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“100% da população de Gaza está ameaçada de fome”, diz ONU, que critica distribuição de alimentos

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O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke, afirmou nesta sexta-feira (30) que “Gaza é o lugar com mais pessoas famintas do mundo”, onde “100% da população está ameaçada de fome”.

“É a única área delimitada — um país ou território definido dentro de um país — onde toda a população corre risco de fome”, disse Laerke durante uma entrevista coletiva em Genebra. 

Segundo ele, a ONU enfrenta dificuldades para levar ajuda humanitária ao território palestino, que ficou sem acesso aos mantimentos e outros produtos básicos durante semanas, após a retomada da ofensiva militar israelense, em maio.  

Desde a flexibilização parcial do bloqueio, em 19 de maio, 900 caminhões foram autorizados a entrar no enclave, mas apenas 600 conseguiram chegar até Gaza. Um número ainda menor teve acesso ao interior do território, devido aos bombardeios e à insegurança. 

“É uma distribuição de alimentos que chega a ‘conta-gotas’, dentro de um ambiente operacional extremamente restrito. Trata-se de uma das operações humanitárias mais dificultadas da história recente”, afirmou o representante da ONU.

Distribuição de alimentos na região de Khan Younès, no sul da Faixa de Gaza
Distribuição de alimentos na região de Khan Younès, no sul da Faixa de Gaza © Abdel Kareem Hana / AP

Habitantes denunciam caos e humilhação na distribuição de alimentos 

A distribuição foi retomada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e indigna os moradores do enclave. Eles aguardam, em suas próprias palavras, “as migalhas” distribuídas pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), criada em fevereiro de 2025 com o aval do governo israelense e apoio dos EUA. 

“Era melhor quando as ONGs faziam isso”, disse Wassim Lahm, um morador da região que caminhou por quatro quilômetros para obter um pouco de comida. “Agora é um desperdício. Vi quatro mortos no caminho de volta”, contou aos repórteres Rami al-Meghari e Alice Froussard, da RFI.

Hani Shaath, deslocado na região de al-Mawasi, contou que passou em meio a tanques e tiros para conseguir um pacote com farinha, óleo, macarrão e feijão. “Quem ultrapassava as barreiras era atingido. Vi alguém levar um tiro por passar um metro além do permitido.”

Nesta imagem, distribuída pelo Ministério do Desenvolvimento Digital e da Informação de Singapura, o presidente da França, Emmanuel Macron (à esquerda), aperta a mão do primeiro-ministro de Singapura, Lawrence Wong, durante uma coletiva de imprensa conjunta após a assinatura de vários acordos bilaterais, em Singapura, em 30 de maio de 2025
Nesta imagem, distribuída pelo Ministério do Desenvolvimento Digital e da Informação de Singapura, o presidente da França, Emmanuel Macron (à esquerda), aperta a mão do primeiro-ministro de Singapura, Lawrence Wong, durante uma coletiva de imprensa conjunta após a assinatura de vários acordos bilaterais, em Singapura, em 30 de maio de 2025 AP – Vincent Thian

Para Israel, “festa nacional” francesa será em 7 de outubro

Durante visita a Singapura, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o reconhecimento de um Estado palestino “não é apenas um dever moral, mas uma exigência política”. Ele condicionou esse reconhecimento à libertação dos reféns, desmilitarização do Hamas e reforma da Autoridade Palestina. 

Macron também alertou que a França poderá endurecer sua posição contra Israel caso o bloqueio à ajuda humanitária continue. França, Reino Unido e Canadá emitiram um alerta ao premiê israelense Benjamin Netanyahu, criticando suas ações em Gaza. 

Após as declarações, o Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou nesta sexta-feira (30) o presidente francês, Emmanuel Macron, de estar em uma “cruzada contra o Estado judeu”.

“Não há bloqueio humanitário. Isso é uma mentira descarada”, afirmou o ministério em comunicado, defendendo os esforços israelenses para permitir a entrada de ajuda no território palestino.

“Em vez de pressionar os terroristas jihadistas, Macron quer recompensá-los dando-lhes um Estado palestino”, diz a nota. “Não há dúvida de que sua festa nacional será o 7 de outubro”, acrescenta o texto, em referência ao ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra em Gaza.

Cessar-fogo?

A Casa Branca anunciou que Israel aceitou a mais recente proposta de cessar-fogo dos EUA.  O Hamas ainda está analisando o plano e deverá responder em breve. 

O ministro israelense da Defesa, Israël Katz, desafiou abertamente nesta sexta-feira o presidente francês, Emmanuel Macron, e as Nações Unidas. Ele disse que autorizar a criação de Estado palestino na Cisjordânia estava fora de questão. O território palestino foi ocupado por Israel em 1967 e ele pretende “construir o Estado judeu” na região. 

A declaração ocorreu dia após o governo israelense anunciar um grande plano para expandir os assentamentos judaicos na Cisjordânia, denunciado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Ele pediu a Israel que “cesse todas as atividades de assentamento”, que são “ilegais e dificultam a paz”. 

Com informações da AFP

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Jeová Rodrigues

Jornalista

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