Oportunidades e inovação na economia do DF para 2025
Especialistas e empresários estão otimistas com o cenário para 2025. Novas possibilidades de atividades comerciais e aumento de poder aquisitivo dos servidores do GDF devem alavancar o setor
A regulamentação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), efetivada em outubro, e o reajuste salarial para servidores do Governo do Distrito Federal (GDF) são apontados por especialistas como fatores que vão beneficiar a economia local em 2025. O destaque é para os setores do comércio e serviços — os grandes pilares do PIB local —, além da economia criativa.
Coordenador do curso de economia do Centro Universitário Iesb, Riezo Almeida aponta que algumas variáveis econômicas ajudam os setores para 2025. “A taxa de juros Selic pode ficar estabilizada no ano que vem em 10% a 11% ao ano, a inflação tende a estabilizar e o PIB deve crescer entre 2% e 3%”, acrescenta o especialista.
Segundo ele, o cenário que está se desenhando para a economia do DF é relacionado à expansão das atividades em setores como tecnologia, turismo, serviços financeiros e economia criativa. “O empreendedorismo está surpreendendo, muitas startups estão sendo criadas, gerando novos empregos e circulando ainda mais recursos”, avalia. “O turismo de negócios e eventos também está crescendo, pois Brasília é um local estratégico para congressos e feiras. Há ainda um investimento na infraestrutura e no marketing, além de hospedagem, transporte e alimentação”, pontua Almeida.
Economista e professor do Ibmec, William Baghdassarian acrescenta que o setor público também pode ter um impacto muito grande. “O fato de terem uma renda muito alta faz com que a economia seja impactada de maneira expressiva”, explica. “O GDF negociou, nos últimos meses, um reajuste salarial significativo para esses servidores. Isso fará com que haja um aumento da renda disponível para que as pessoas possam consumir, o que puxa o PIB do DF para cima”, argumenta o professor.
- As empresárias Rosangela Ignowsky e Vanda Ribeiro querem expandir o brechó para outras regiões do DFArthur de Souza/CB
- Felipe Amaral e Ygor Brito criaram um ponto de multisserviços para otimizar tempo dos clientesMinervino Júnior/CB/D.A.Press
- Injeção de recursos do setor público, como reajustes ao funcionalismo, estimulam ainda mais consumo nos centros comerciaisKayo Magalhães/CB/D.A Press
Investimento
E não são apenas os especialistas da área que estão otimistas com a economia do DF. Representantes de entidades comerciais também têm boas expectativas para 2025. Sebastião Abritta, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF), comenta que o comércio está investindo na expansão dos negócios. “Com isso, entendo que, no DF, o consumidor continua forte, criando espaço para abertura de novas lojas e franquias que não existem por aqui”, observa. “Além disso, a regulamentação do PPCUB, que traz segurança jurídica para os empresários investirem, deve fazer com que a ‘mola propulsora’ da economia do DF, em 2025, continue sendo o comércio”, ressalta Abritta.
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire acredita que o ano de 2025, para economia, depende do que vai ser feito pelo governo federal. “Espera-se a redução de gastos e o equilíbrio das contas públicas, para reduzir a taxa de juros e não deixar a inflação descontrolada”, avalia. “Se isso ocorrer, de fato, estaremos criando condições para novos investimentos e melhora no consumo e na renda das famílias”, acrescenta Freire.
Tempo
O economista Riezo Almeida aponta que o diferencial, para quem quer empreender, está na diversificação e nos investimentos em infraestrutura para atender a demanda, trazendo uma base econômica mais sustentável. “Os impactos para 2025 sinalizam um aumento do otimismo desses empresários em relação aos seus negócios e à economia local”, comenta.
E foi pensando na diversificação que os empresários Ygor Brito, 37 anos, e Felipe Amaral, 35, ambos moradores da Asa Sul, montaram seu negócio há cerca de um ano, na 203 Norte. “Acredito muito no pilar da inovação, por isso decidi criar esse negócio. Como empresário, costumo não olhar muito para o que está acontecendo no mercado”, observa Brito. “Temos que ficar atentos, mas acredito que é preciso reinventar sempre. A pandemia veio aí para isso. É na crise que a gente costuma inovar”, opina.
Foi assim que surgiu a ideia do novo negócio. Um ponto de multisserviços, onde oferece barbearia e lava-jato. “Pensei numa proposta de economia de tempo. Eu, como cliente, sentia essa dor. Sendo empresário, tenho o tempo muito escasso e, sempre que ia cortar o cabelo, pensava que poderia estar fazendo outra coisa”, explica Brito. Ele conta que, em frente ao local onde costumava cortar o cabelo, tinha uma kombi que lavava carros e, toda vez que ia à barbearia, deixava o seu veículo para lavar. “Com isso, imaginei que uma ideia mais profissionalizada poderia se tornar um negócio, e foi assim que decidimos montar o espaço”, diz o empresário.
Felipe brinca que seu amigo não precisou convencê-lo muito a investir na nova empreitada. “O Ygor me apresentou o esboço inicial do que seria o negócio, gostei logo de cara, e começamos a pensar o que poderíamos fazer para incrementá-lo ainda mais”, pontua. “Inclusive, atendendo ao pedido das nossas clientes, criamos um espaço mulher, onde oferecemos serviço de manicure, serviços para o cabelo e depilação”, comenta Amaral.
Para 2025, os empresários pensam em inserir o negócio no mundo das franquias. “Só que, antes disso, queremos abrir nove unidades próprias, visando nos tornar um modelo em que a pessoa paga uma mensalidade e utiliza nossos serviços em qualquer uma das lojas”, detalha Ygor Brito. “Acredito que o ano que vem será melhor. Para quem é empresário, o primeiro passo é acreditar e temos fé que o nosso negócio é inovador e veio para revolucionar o mercado”, comenta Felipe Amaral.
Paixão
Assim como eles, a dupla de empresárias Vanda Ribeiro, 54, e Rosângela Ignowsky, 56, também está otimista. Elas comandam um brechó no Sudoeste, negócio que foi iniciado por Vanda há nove anos. “Comecei na varanda da minha casa e, pouco tempo depois da pandemia, vim para o ponto em que estamos atualmente”, diz Vanda. “O brechó sempre foi uma paixão, como consumidora. Só que, um dia, gostei de uma jaqueta, que vendia apenas com um lote de roupas. Comprei, revendi as outras peças e tirei um bom lucro. A partir daí, não parei mais”, detalha.
Rosângela conta que entrou no negócio pouco tempo depois. “Era cliente e, agora, estou trabalhando com ela. Nos conhecemos quando ela estava em outro ponto”, comenta. “Sempre visitava e comprava na loja. Um dia, surgiu a oportunidade de trabalhar com ela e acabamos nos unindo”, ressalta.
A ideia das empresárias para o ano que vem também está voltada para a expansão. “Montamos outra loja, que foi inaugurada há dois meses, e queremos nos manter sempre inovando e mantendo o estoque com as melhores peças”, afirma Rosângela. “Além disso, temos o pensamento de expandir para outras regiões do DF e a primeira que veio à cabeça foi Vicente Pires”, revela Vanda, dizendo que a escolha se deu por causa do movimento local. “Fui almoçar por lá uma vez e não consegui encontrar lugar para sentar. Isso chamou muito minha atenção.”
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