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Desemprego começa a cair no DF, mas número de desempregados ainda é alto, diz Codeplan

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A redução do desemprego no DF vem se acentuando mês a mês. Em outubro deste ano, o contingente de desempregados foi estimado em 278 mil pessoas, 19 mil a menos que o observado no mês anterior

O Distrito Federal alcançou a menor taxa de desemprego dos últimos cinco anos. Atualmente, ela está em 16,8%, referente a outubro de 2021, uma redução de quase 2% p.p em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados estão na Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese).

Segundo o presidente da Codeplan, Jean Lima, pelo menos três fatores foram fundamentais para a redução. “O avanço da vacinação aliado aos incentivos econômicos do governo e à quantidade de obras em andamento são os responsáveis pela alta no número de contratações”, comenta o especialista, acrescentando que a sazonalidade também contribui para o aumento das contratações, visto que tem chegado o período de vendas de Natal.

Ele acredita que para os números continuarem reduzindo, agora, é necessário que a economia do país saia do lugar. “É evidente que o GDF tomou várias medidas para criar novos postos de trabalho, mas não estamos isolados. Também são necessárias medidas macroeconômicas”, complementa Jean Lima.

A redução do desemprego no DF vem se acentuando mês a mês. Em outubro deste ano, o contingente de desempregados foi estimado em 278 mil pessoas, 19 mil a menos que o observado no mês anterior, resultado da redução no número de pessoas em desemprego aberto (-6,9%, ou -18 mil) e da relativa estabilidade daquelas em desemprego oculto (-2,7%, ou -1 mil).

A pesquisa aponta outro dado positivo: o grupo de baixa renda é o mais contratado. Eles representavam 32% dos desempregados e a taxa caiu para 19,8%. Foi justamente isso que aconteceu com Rafaelle Fernanda de Oliveira Paulino. Aos 39 anos de idade, ela que é pós-graduada na área de educação física, se viu desempregada quando as academias de ginástica precisaram fechar.

“Fiquei 10 meses desempregada. O sentimento era de impotência e humilhação. Agora, trabalho em uma empresa de serviços de instalação e manutenção de equipamentos de segurança em condomínios prediais”, conta.

Entre as medidas anunciadas pelo governo, o Pró-Economia é um dos que já têm ajudado a alavancar vagas. O primeiro foi lançado em maio deste ano, com 20 medidas para fomentar a economia da capital e evitar que precisem fechar as portas, aumentando o desemprego

Só quem viveu a experiência de estar fora do mercado de trabalho sabe a importância de fazer parte das estatísticas dessa queda. Leonardo Barros, 37 anos, passou pouco mais de um ano à procura de recolocação no mercado de trabalho. “Eu era vendedor de uma marca de telefone que ficava dentro de shopping. Com a pandemia, a loja fechou e o empregador ainda manteve nosso emprego por dois meses e depois fomos desligados”, relembra. O novo emprego veio em junho deste ano, após um processo seletivo e agora a renda vem do trabalho de consultor de vendas e merchandising.

O comércio, principalmente a área de vendas, é um dos que mais tem contratado, junto de serviços e da construção civil. Segundo a pesquisa da Codeplan, em outubro do ano passado, o setor de serviços contratou 926 mil pessoas. Este número subiu para 985 mil neste ano. No comércio, as contratações subiram de 225 mil em 2020 para 239 mil neste ano. Fazendo o recorte apenas dentro das agências do trabalhador, que fazem o intermédio entre as pessoas que buscam emprego e empresas do DF, as vagas para serviços, obras e comércio são as que mais aparecem.

Regiões mais pobres

Uma pesquisa realizada pelo Observa DF (Observatório de Políticas Públicas do Distrito Federal) mostrou que as taxas de desemprego foram maiores entre a população de baixa renda na capital. O projeto, que tem como objetivo analisar os diversos cenários socioeconômicos da região durante a pandemia da Covid-19, foca principalmente as vítimas de vulnerabilidade estrutural.

Segundo o levantamento, enquanto a taxa de desemprego da população com renda média/alta ficou em 15,8% em abril de 2020, um mês após as primeiras mortes em decorrência da Covid-19 na capital, o número relacionado à população de renda baixa foi quase o dobro, 30,1%.

Os dados apresentados na pesquisa ainda revelam que a atividade de serviços é predominante no DF. Segundo uma das pesquisadoras, Andrea Felippe, esse é um indicativo negativo em um período pandêmico. “Parte desses serviços depende de atividades presenciais, e as medidas contra aglomeração atingiram muito fortemente esse setor”, disse.

Os pesquisadores mencionam que, como as regiões periféricas apresentam menos oportunidades de emprego quando comparadas à região central, os pequenos serviços foram os mais afetados após o surgimento das restrições.

Negros

A passos curtos, a luta pela valorização da população negra na escassez de trabalho tem ganhado novos capítulos na história do Distrito Federal. Essa é a síntese do Boletim Populações Negras, da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), recebida em primeira mão pelo Correio, e divulgada pela Companhia de Planejamento (Codeplan) na manhã desta quinta-feira (18/11).

O levantamento mostra que, no primeiro semestre de 2021, a força de trabalho da capital federal era majoritariamente negra. A taxa de participação da população negra de 14 anos e mais na força de trabalho era de 67,1%, enquanto a da parcela não negra ficou situada em 61%.

Segundo o levantamento, os dados mostram que há necessidade econômica da busca de renda, por isso, as taxas são maiores. Contudo, esta presença ainda não supera a condição de desemprego do público: no mesmo período apresentado, 69,3% do total da população negra estava desempregada, enquanto o levantamento do público não negro ficou em 30,7%, o que indica reações diferentes do mercado de trabalho no arrefecimento da covid-19.

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Jornalista

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