Pesquisa aponta que 60% das crianças do DF se alimentam expostas a telas
Só quem cuida de criança sabe da tranquilidade que é para dar comida aos pequenos enquanto eles se distraem assistindo a algum desenho. Tablet, celular ou televisão são algumas das tecnologias que chegaram com o propósito de ajudar na rotina, mas o uso excessivo pode causar transtornos e afetar o desenvolvimento saudável das crianças.
Uma pesquisa inédita do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) revelou que mais de 60% das crianças entre 3 e 6 anos estão expostas a telas enquanto se alimentam. Essa realidade vai na contramão do que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda. De acordo com o documento Menos Telas, Mais Saúde, “para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar 1 ou 2 horas antes de dormir”.
Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Francisca Lucena, o objetivo é ter conhecimento de como está o desenvolvimento das crianças no Distrito Federal. “Por meio dos dados obtidos, nós poderemos nos aprofundar para interpretá-los e traçar medidas e recomendações em políticas públicas para mitigar esse uso excessivo de telas”, revela.
O método da pesquisa realizada foi o de amostragem probabilística. Os funcionários do instituto aplicaram um questionário junto aos responsáveis pelas crianças de até 6 anos residentes no DF. Ao todo, foram entrevistados 1.952 cuidadores em quatro grupos de regiões administrativas do DF.
O estudo chegou à conclusão de que 62,3% das crianças de 3 anos, 68,7% das de 4 anos, 67,7% das de 5 anos e 68,8% das de 6 anos estão expostas às telas enquanto fazem alguma refeição. O resultado da pesquisa preocupa especialistas da área, que revelam os riscos de esse hábito afetar o desenvolvimento dos pequenos.
“Durante a alimentação, a criança perde o foco na comida e passa a se concentrar apenas na tela. Ela vai abrir a boca no automático sem prestar atenção no que come. Isso pode favorecer distúrbios alimentares, como obesidade e compulsão”, afirma a médica pediatra da rede pública de saúde Wanessa Pereira de Assis.
Para mais informações sobre o estudo, acesse o relatório completo e o sumário executivo.
Conexão parental
Para a especialista, além dos distúrbios cognitivos e comportamentais, o uso das tecnologias enquanto se alimenta pode prejudicar também o relacionamento parental da criança com a família.
“Quando está utilizando um celular, tablet ou TV, a criança perde o vínculo na hora da alimentação. O foco na alimentação cria esse relacionamento entre pais e filhos, para trocar informações e conversar. Além disso, é uma oportunidade para a própria criança aprender os hábitos alimentares olhando o que os pais estão comendo”, completa Wanessa Pereira de Assis.
Ciente dos riscos que o uso excessivo das telas pode acarretar, a tatuadora Sindy Brito, de 31 anos, foi rigorosa quando a filha, hoje com 10 anos, era mais nova. “Quando a Branca era pequena, a gente permitia que ela assistisse a alguns desenhos infantis na televisão. Mas telas nunca foram permitidas durante as refeições. A hora de comer é hora de prestar atenção, se concentrar no sabor da comida, além de ser um momento em família. Hoje ela já está acostumada e não pede celular nem tablet enquanto se alimenta”, revela.
Com informações da Agência Brasília
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