo e técnico agrícola.

Com o passar dos anos, as quaresmeiras, cambuís, paineiras, jacarandás do cerrado, cagaitas, bauínias (patas de vaca) e outras foram crescendo pela capital. Cada uma florindo a seu modo e sua época. “Mas ao longo dos 12 meses do ano, temos espécies diferentes florindo para embelezar nossa cidade”, garante o técnico da Novacap. As sementes para o plantio são trazidas de um raio de até 500 km de Brasília. Grande parte das mudas é cultivada no Viveiro II da Novacap, situado no Setor de Oficinas Norte (SOF Norte).

Capital do rock

Foram três bandas. Como os três poderes da nação, elas reinaram, soberanamente, no Planalto Central entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980 com canções que encantaram gerações. Juntas, Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana – os três nomes mais importantes do rock Brasília – embalaram sonhos, instaram reflexões sociais e políticas, ditaram regras de comportamento, deram asas a um imaginário local que reverberaria em todo o país. Não há como falar de música brasileira e não lembrar sucessos nacionais marcantes como Eduardo & Mônica, Faroeste Caboclo, Até Quando Esperar, Independência e tantas outras.

“Acho que o rock de Brasília é tão importante quanto a Tropicália. (…) Não se pode falar de cultura brasileira sem falar em nossa turma”, afirmou o vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, em uma entrevista publicada na revista ShowBizz em dezembro de 1998. “É rock, rock puro, rock de Brasília”, sentenciou.

Os grupos tinham na formação jovens filhos de diplomatas e de altos funcionários públicos. Eram adolescentes entediados com a aparente falta do que fazer na capital, com a solidão do cerrado e certo desencanto com o Brasil. Que país era aquele afinal, no apagar das luzes do regime militar? “Considero-me a voz da geração Coca-Cola, que são os filhos da revolução. Sou um filho perfeito da revolução, por isso minha poesia não reflete nada”, desabafou o jovem Renato numa entrevista ao Correio Braziliense, em janeiro de 1980.

Tomados por um tédio bem grande e insatisfação juvenil, traçaram, ao som de Sex Pistols, Ramones e outros ícones do punk rock, rotas de convivências e afinidades cotidianas que iam do apartamento de Renato Russo, na SQS 303, passando pelos cativos points culturais da cidade na Asa Sul e na Asa Norte, como a lanchonete Food’s (110/111 Sul), mansões no Lago Norte, onde moravam os integrantes do Capital e da Plebe; o conjunto de prédios da UnB, a famosa Colina, onde a turma se encontrava para tocar e ouvir música, se divertir.

“(…) E nossas vidas são tão normais/você passa de noite e sempre vê/Apartamentos acesos/(…) Andando nas ruas/Pensei que podia ouvir/Alguém me chamando/Dizendo meu nome”, radiografa o cotidiano da cidade o líder da Legião Urbana na elétrica Baader-Meinhof Blues, um dos sucessos do primeiro álbum lançado em 1985.

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Jornalista

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