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Espetáculo da fé. Paixão de Cristo reúne 60 mil no Morro da Capelinha

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Após cinco horas de encenação, a Paixão de Cristo no Morro da Capelinha teve o momento apoteótico com a ressurreição de Jesus, passagem que encerrou a 45ª edição do evento religioso. Apesar de o enredo ser conhecido, parte dos 60 mil fiéis presentes derramou lágrimas com a imagem que remonta a volta de Cristo à vida.

Olhos vidrados para o alto do monte onde Jesus surgia de braços abertos, a auxiliar de serviços gerais Lúcia Francisca Onofre, 62 anos, se emocionou com o ápice da festa religiosa. “A fé eleva. Hoje, vim para testá-la. Estava com muitas dores no corpo. Quando cheguei, elas passaram”, contou a idosa, que ficou sem comparecer à cerimônia por quase uma década. “É uma parte muito bonita. A gente chora porque vê a verdade acontecendo”, complementa.

A autônoma Lenice Rosa Conceição, 45 anos, esteve afastada da via-sacra por 11 anos. Em 2018, ela retornou com o objetivo de agradecer uma vitória na família. A filha Evelyn Conceição, 24 anos, operou há dez dias para retirada de um cisto no ovário. Foram longos tratamentos e uma fila de espera até que ela fosse chamada para fazer a cirurgia no Hospital Regional de Sobradinho.

Evelyn, que faria parte da via-sacra na organização, se ausentou por um bom motivo.“Foi uma graça muito grande. Falei que viria depois da cirurgia dela para agradecer. Tudo foi coisa de Deus”, conta a mãe. Moradora de Planaltina, Lenice promete voltar em 2019 com a filha Evelyn e a mais nova, Emanuele, de 9 anos.

Para ela, a ressurreição de Cristo significou a renovação da fé que teve ao ver a jovem melhorar e vencer o cisto no ovário. “É difícil explicar em palavras. É um dos momentos mais emocionantes de toda a encenação. Sou grata por tudo o que tem acontecido.”

Novidade
A edição de 2018 teve uma surpresa. A organização preparou muita pirotecnia e queima de fogos de artifício de 12 minutos para introduzir no cenário atores representando os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Eles figuram na mais alta hierarquia dos anjos e, segundo a Bíblia, atendem diretamente ao trono de Deus. Fielmente reproduzidos, foram apresentados ao público em molduras iluminadas expostas no alto do morro.

HUGO BARRETO/METRÓPOLES

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Arcanjos foram a surpresa da 45ª edição da encenação da Paixão de Cristo no Morro da Capelinha

Sol e chuva
Os fiéis que ocuparam o Morro da Capelinha enfrentaram uma verdadeira provação. Quem decidiu acompanhar a celebração desde cedo enfrentou, pela manhã, um sol castigante. No início da tarde, um temporal caiu na região. Apesar da instabilidade climática, o público não arredou o pé do evento, que acabou por volta das 21h.

Com guarda-chuvas, lenços, cadeiras e muita água, os presentes se protegem das intempéries como podem. Para garantir uma vista privilegiada da via-sacra, a família Souza chegou ao local às 9h e se instalou em frente ao espaço onde termina a encenação. Todos os anos, eles ficam no mesmo lugar. “Ficamos aqui sempre por causa de uma promessa. Em 2018, estamos pedindo muita saúde e paz”, conta a empresária Josilene Sousa, 30 anos, que estava acompanhada dos pais José Augusto, 57, Josenilza, 51, e dos filhos Josias, 8, e Pablo, 7.

HUGO BARRETO/METRÓPOLES

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Chuva forte não desanimou os fiéis

A auxiliar de cozinha Alessandra dos Santos, 36, e a sobrinha Larissa Cavalcante, 17, comparecem à encenação há seis anos. Diante de Nossa Senhora de Aparecida, elas reservaram alguns minutos para reverenciar a padroeira do Brasil. “A via-sacra representa tudo para mim. Estou fazendo catequese e toda vez que eu venho me emociono e choro”, diz Larissa.

Com um irmão preso no Complexo Penitenciário da Papuda, Alessandra pediu à santa que interceda pelo parente. “Vim pedir proteção a ele lá na cadeia. É um período difícil, mas ele vai superar”.

Reforço na segurança
Para garantir a tranquilidade nas redondezas do Morro da Capelinha, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social mobilizou 450 servidores da PMDF, do Corpo de Bombeiros, do Departamento de Trânsito e da Polícia Civil.

Jornalista

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