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Sensação de insegurança dobra dentro das escolas militarizadas do DF

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Pesquisa do GDF também mostra que grande parte da comunidade escolar aprova e deseja a continuidade do modelo cívico-militar de ensino

alunos e monitor militar - Metrópoles

A sensação de insegurança praticamente dobrou entre alunos, professores e servidores dentro das escolas cívico-militares do Distrito Federal. Mesmo assim, o modelo tem o apoio de grande parte da comunidade escolar. É o que mostra um dos retratos traçados pela II Pesquisa de Situação Escolar, produzida pelo próprio Governo do DF (GDF).

Comparando 2019 e 2022, a pesquisa analisou a situação de quatro unidades pioneiras do modelo: CED 01 Estrutural, CED 03 Sobradinho, CED 07 Ceilândia e do CED 308 Recanto das Emas. Segundo o estudo, a sensação de insegurança entre estudantes dentro dessas unidades saltou de 10,2% para 19,5%, de 2019 e 2022. Nas imediações dos colégios, avançou de 13,61% para 31%. Também houve aumento no sentimento entre professores e servidores

Os relatos de violência aumentaram. Em 2019, 22,30% dos estudantes disseram ter sido sofrido bullying. Em 2022, foram 31,97%. O percentual de alunos que afirmaram ter sido vítimas de agressão por colegas saltou de 8,39% para 17,35%. No caso de violência sexual, as taxas subiram de 3,25% para 8,39%. Enquanto o assédio sexual cresceu de 10,25% para 18,78%. Houve incremento, ainda, de citações de roubo dentro das escolas, consumo de bebidas alcoólicas e drogas.

Os percentuais de reprovação do modelo tiveram elevação. Entre os alunos, a taxa dos que disseram que o projeto cívico-militar deixou o colégio pior para estudar cresceu de 17,48% para 25,50%. No caso dos professores, avançou de 13,82% para quase 20%. E entre os próprios militares escalados, o índice pulou de 2,33% para 33,33%.

O estudo foi obtido por um requerimento de informações apresentado pelo gabinete do deputado distrital Max Maciel (PSol).

Agressividade

O percentual de alunos que consideram a ação dos militares agressiva aumentou de 30,66% para 56,72%. A taxa dos que relataram que os monitores nunca são educados avançou de 6,5% para 14,5%. Em 2019, para 8,67% as conversas e diálogos com a equipe militar nunca eram tranquilos. Em 2022, o percentual chegou a 14,66%. O índice dos que relataram que os militares nunca estão garantindo a disciplina passou de 9,16% para 15,76%.

Do ponto de vista de Max Maciel, a pesquisa expõe falhas do projeto cívico-militar. Para o parlamentar, a presença dos militares não conseguiu reduzir a violência e a sensação de insegurança. “Isso é só para balizar que esse modelo é muito mais propagandista do que, de fato, um modelo que tem seriedade com a Educação”, disparou. O distrital também questionou a capacitação e formação dos militares para lidar com os alunos.

De acordo com Maciel, houve aumento do número de estudantes encaminhados para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) por desacato aos militares. Solução adotada pela falta de capacidade de diálogo entre as partes. “Os próprios professores se sentem intimidados em sala de aula por não ter sua liberdade de cátedra”, pontuou. Para o distrital, o modelo cívico-militar é “prisional”, baseado na vigilância e na punição.

Questionamento

Com base nesses dados, Maciel pretende questionar o GDF por que continuar apostando nesse modelo e qual é o custo do investimento. Toda a rede pública recebe recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) por aluno. “Nas escolas cívico-militares, em média, o valor é dobrado. E mesmo assim essas escolas não têm estrutura ideal”, ressaltou.

“Nós acreditamos em um educação verdadeira. Em um escola aberta, para a comunidade e com toda equipe técnica formada. Que tenha a merenda escolar em dia. E que a polícia seja parte do processo, mas do lado de fora, fazendo a segurança da comunidade e tendo a sensação de segurança. Por que alegam que não há policiamento para o Batalhão Escolar, mas tem policial para as escolas cívico-militares?”, comentou.

Outro lado: mais de 80% mais seguros

Do ponto de vista do GDF, a pesquisa apontou para cenário positivo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), há de se observar que esse aumento dos estudantes que se sentem inseguros, em 2022, se deu em um universo de 19,15%, sendo que os outros 80,85% são dos que se sentem seguros. Além disso, para a pasta, os motivos para os relatos de insegurança, sobretudo dos alunos, ainda estão em aberto.

“Podem estar relacionados a diversos fatores ambientais, relacionados ou não à comunidade escolar. Isso ainda está sendo analisado pela SSP-DF. Importante salientar que, em 2022, após o período de retenção e tensão gerado pela pandemia, houve o retorno à convivência das aulas, o que pode ter impactado diretamente na sensação de (in) segurança não só dos alunos, mas também da população em geral”, argumentou a pasta.

Para a pasta, o projeto é avaliado de forma positiva pela maior parte da comunidade e que a escola passou a ser um lugar melhor para estudar. Para tanto, destacou que o percentual de estudantes que fazem essa avaliação variou de 50,32% para 44,37%. No caso dos professores, passou de 59,87% para 63,16%. Entre militares, foi de 97,67% para 66,67%. E entre servidores foi de 85,90% para 86,36%.

Continuidade

A SSP também destacou a prevalência do desejo de continuidade do modelo. Entre estudantes, o percentual passou de 53,12% para 56,66%. No caso de professores, de 75,46% para 88,89%. Entre servidores, apresentou leve recuo, de 86,9% para 85,29%. Sobre o aumento de relatos de violência, o GDF argumentou que antes da implantação do modelo havia subnotificação dos crimes.

“Tais situações implicam aumento do registro de ocorrências, e não necessariamente no aumento de casos”, alegou a pasta, lembrando que em 2022, após a pandemia, toda temática envolvendo os casos de bullying tem recebido atenção especial da comunidade acadêmica, com ações educativas e preventivas envolvendo familiares, professores e alunos.

Sinpro reprova

O Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) reprova o modelo cívico-militar. “Não tem outra alternativa para melhorar a Educação que não seja investimento. O governo precisa melhorar a estrutura das escolas, diminuir o número de alunos em sala, ter laboratórios de ciência e informática, além da valorização dos servidores da Educação”, argumentou o diretor Samuel Fernandes.

“A Polícia Militar ajuda na segurança de todos, através do Batalhão Escolar, mas na porta da escola e em suas imediações, e não dentro das escolas desempenhando papel que seria de servidores da Educação. Dentro das escolas, precisamos de professores, orientadores educacionais e todo o quadro completo dos demais servidores, como porteiros e vigilantes”, emendou o educador.

Aspa aprova

A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF) vê o modelo cívico-militar como uma boa alternativa, especialmente para regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo o presidente da Aspa-DF, Alexandre Veloso, a avaliação das famílias tem sido positiva. Para a entidade, os militares estão focados em resolver os conflitos das escolas, enquanto alunos e professores têm mais tempo e condições de se concentrar nos estudos.

“É um projeto recente. E a pandemia afetou toda a comunidade escolar. A Aspa entende que esta iniciativa é destinada ao sistema de ensino do DF e não deixa de ser pública. Por muitos anos a associação foi demandada pela questão de insegurança. Com a gestão compartilhada, isso diminuiu”, afirmou Veloso.

Com informações do Metrópoles

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