Moradores do Sol Nascente dizem que os policiais atuavam na região como milícias
Pelo que tudo indica a operação Horus deflagrada nesta semana para combater a venda ilegal de terrenos em Sol Nascente, descobriu um grupo de milicianos que atuavam de forma estruturada na região, assim como acontecem em grandes cidades onde a milícia já tem tradição, como o Rio de Janeiro e São Paulo. No Distrito Federal, a situação não era diferente, ou seja, a milícia também atuava fazendo papel paralelo ao poder do Estado.
Foi o que a reportagem do portal Metrópoles descobriu ao ir ao Sol Nascente, um dia após a prisão de sete policiais militares envolvidos na grilagem de terra na região, e constatar dos próprios moradores que “os policiais agiam como donos de terrenos na região e, quando estavam em serviço, faziam patrulhas nas propriedades e expulsavam quem ocupava as áreas sem autorização deles”.
Uma moradora, que pediu sigilo, contou à reportagem que chegou a comprar um lote, em 2015, por R$ 40 mil. Porém, de acordo com ela, assim que ela começou a construir no terreno, foi impedida por um policial. “Quando comecei a levantar as paredes, um policial parou a viatura e me obrigou a sair. Por ele ser PM e como eu sabia que era terreno irregular, retirei os materiais e saí. Uma semana depois, soube que ele estava vendendo o terreno para outras pessoas.”
Conforme a reportagem pode constatar, os moradores estão se sentido coagidos pelos poder policial que atua na região. Segundo relatos, os policias atuam no Sol Nascente, não protegendo a população, mas sim, demarcando e ocupando espaços como se a região fosse uma propriedade particular de alguns policiais.
“Ou seja, entra polícia no Sol Nascente, sim, mas não nos sentimos seguros porque eles estão protegendo o que é deles, não a gente”, denunciou outra moradora que por questões de segurança também não quis revelar sua identidade.
A disputa de terras na região se tornou problemático e chamou a atenção do poder público. Segundo os moradores, a grilagem de terras parecia ser bastante rentável, pois havia por de trás das vendas, “gente de toda espécie”.
“Há muito dinheiro envolvido e eles protegem as propriedades. É normal ver esses PMs fazendo ronda nos lotes. Quem mora aqui sabe exatamente quais terrenos são de PMs. Eles sempre passam nos mesmos locais no fim da tarde”, disse a moradora.
Ontem, sete policiais militares foram presos e mais um funcionários da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) está sendo investigado.
Veja abaixo no nome dos policiais presos:
Agnaldo Figueiredo de Assis
Francisco Carlos da Silva Cardoso
Jair Dias Pereira
João Batista Firmo Ferreira (tio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro)
Jorge Alves dos Santos
José Deli Pereira da Gama
Paulo Henrique da Silva
Fotos: Blogs – Correio Braziliense