
Cresce o sonho de empreender
Entre 2012 e 2023, o número de jovens que largam a carteira assinada e apostam no próprio negócio cresceu 25,6%
O empreendedorismo jovem tem se consolidado como um motor de inovação e crescimento econômico no Brasil. Entre 2012 e 2023, o número de jovens que decidiram abrir seu próprio negócio cresceu 25,6%, segundo um estudo internacional apoiado pelo Sebrae. Além disso, 74,9% desses empreendedores possuem ensino médio ou superior completo, demonstrando um perfil mais qualificado e preparado para os desafios do mercado.
Mais do que uma tendência, esse movimento reflete uma mudança no comportamento das novas gerações, que buscam independência financeira e a realização de projetos inovadores. Setores como tecnologia, estética, alimentação e serviços digitais têm atraído esse novo perfil de empreendedor, caracterizado por sua disposição em transformar ideias em negócios reais.
Para o especialista em gestão empresarial e CEO da Essencial Consultoria Empresarial, Rafael Barreto, essa tendência é resultado da busca dos jovens por realização pessoal e autonomia. “Os jovens não querem mais a carteira assinada como única opção. Com tecnologia acessível e uma mudança de mentalidade, os jovens valorizam mais a liberdade e o propósito. Além disso, muitos já possuem uma formação empreendedora nas escolas, o que fortalece essa nova forma de pensar”, explica.
Apesar do aumento no número de jovens que decidem abrir sua própria empresa, o caminho do empreendedorismo não é fácil, ainda enfrenta barreiras significativas, como a falta de recursos financeiros, dificuldades no acesso a crédito, que são essenciais para o sucesso de qualquer novo negócio.
Entretanto, apesar do crescimento expressivo, o caminho do empreendedorismo jovem ainda é repleto de desafios. A falta de recursos financeiros e as dificuldades no acesso ao crédito representam barreiras significativas para quem está começando. “O empreendedorismo é impulsionado por uma combinação de inovação e desejo de transformar realidades. Porém, para ter sucesso, é essencial que eles invistam em capacitação e planejamento estratégico, com a ajuda de uma empresa de treinamentos”, explica André Minucci, mentor de empresários.
Gestores
Para superar esses obstáculos, os jovens precisam desenvolver habilidades, como gestão financeira, marketing e vendas, além de um planejamento estratégico sólido. “Embora a criatividade seja fundamental, os jovens empreendedores precisam desenvolver habilidades de gestão para garantir a sustentabilidade de seus negócios e enfrentar os desafios do mercado de forma eficaz”, complementa Minucci.
Além disso, o papel das redes de apoio tem se mostrado fundamental. Muitas vezes, os jovens empreendedores não sabem por onde começar ou como estruturar seu negócio de forma sólida. A falta de mentoria e de contatos qualificados no setor pode ser um dos maiores obstáculos, o que acaba atrasando o desenvolvimento do empreendimento. Isso destaca a importância de se investir em programas de capacitação e em espaços de troca de experiências que ajudem a superar desafios e a crescer profissionalmente.
Segundo o especialista, para que o Brasil continue a fortalecer sua base de empreendedores jovens, é essencial que o governo, empresas e instituições de ensino se unam para criar um ambiente favorável ao empreendedorismo. Isso inclui, por exemplo, a oferta de cursos de capacitação, incentivos fiscais para pequenas empresas e um maior acesso ao crédito, especialmente para quem está começando.
Faturamento
O faturamento dos pequenos negócios apresentou uma melhora significativa ao longo de 2024, conforme revela a pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, conduzida pelo Sebrae. O levantamento apontou que, em novembro, 32% dos empreendedores declararam ter registrado um aumento na receita em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado demonstra um avanço expressivo em relação a fevereiro do mesmo ano, quando apenas 23% dos empresários relataram crescimento no faturamento.
Além do aumento nas receitas, a pesquisa também revelou uma redução no percentual de pequenos negócios que enfrentaram queda no faturamento ao longo do ano. Em fevereiro de 2024, 43% dos empreendedores informaram ter registrado uma redução na receita, enquanto, em novembro, esse percentual caiu para 35%, evidenciando uma tendência de recuperação no setor.
Entre os setores que apresentaram melhor variação média no faturamento, destacamse Logística e Transporte, com crescimento de 7%; Indústria de Base Tecnológica, com crescimento de 5%; Pet Shops e Veterinários, com crescimento de 5%; Educação, com crescimento de 5%; e Serviços de Alimentação, com crescimento de 3%.
O avanço desses setores reflete, em parte, mudanças no comportamento do consumidor, investimentos em inovação e a crescente digitalização dos negócios. O segmento de logística e transporte, por exemplo, tem se beneficiado do aumento das vendas on-line e da maior demanda por serviços de entrega, enquanto a indústria de base tecnológica segue impulsionada pelo crescimento da adoção de soluções digitais em diversas áreas.
Por outro lado, alguns segmentos apresentaram variações médias negativas no faturamento, incluindo Moda, com queda de 8%; Oficinas e Peças Automobilísticas, com queda de 8%; e Serviços Pessoais, com queda de 7%. A retração no setor de moda pode estar associada às mudanças nos hábitos de consumo e à concorrência com grandes varejistas digitais.
Já o recuo nas oficinas e peças automobilísticas pode estar ligado ao aumento dos custos operacionais e à busca dos consumidores por alternativas mais econômicas na manutenção de veículos. Os serviços pessoais, por sua vez, ainda sentem os efeitos da reestruturação do mercado pós-pandemia, com mudanças na demanda por serviços, como salões de beleza e academias.
Desafios
Diante desse cenário, especialistas avaliam que a recuperação dos pequenos negócios deve continuar em 2025, impulsionada por fatores, como a digitalização das empresas, a melhoria no acesso ao crédito e o fortalecimento do consumo interno. No entanto, desafios, como a inflação e a necessidade de adaptação às novas exigências do mercado ainda se apresentam como obstáculos para alguns segmentos.
O levantamento do Sebrae reforça a importância do apoio a pequenas e médias empresas, que representam a maior parte dos empreendimentos no Brasil e desempenham um papel fundamental na geração de empregos e no desenvolvimento econômico. Com estratégias bem planejadas e a adoção de novas tecnologias, os pequenos negócios têm potencial para seguir crescendo e se consolidando no cenário econômico nacional.
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o resultado confirma o acerto das medidas econômicas do governo do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin. “No governo Lula, o empreendedorismo passou a ser uma política de Estado. Com isso, uma série de políticas públicas está sendo implementada, permitindo ampliar as oportunidades para os pequenos negócios”, explicou.
“O Sebrae atua em conjunto com essas ações no apoio aos empreendedores de todo país. Além disso, esses resultados foram alcançados devido às políticas econômicas que protegem a economia dos pequenos negócios. O resultado é mais inclusão e geração de empregos e renda”, afirmou Lima.
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